Festival de Filosofia de Abrantes regressa com desafio para pensar as problemáticas do mundo atual. Foto arquivo: mediotejo.net

O objetivo é “refletir e debater em praça aberta sobre sustentabilidade e crise climática, enquanto ameaça à humanidade, mas também para a economia”, disse à Lusa Luís Correia Dias, vereador da Cultura da Câmara de Abrantes, tendo referido que “os desafios” do Festival passam por “convocar os cidadãos à reflexão e a marcar posição sobre as problemáticas do mundo atual”, assim como “incentivar e valorizar a reflexão crítica” na sociedade.

O evento, organizado pelo município de Abrantes, com o Alto Patrocínio do Presidente da República, vai levar nos três dias à Biblioteca Municipal António Botto “pensadores, académicos em vários domínios, investigadores das áreas do ambiente, energia, clima, mobilidade, ecologia, biólogos e sociólogos”.

“Obviamente que aquilo que queremos fazer com o Festival de Filosofia, já na sexta edição, é ajudar as pessoas a melhor pensar sobre temas e temáticas que são estruturantes ou fraturantes, afirmou Luís Dias.

“Este ano procurámos pegar em algo que tem sido muito debatido publicamente ao longo dos últimos anos. Ainda há muito pouco tempo o próprio Secretário-Geral da ONU falava do colapso climático. E começámos a pensar nas questões da sustentabilidade e da verdade que isso acarreta. E, sobretudo, das consequências inerentes de estarmos a desvalorizar o meio ambiente, e estarmos sempre a olhar o que é o PIB, a economia em detrimento daquilo que, se calhar, devia ser uma economia circular e regenerativa constante”, notou o autarca.

ÁUDIO | LUÍS CORREIA DIAS, VEREADOR DA CULTURA CM ABRANTES:

“Quinta, sexta e sábado estaremos a debater as questões de tudo. Como é que nós, em Portugal, como é que nós, em Abrantes, como é que nós, no Mundo, vamos tentando gerir os escassos recursos que temos? Porque até pela explosão demográfica fomos esvaziando e desequilibrando os nossos ecossistemas… E como é que de alguma forma podemos ir ajudando a definir políticas públicas e pequenas ações, até para os mais pequenos, não só pela questão da ética para os valores, mas sobretudo aqui o compromisso declarado sobre as questões do ambiente e sobre as questões da natureza. Não somos donos da natureza, nós fazemos parte dela, e precisamos de um novo contrato social que vá além de cada um dos países. Temos de ter uma ação muito mais concertada e haver aqui quase que uma política universal para a gestão do nosso planeta”, disse.

Luís Dias destacou a participação de uma “panóplia muito diversificada de especialistas nesta lógica do pensar a praça, pensar a cidade, pensar o mundo”, e de “ajudar a melhorar, com as conclusões que aqui possamos tirar, de tantos e tão bons participantes que vamos ter”.

As cidades de hoje, a sustentabilidade e as problemáticas do mundo atual são o mote para a sexta edição do Festival de Filosofia de Abrantes.. Foto arquivo: mediotejo.net

Com entrada livre, o Festival abre no Dia Mundial da Filosofia com a intervenção do presidente da Câmara Municipal, seguindo-se a conferência inaugural subordinada ao tema “Um novo contrato social para salvar o planeta”, que terá como orador Manuel Collares-Pereira, engenheiro eletrotécnico, investigador coordenador da Cátedra de Energias Renováveis, na Universidade de Évora, e fundador do Instituto Português de Energia Solar.

Fernando Carvalho Rodrigues, Viriato Soromenho-Marques, Alfredo Cunhal Sendim, Francisco Ferreira, Maria Amélia Martins-Loução, Filomena Amador, Gonçalo Cadilhe, Luís Amaral, Filipe Duarte Santos, Manuel Cândido Pimentel, Ana Patrícia Carreto, Margarida Fonseca, e Maria João Valente Rosa são alguns dos oradores que integram o Festival de Filosofia.

No sábado, dia 18, a conferência de encerramento abordará o tema “Pensar a Época do Antropoceno: Por que teremos de ir além da sustentabilidade”, tendo como orador Viriato Soromenho-Marques, professor catedrático na Universidade de Lisboa, membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia da Marinha, conselheiro especial da Fundação Oceano Azul, autor regular de comunicações nas áreas da filosofia, do ambiente e da União Europeia.

A par dos painéis, o programa inclui a realização de sessões de Filosofia para crianças das escolas e para o público em geral com Joana Rita Sousa, “filósofa, perguntóloga e mestre em filosofia para crianças”, oficinas sobre alimentação consciente, saudável e sustentável, com a Chef Cléo Martins, e uma feira do livro sobre filosofia.

