A Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória foi fundada a 30 de maio de 1930, numa Quinta-feira de Ascensão, data marcante para a Chamusca. A caminho do centenário, esta Filarmónica – a única do concelho –, tem conseguido ultrapassar muitos obstáculos. Cativar crianças e jovens para a música e avançar com as obras na sede são os dois grandes desafios para o futuro.
Passada a pior fase da pandemia, como é que a Filarmónica Carregueirense Vitória, prestes a comemorar 92 anos de história, se encontra nesta altura?
Já retomámos a nossa atividade normal e em força, porque neste momento, tendo em conta a libertação de todas estas restrições da pandemia, está tudo com vontade dos arraiais, das procissões, das próprias corridas de touros, o que também faz parte do nosso vasto trabalho. Tudo isso está a aparecer em grande força.
Portanto estão a preencher novamente a vossa agenda de atuações?
Sim, neste momento existem algumas contratações já feitas, outras que não conseguimos fazer porque acabam por ser para as mesmas datas, um sinal da grande procura dos serviços das bandas filarmónicas. Acho que é muito bom, é fruto dos dois anos em que estivemos parados, e agora aparecem imensas coisas para serem feitas. Aqueles dois anos de paragem realmente foram muito maus, porque toda a nossa atividade praticamente parou. A única coisa que conseguimos manter ativa foi a nossa escola de música, porque à semelhança daquilo que se passava nas escolas, com as aulas online, conseguimos essa atividade à distância, desde aulas de formação musical, de instrumentação, fez-se tudo online.

Aliás, conseguiram realizar um concerto online…
Exatamente, foi fantástica essa experiência. Na nossa página no Facebook, estávamos em casa e fizemos algumas gravações individuais que depois, através de um programa informático, conseguimos unir todas as gravações individuais e fizemos nomeadamente um ‘passodoble’, em tom de comemoração da Semana da Ascensão, em que a tauromaquia é muito forte. Fizemos um vídeo e também uma gravação de uma marcha fúnebre para assinalar a Sexta-feira Santa da nossa procissão. Foi assim, à distância, mas conseguimos fazer algumas coisas. Um dos maiores desafios logo que houve possibilidade após a pandemia foi gravar um CD, neste caso só com ‘passodobles’.
“Será um orgulho ver a Filarmónica chegar aos 100 anos”
Quantos músicos compõem atualmente a Filarmónica?
Neste momento somos 35 elementos.
Sentem falta de mais músicos?
Sim, porque é a quantidade de músicos que por vezes também faz a qualidade. É sempre necessário haver um bom número de músicos, porque as bandas filarmónicas vivem da boa vontade dos músicos de aparecerem, virem aos ensaios, participarem nos serviços, coisa que por vezes a nossa vida pessoal nos impossibilita, e quando a banda é numerosa essas ausências não se notam tanto. E é mais fácil conseguirmos manter a banda a atuar sem ter aquela preocupação de poderem falhar três ou quatro elementos, por exemplo.

E quanto a instrumentos, têm carências ou estão bem apetrechados?
Sim, felizmente estamos bem equipados porque muito antes da pandemia tivemos a possibilidade de adquirir alguns instrumentos novos e manter alguns que já estão com alguma idade mas que, com revisões, mantêm a qualidade. Neste momento temos instrumentos bons no ativo.
Em relação ao fardamento, houve recentemente uma renovação…
É verdade, foi antes da pandemia. Já havia essa necessidade e aproveitámos para mudar o fardamento. Com a ajuda do Município e da Junta de Freguesia conseguimos comprar fardamentos completos para todos. Foi fantástico.

Quais são então as principais dificuldades da Filarmónica?
De um modo geral, acaba por ser quase igual em todo o lado. Temos falta de novos alunos para a escola de música, que é o futuro e é o que dá continuidade à banda filarmónica. Estes dois anos que passámos teve algum impacto, mas penso que hoje em dia os miúdos têm muita coisa com que se entreter e muitas vezes as bandas filarmónicas acabam por ser algo que põem um pouco de parte.
Quantos frequentam a escola de música?
À volta de 20 alunos.
Em relação às vossas instalações, sabemos que estavam previstas obras, em que fase de encontra esse processo?
Já temos um projeto em andamento, falta-nos a parte das especialidades para podermos começar a pedir orçamentos e ver o que realmente é possível fazer ali, porque as nossas instalações já estão muito más. Estão a precisar de obras urgentemente.
São obras de conservação apenas ou também de ampliação?
Gostávamos que chegasse à parte da ampliação para se poderem criar outras condições, salas de estudo ou até salas de arrumação. Para já gostávamos de avançar com a remodelação, nomeadamente da parte do telhado, que está muito degradado, e depois sim investir na ampliação.
“É um enorme orgulho ser Presidente da Filarmónica”

