O Médio-Tejo está inserido numa região onde a Floresta tem grande significado na ocupação do território.
A Floresta nesta região, tal como em grande parte do Pais, foi evoluindo para grandes manchas de monocultura de pinheiro e eucalipto, com um crescimento desordenado na sua maioria, ocupando cada vez com maior expressão os antigos terrenos agrícolas agora abandonados, sendo a floresta autóctone de Quercíneas (carvalhos, azinheiras, sobreiros e carrasco) sujeita a um declínio preocupante.
Nos tempos mais recentes a praga do nématodo tem desequilibrado a cultura do pinheiro em benefício relativo do eucalipto, que é a espécie que maior implantação tem conseguido não só através das plantações industriais, mas também de forma dispersa pela mão dos pequenos proprietários.
Associada a uma forte presença humana, a floresta, é conhecida sobretudo pelo drama dos incêndios que a assolam no Verão, com graves prejuízos para o património natural e para a economia da região, mas também para as suas populações, na sua segurança e bens materiais.
Os incêndios acarretam também problemas secundários graves como a erosão do solo durante a época de chuvas e a possibilidade de ocorrência de cheias em determinadas áreas de risco.
No atual quadro de alterações climáticas em curso a situação tende a complicar-se com ocorrências catastróficas em função de fenómenos meteorológicos extremos como as ondas de calor e as chuvas com carater torrencial.
Numa perspetiva mais abrangente temos de estar atentos para os resultados divulgados pelos nossos investigadores em que chamam a atenção para a subida média da temperatura e para uma diminuição dos valores de precipitação.
Estamos perante cenários cujo efeito cumulativo deve merecer uma especial atenção no âmbito da definição das políticas públicas, e dos instrumentos de gestão territorial e apoio financeiro que lhes conferem real expressão no território.
Mais do que lamentar com base na análise dos factos com que estamos a ser confrontados, a situação exige respostas das entidades responsáveis e talvez um avaliar dos resultados de algumas medidas de política que nos últimos anos alteraram de forma incompreensível a gestão florestal. São disso exemplo: a suspensão do Plano Regional de Ordenamento Florestal do Ribatejo; a fragilização da organização dos serviços técnicos com base numa reestruturação ineficaz; o regime jurídico de arborização e rearborização; as opções de financiamento no âmbito dos fundos europeus para o desenvolvimento.
Estamos em tempo de avaliar e agir com a rapidez necessária.
Tal como alertava Al Gore na sua ‘Verdade Inconveniente’: “estamos quase a passar para lá da fase em que é possível remediar a situação, brevemente entraremos na fase das consequências.”