“É um programa muito diversificado, sabemos que não é um projeto para massas, mas como dizia José Alberto Marques: «uma cidade só é grande se tiver acontecimentos pequenos». E este é um pequeno grande acontecimento para nós, que nos dá aqui também, não só algum elemento no que à política cultural diz respeito, mas é um festival em que continuamos a acreditar anualmente”, vincou Luís Dias, tendo indicado desde já o tema da edição de 2024.

“No próximo ano, por força das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, a temática vai incidir nas questões em torno da liberdade, da democracia, dos valores e da ética, por força de tão importante momento de afirmação da nossa democracia”, avançou.

Festival de Filosofia de Abrantes regressa para a sua 6ª edição, decorrendo durante três dias no auditório da Biblioteca Municipal António Botto. Foto: arquivo/CMA

O programa do Festival de Filosofia reserva anualmente uma conferência com jovens filósofos, oriundos dos vários estabelecimentos de ensino do concelho de Abrantes.

Durante os três dias, está disponível para visita na biblioteca a exposição “Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses: 30 anos de Biblioteca Municipal António Botto”. Por outro lado, as entradas serão gratuitas no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), Museu do Ano 2023.

FESTIVAL DE FILOSOFIA – ‘SUSTENTABILIDADE: VERDADE OU CONSEQUÊNCIAS’

PROGRAMA:

16 de novembro – DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA

14h00 – CERIMÓNIA DE ABERTURA

Presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos

CONFERÊNCIA INAUGURAL

Um novo contrato social para salvar o planeta

Orador: Manuel Collares-Pereira – Engenheiro eletrotécnico (IST- 1974) e Ph.D. em Física (Universidade de Chicago, 1979), com agregação (UNL). Foi investigador coordenador da Cátedra de Energias Renováveis, na Universidade de Évora. Foi fundador (em 2012) e depois presidente do Instituto Português de Energia Solar. Tem uma extensa obra de investigação em energia solar, como especialista em ótica e termodinâmica.

15h30- CONFERÊNCIA COM JOVENS FILÓSOFOS

Compromisso com o futuro

Moderação: Jornalista Patrícia Seixas

17h30 – COMPROMISSO ÉTICO COM O FUTURO: OUTRA FORMA DE VIVER E DE ESTAR

Temas e oradores:

Emergência climática, sustentabilidade e relação ontológica com a natureza

Manuel Cândido Pimentel – Filósofo, professor, poeta e ficcionista. É vice-presidente do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Foi professor da Universidade dos Açores e é atualmente professor associado da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, Coordenador da Área Científica de Filosofia da mesma Faculdade e membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa. É investigador integrado do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Universidade Católica Portuguesa. Tem orientado os seus interesses para a cultura filosófica portuguesa, luso-brasileira e hispano-americana, bem como para a ética, a ecologia, a filosofia da natureza e a teoria do conhecimento.

Transição energética e desafio ESG(Environmental, Social and Corporate Governance)

Ana Patrícia Carreto – É a responsável de sustentabilidade e economia circular da Endesa Generación, em Portugal, que é a empresa responsável pelo futuro projeto de produção de energia solar, eólica e hidrogénio verde, na antiga central do Pego, Abrantes. Diariamente, ela e a sua equipa, trabalham para a criação de valor partilhado no desenvolvimento socioeconómico da região, aliado ao desenvolvimento de parques renováveis.

Viver a trocar para ser feliz

Andresa Salgueiro – É psicopedagoga e Iniciou a sua atividade como psicopedagoga institucional na Cruz Vermelha, sendo mais tarde coordenadora de projetos sociais e, por fim, gestora na área da formação comportamental. Estando efetiva, decidiu despedir-se e viver durante 1 ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto, com 1111€ e trocas, no ano de 2011. Gostou tanto de trocar, que continuou a fazê-lo como forma de vida, na procura de uma vida mais humana e feliz, baseada em valores como: a confiança, o altruísmo e a partilha! Atualmente é mentora do projeto Believe in Portugal, que se destacou em Portugal e no estrangeiro, dando origem a mais de 40 feiras por todo o Portugal, uma loja de trocas, um programa de televisão e um livro à troca.

Moderação: Nelson Carvalho

21h30 – ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE

Temas e oradores:

Transição energética: impactes ambientais e sociais de projetos de energias renováveis

Margarida Fonseca – Licenciada em Engenharia do Ambiente pela Nova School of Science and Technology, com uma pós-graduação em Gestão Integrada de Sistemas – Ambiente, Segurança e Qualidade e mestre em Engenharia do Ambiente – Gestão e Sistemas Ambientais e com uma vasta experiência em direção e coordenação de estudos e projetos ambientais.