Sentem uma responsabilidade acrescida pelo facto de serem a única banda filarmónica do concelho?
Em parte sim, porque que é algo que temos de manter, acarreta uma certa responsabilidade. Para mim, como Presidente da Banda, é um enorme orgulho.
Fundada em 1930, a Filarmónica caminha para a comemoração do centenário. Já têm essa data no horizonte?
Sim, já pensámos em algumas iniciativas, isto se atual Direção se mantiver até lá, e espero que sim. Gostávamos de fazer uma festa em grande, porque manter uma associação viva até aos 100 anos não é de todo fácil e tem de se dar o mérito a toda a gente que já passou. E quando digo toda a gente falo desde os músicos aos sócios, alguns que infelizmente já não estão, aos maestros e aos elementos que fizeram parte das anteriores direções. É um orgulho ver a filarmónica chegar aos 100 anos.
Para os próximos tempos, que atividades têm previstas?
Temos algumas corridas de touros e na Semana da Ascensão vamos ter também uma animação de rua, na tradicional entrada de touros de Quinta-feira da Ascensão. Temos também já algumas procissões marcadas, a participação nas marchas populares, que também é um evento forte aqui da nossa da nossa freguesia, e temos também outras festas, nomeadamente de freguesias do nosso concelho que já solicitaram os nossos serviços.
A história da Filarmónica Carregueirense Vitória
A Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória foi fundada a 30 de maio de 1930, numa Quinta-feira de Ascensão. Esta sociedade é composta por uma Banda Filarmónica com 35 elementos, jovens na sua grande maioria e apresenta-se nos dias de hoje dirigida pelo maestro Carlos Silva.
É uma Filarmónica que ao longo dos anos tem participado em diversos eventos festivos, desde corridas de touros, festas de carácter religioso, concertos entre outros espetáculos.
A SFIRCV tem feito uma aposta firme na escola de música de forma a responder aos desafios do futuro e a formar crianças, jovens e adultos na vertente musical, mas também como cidadãos ativos e participativos na sociedade.
- Em 1997 esteve presente na comemoração do dia Nacional de França, tendo efetuado espetáculos em Paris e Nevers.
- Em setembro de 1998, no Estádio da Luz, participou no concurso de Bandas para o qual foi convidada pela Direção do Sport Lisboa e Benfica.
- Deslocou-se em agosto de 1999 aos Açores, em intercâmbio com a Banda local.
- Ainda em 1990, gravação do primeiro CD.
- Em 2013 realizou espetáculos diversos incorporando cantores, dançarinos, entre outros, sendo de referenciar “Portugal Ó-I-Ó-Aí” e “Portugal Enamorado”.
- Em novembro de 2014 de salientar a 1a Edição do espetáculo “Bandeando”, um espetáculo de celebração da música e das Bandas Filarmónicas apresentado no Cine-Teatro da Chamusca.
- Em 2016 a SFIRCV foi premiada com o 3º Prémio da 3ª categoria no 6º Concurso Nacional de Bandas Filarmónicas do Ateneu Vila-franquense. Concorreu também à categoria da Tauromaquia executando o Pasodoble – “Palha Blanco”, no qual obteve uma excelente pontuação.
- Em 2017, e até à presente data, tem vindo a apresentar um ciclo de concertos temáticos, os “Concertos Promenade”.
- Em 2018 a SFIRCV abrilhantou pela primeira vez uma Corrida na Monumental Praça do Campo Pequeno. Ainda a nível das corridas de Touros de salientar a participação nas corridas nas localidades Santarém, Figueira da Foz, Cabeceiras de Basto e Casével.
- Recentemente em dezembro de 2021, gravou o segundo CD, só de ‘pasodobles’.
- A Filarmónica tem participado regularmente em eventos das autarquias locais, nomeadamente nas comemorações do 25 de Abril, 5 de outubro e na Semana da Ascensão, onde as corridas de touros são todas abrilhantadas pela Filarmónica.