Marco Ramos, 34 anos, é o novo treinador da equipa de futebol feminino do Clube Atlético Ouriense, clube que vai disputar mais uma vez a Liga BPI. O treinador, que veio do Condeixa, regressa a uma casa que conhece bem tendo sido o responsável pela conquista da histórica “dobradinha” ao serviço do Ouriense, na época 2013/2014, quando se sagrou campeão nacional e conquistou a Taça de Portugal em futebol feminino, levando ainda a equipa à Liga dos Campeões Europeus.
Desde 2014, quando deixou o cargo de treinador da equipa feminina do Ouriense, Marco Ramos foi treinador adjunto dos seniores do Fátima, treinador principal dos seniores do Ouriense, treinou as equipas de juniores do Fátima e do União de Leiria, da seleção distrital de Leiria, e esteve na última época a orientar a equipa feminina do Condeixa, na Liga BPI.
Marco Ramos desde cedo que despertou para o futebol em Fátima, cidade onde nasceu, começando por apanha bolas, depois como jogador e também como treinador. O regresso do treinador Marco Ramos a Ourém é motivo de satisfação dos dirigentes do clube, tendo o presidente do Ouriense, José Luís, falado num treinador “carismático” e destacado as suas capacidades de trabalho.
mediotejo.net – Marco Ramos é o novo treinador do futebol feminino, e já tem história no clube…
José Luís – Sim, confirma-se, o Marco Ramos será o próximo treinador da equipa de futebol feminina para a época 2021/2022 da liga BPI, é um regresso que adorei. Era um objetivo meu, trazer o Marco Ramos para treinador, é um bom treinador, carismático, tem capacidades para muito mais, não tenho dúvidas nenhumas de o dizer, e devido aos factos que ocorreram anteriormente com a demissão do treinador que não contávamos, e sendo um objetivo meu trazer o Marco Ramos para o Atlético, mais rápido isso veio a acontecer, e felizmente que as coisas correram bem. Aquilo que eu posso prometer é trabalho, que é o mesmo que ele vai prometer, e tentar levar o clube o mais alto possível. Sabemos que a próxima época é mais ou menos nos mesmos moldes que este ano, não é um campeonato com as voltas todos juntos, é novamente um campeonato zona norte e sul, com 8 equipas em cada série, passam os 4 primeiros para a disputa de campeão e automaticamente manutenção, e os outros 4 de cada zona, aí farão um campeonato norte-sul misturadas. Sabemos que as dificuldades vão ser tremendas, pois vamos ter um Benfica e um Sporting que são eternos candidatos a serem campeões nacionais, depois temos um Marítimo que vai ser profissional, temos um Amora que vai ser profissional, e um Torreense que vai ser profissional, apoiados por SAD’S, com outras capacidades financeiras que lhes permite fazer isso. Nós vamos ser aqui um intruso neste tipo de competição, porque sabemos à partida que não temos as mesmas armas que os outros têm, mas pronto, com as jogadoras por nós escolhidas em conjunto com o treinador, vamos tentar fazer o máximo possível, tentando ficar logo nos 4 primeiros. Se o não conseguirmos vamos à luta para a manutenção e tentar apontar para o primeiro lugar da segunda fase, acho que temos equipa para isso.
Para evitar o sofrimento como aconteceu esta época, que foi até à última jornada…
Pois, é que nem foi até à última jornada, foi mesmo até ao último minuto, tivemos aqui um plantel um bocadinho curto, lá está, as tais restrições financeiras a isso obrigaram. Depois tivemos aqui o problema de lesões de jogadoras fundamentais, e isso fez-nos ter ali uns jogos complicados, sempre a perder por 1, a perder ao fim, e fizemos uma segunda volta fantástica, chegámos a estar em primeiro lugar na segunda volta durante largo tempo, mas depois aquela paragem de seis semanas matou-nos fisicamente, a equipa quebrou, e aí tivemos 4 jornadas sem pontuar. E depois digamos que o grupo se uniu novamente, e conseguimos ganhar os últimos jogos tanto ao Fófó (Clube Futebol Benfica), como ao Estoril e ao Amora que nos vieram catapultar novamente para o lugar que acho que era nosso por mérito. Isso aconteceu e aconteceu em casa do Amora, no último minuto, portanto nem foi à ultima jornada foi ao último minuto. Claro que isso nos deu um gozo fabuloso.
O Ouriense é um histórico do futebol feminino, prova cada vez mais competitiva. Marco Ramos deixou o Condeixa, equipa que levou à fase final este ano, e está também ligado umbilicalmente a um dos maiores feitos do Ouriense que é a conquista da dobradinha, campeonato Taça de Portugal de futebol feminino, esta conquistada em pleno Jamor…
Sim, e continua a ser o treinador e clube que, até este momento, até na Liga dos Campeões conseguiu passar a fase de grupos mas que morreu na 1ª eliminatória – mas morremos nós, morreu o Sporting e morreu o Braga – portanto todas as equipas que foram à Liga dos Campeões nunca conseguiram passar, portanto também ainda continua com esse mérito, de conseguir levar a equipa mais longe nas competições internacionais, e claro teve um ano em que fez a dobradinha, em que ganha o campeonato e a Taça.
Essas boas recordações e feitos são também o que se espera para a próxima época…
Nós esperamos, mas sabemos que isso dificilmente se consegue, como falei anteriormente, com os colossos que já existem no campeonato e que cada vez mais vão haver equipas femininas ligadas aos clubes que estão na primeira divisão, grande parte delas SAD’S, têm outras capacidades financeiras que nós não conseguimos ter, e aí a luta é desigual.
O Ouriense vai apostar no futebol de formação com vários escalões no futebol feminino?
Sim, um objetivo que já andávamos a estudar há algum tempo, vamos começar com a formação no futebol feminino, já temos um coordenador para essa área. Vamos ter equipa de iniciadas, juvenis e juniores. Temos sempre por objetivo que as jogadoras que jogam nas equipas mistas que tenham oportunidade de fazer o seu campeonato só na sua área do futebol feminino, sem ser em mistos, e vamos trabalhar isso também com o foco que as jogadoras que venham para o clube que tenham o objetivo de chegar à equipa sénior. Porque se nos rapazes isso acontece, também esperamos que isso venha a acontecer aqui.
E este ano as juniores de segundo ano e as que tiverem aptidões para isso, mesmo que de primeiro ano, vão fazer a pré-época com a equipa sénior. Portanto é uma forma de começarmos a alavancar e a dar oportunidade a jogadoras que há neste concelho e neste distrito que queiram vir jogar para o Clube Atlético Ouriense, que tenham o sonho de chegar lá acima, pois têm essa possibilidade, pois temos a equipa lá no topo do futebol feminino, portanto temos de começar por aí, para também criarmos mais alguma identidade com a jogadora portuguesa e a jogadora local, pois há uma manifesta falta de jogadoras que consiga competir a este nível que queiram vir para Ourém.
Pela nossa interiorização é muito difícil, o que nos obriga a ter sempre muitas jogadoras estrangeiras, porque aí elas vêm com a finalidade de jogarem, é o trabalho delas, e para onde for é para onde vão. E são bem tratadas, apesar da interiorização também há coisas boas, e uma delas é relação que temos com as jogadoras, há mais proximidade e afetividade do que teriam num clube de Lisboa ou Porto onde ninguém se conhece. Aqui há mais afetividade do clube, dos adeptos e gente da cidade, e isso é inequívoco.