Alterações Climáticas: situação atual, desafios e soluções

Filipe Duarte Santos – Professor catedrático de Física jubilado, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e, em 2023, foi nomeado investigador honorário do Instituto de Ciências Sociais da mesma universidade. Licenciou-se em Ciências Geofísicas pela Universidade de Lisboa, em 1963, e doutorou-se em Física Nuclear Teórica pela Universidade de Londres, em 1968. É atualmente diretor do Programa de Doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, que envolve as universidades de Lisboa, Nova de Lisboa e East Anglia, no Reino Unido. É presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, funções para as quais foi designado pela Resolução do Conselho de Ministros. É vice-presidente da Classe de Ciências da Academia das Ciências.

Alterações climáticas: o hiperfacto face à evasiva política e à consciência passiva da humanidade

José Manuel Martins – Professor no Departamento de Filosofia da Universidade de Évora, ensina e investiga, entre outras, na área da estética, filosofia do cinema, filosofia da paisagem e da natureza. Dedica nos últimos anos uma feroz falta de entusiamo à observação da ausência de futuro, que os gráficos projetivos da ciência desenham (em vão) diante de nós.

Moderação: Paula Agudo

6ª feira – 17 novembro 2023

Biblioteca Municipal António Botto

17h30 – MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

Temas e oradores:

O papel da tecnologia na mobilidade sustentável

Luís Amaral – É licenciado em Engenharia Civil e mestre em Transportes, graus obtidos no Instituto Superior Técnico, e possui o MBA da Universidade Nova. Lecionou no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa como professor adjunto. Detém uma experiência profissional de mais de 30 anos em gestão de empreendimentos, sobretudo em projetos de infraestruturas de transportes. Durante alguns anos trabalhou também em planeamento de sistemas de transporte. Atualmente exerce funções no Metropolitano de Lisboa e é colunista ocasional no Jornal de Negócios, em temas da mobilidade.

Mobilidade (in)sustentável

Pedro Nunes – É coordenador do Grupo de Energia, Clima e Mobilidade, na ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com trabalho enquanto investigador pós-doc no Instituto Dom Luiz, em sistemas de energia, transportes e ambiente.

COMUNICAÇÃO LIVRE

O sentido global da bioética: uma proposta extraordinária

Margarida Amaral – Doutorada em Filosofia Contemporânea, pela Universidade de Lisboa, em 2011, é desde então Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. É membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa desde 2015 e investigadora do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa desde 2007. As suas principais áreas de investigação são Filosofia da Cultura, Filosofia Política e Filosofia Ambiental. É autora de várias publicações sobre Hannah Arendt. Leciona a disciplina de Filosofia no ensino secundário desde 1998.

Moderação: José António Almeida

21h30 –

(IN)SUSTENTÁVEL

Temas e oradores

Coesão e política numa Europa em constante sobressalto

Bruno Daniel Ferreira da Costa – Licenciado, mestre e doutor em Ciência Política, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, é Professor Auxiliar da Universidade da Beira Interior e Investigador Integrado do Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultura. É autor de vasta obra publicada, salientando-se a obra Quo Vadis Europa e a edição de dois livros internacionais. Em 2023 foi premiado com a Cátedra Jean Monnet, com o projeto “POLMEDIA_EU -sistemas políticos, participação política e media na UE”, participando ativamente em vários projetos de investigação internacionais. Nos últimos dois anos tem contribuído com comentário político regular na RTP3 e SIC Notícias, bem como na imprensa nacional e rádio.

A viagem, o turismo de massas e a Sustentabilidade

Gonçalo Cadilhe – Escritor, documentarista, surfista, fotógrafo. Viagens, biografias históricas, surf e encontros de vida, são os seus temas de eleição. Começou a viajar de forma profissional em 1991. Tem vários livros publicados e diversos documentários realizados para a RTP.

Alimentação Mediterrânica: um passo para a sustentabilidade

Elsa Lamy – Doutorada em Ciência Animal (2009) pela Universidade de Évora e mestre em Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar (2014) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Investigadora Auxiliar no MED (Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora), trabalha na área das determinantes biológicas do comportamento alimentar, com foco particular na perceção oral e bioquímica salivar. Tem particular interesse na compreensão das bases da aceitação e escolhas alimentares, particularmente no que diz respeito a dietas de base vegetal. É editora associada em jornais internacionais e coautora de dois livros, vários capítulos de livro e artigos em jornais indexados e revistos por pares [ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9370-1337].

Moderação: Cléo Martins

Sábado – 18 novembro 2023

10h30

INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

Temas e oradores

Educação para o Desenvolvimento Sustentável: a procura de um equilíbrio entre visões uniformitaristas e catastrofistas

Filomena Amador – Licenciada em Geologia pelo Ramo Educacional. Doutora em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidad Complutense de Madrid (1994), com equivalência a Doutora em Didática das Ciências pela Universidade de Aveiro. Foi professora universitária durante quase três décadas, com participação em centros de investigação das universidades do Porto e de Aveiro. Durante o referido período desenvolveu trabalho de pesquisa nos domínios da Educação em Ciências, Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Didática do eLearning e História da Ciência e Ensino das Ciências.

A Natureza ao serviço da aprendizagem e do desenvolvimento emocional

Ana Maria Pereira – Licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (2009) e com mestrado em Ecologia Ambiente e Território, pela mesma universidade (2011). Foi monitora em atividades de educação para a cidadania e ambiente, com crianças e jovens, entre 2011 e 2013. Formou-se em cuidados veterinários e treino canino, exercendo trabalho em modificação comportamental animal, desde 2012. Atualmente é membro da equipa do Setor de Conservação da Natureza e Educação Ambiental do Município de Lousada, estando responsável pela gestão do projeto VilarIntegra que visa a gestão florestal e dinamização do Programa Educativo da Mata de Vilar, uma floresta classificada como Florestal de Alto Valor de Conservação.

O contributo do ensino superior para o desenvolvimento sustentável

Filipe Rocha – Licenciado em Economia, exerceu funções de Chefe de Divisão de Planeamento, Gestão e Desenvolvimento (DPGD) da Universidade de Coimbra, entre janeiro de 2011 e março de 2023, com especial foco na área de planeamento estratégico e no apoio à tomada de decisão. Mais recentemente, tem vindo a acompanhar as questões relacionadas com a sustentabilidade, com a responsabilidade social e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, passando a desempenhar igualmente funções de coordenação do Gabinete para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Coimbra (GDS.UC) desde a sua criação, em novembro de 2021, até meados de 2023.

O jornalismo e a inspiração para a sustentabilidade

Inês Sequeira – Formada em Comunicação Social e Cultural, em 2015 ajudou a fundar a revista portuguesa Wilder, uma publicação online dedicada à natureza e à biodiversidade. Escreve sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projetos de conservação e de ciência cidadã, políticas ambientais e pessoas apaixonadas pelo mundo natural. Antes de chegar à Wilder, trabalhou na secção de Economia do jornal Público ao longo de 14 anos, lidando também aí com o tema da sustentabilidade, mas pelo ângulo das empresas e dos negócios.

Moderação: Hália Costa Santos

15h30 – ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E PERDA DE BIODIVERSIDADE

Temas e oradores

Restauro Ecológico: a verdade e Consequência

Maria Amélia Martins-Loução – Bióloga, professora catedrática aposentada de Ciências, Universidade de Lisboa, investigadora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Globais e presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia. Doutora em Biologia (1985) e agregada (1995) em Ecologia (Ulisboa), realizou mestrado (2014) em Comunicação de Ciência (UNova). Foi Diretora do Jardim Botânico de Lisboa (2003-2009), Presidente da Direção do Museu Nacional de História Natural (2004-2006) e Presidente do Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências (1998-2002). É, desde 2006, Académica Correspondente da Real Academia Nacional de Farmácia (Espanha), recebeu o Prémio Iberoamericano de Botánica, Prémio Cortes de Cadiz (2010), foi considerada uma das 100 Mulheres Cientistas Ciência Viva (2016) e recebeu o Grande Prémio Ciência Viva 2021.

Implicações e consequências da perda de biodiversidade no mundo dos insetos: casos de estudo

Paula Seixas de Oliveira – Docente do Departamento de Agronomia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde leciona diferentes unidades curriculares da área das Ciências Agrárias e Florestais. É licenciada em Engenharia Agrícola, mestre em Recursos Florestais e doutorada em Ciências Agrárias/Entomologia Florestal, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. É investigadora do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biologias (CITAD). Pertenceu à Comissão Nacional de Coordenação do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação. Exerce funções como Conselheira no Conselho Estratégico do Parque Natural do Alvão e integra a comissão de cogestão do Parque Natural do Alvão.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “Um pouco por toda a parte: a ecologia no século XXI”, de Maria Amélia Martins-Loução e Rúben Oliveira

Moderação: Mário Pissarra

17h30

Aperitivo no MIAA (Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes)

18h00 – SUSTENTABILIDADE DEMOGRÁFICA E COESÃO TERRITORIAL

Temas e oradores

Envelhecimento demográfico e longevidade: um investimento com futuro incerto

Maria João Valente Rosa – Doutorada, em 1993, em Sociologia (especialidade Demografia), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH- UNL), onde é professora auxiliar desde 1993 e investigadora integrada do Instituto Português de Relações Internacionais. Integra o Comité Consultivo Europeu de Estatística (ESAC) e o seu Conselho Executivo. Exerceu vários cargos públicos, entre os anos 2000 e 2009, nos ministérios da Educação e da Ciência. Dirigiu, de 2009 a 2019 (Fev.), a Pordata – Base de Dados de Portugal Contemporâneo, um projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Integrou o Conselho Superior de Estatística, de 2012 a 2022, na qualidade de membro de reconhecida reputação de mérito científico e independência. Autora e coautora de inúmeros estudos sobre a sociedade portuguesa contemporânea, envelhecimento demográfico e literacia em estatísticas.

COMUNICAÇÃO LIVRE

Do homem entrópico de Vitorino Nemésio ao homem sustentável de Kroptkine e Nash

Fernando Carvalho Rodrigues – É Professor Emérito no IADE – UEP Instituto de Arte, Design e Empresa. Membro da Academia de Ciências de Lisboa, Academia de Marinha, Sociedade Internacional de Astronáutica e Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão. Pertence ao Conselho Supremo da Sociedade Histórica de Portugal e é Membro Honorário da Associação Nacional dos Ópticos (ANO), assim como da União Profissional dos Ópticos- Optometristas (UPOOP). Foi bolseiro da Junta de Energia Nuclear (JEN), de 1967 a 1969. Nesse ano entrou para a JEN onde projetou e desenvolveu uma extensa lista de produtos e foi Investigador Coordenador. Com uma equipa de médicos aplicou, a partir de 1975, processamento de imagem a microscopia eletrónica e construiu modelos em computador tanto de vírus como de cristais que se formam em células hepáticas (Prémio Pfizer 1977).

Em 1983 negociou com a URSS e colegas do Instituto Nuclear homónimo de Moscovo, a instalação da Unidade de Radioesterilização de Produtos (3M$) do Laboratório de Física e Engenharia Nuclear, em Sacavém. Em 1999 concorreu e ficou Diretor do Programa de Ciência da NATO, tanto na Divisão   da Ciência pela Paz como, mais tarde, na Divisão   de Desafios e Ameaças Emergentes para a Segurança (1999-2012). Aí concebeu e levou a bom termo um programa de deteção de explosivos nos metropolitanos que mais tarde seria conhecido como Standex, envolvendo países da NATO e a Federação Russa, baseado na integração dos sistemas complexos (2007). Detém seis patentes.

Em   2012   ligou-se   mais   aprofundadamente   ao   IADE, onde   realiza   investigação   e é um dos fundadores do Centro de Investigação UNIDCOM (2000) e lecionou sobre   “Ciência para Designers: Lidando com o desconhecido”.

Foi-lhe atribuído o Prémio Pfizer (1977) e por duas vezes o Prémio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia, em 1978 e 1982. A Casa da Imprensa votou-o Cientista do Ano de 1989. Recebeu o Prémio Aboim Sande Lemos da Identidade Nacional, da SHIP (1990); o Prémio Boa Esperança (1991); foi personalidade Nacional do Ano de 1993, no Diário de Notícias. Tem o Prémio Albert   J. Meyer (1995), a medalha de Lavoisier (2013) e o Prémio Carreira Nacional de Ótica atribuído pela Associação Nacional dos Óticos (2014). Em 2023 a Confraria Ibérica do Tejo, pelo seu percurso de vida, concedeu-lhe o “Tributo de Carreira” daquela Instituição.

Em 25 de setembro 2023, foi agraciado pela Ministra da Ciência Tecnologia e Ensino Superior com a Medalha de Mérito Científico. É Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada (1992).

Moderação: Cláudia Nascimento

21h30 – (IM)PACTOS

A insustentável leveza das políticas e das ações

Francisco Ferreira – Professor associado no Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da NOVA School of Science and Technology  (FCT NOVA) e investigador do CENSE (Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade). Tem um significativo conjunto de publicações nas áreas da qualidade do ar, alterações climáticas e desenvolvimento sustentável. Foi presidente da Quercus de 1996 a 2001 e vice-presidente entre 2007 e 2011. Foi membro do Conselho Nacional da Água e do Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Atualmente é o presidente da “ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável”.

Os exemplos positivos da agroecologia ou agricultura regenerativa

Alfredo Cunhal Sendim – Agricultor e coordenador da Cooperativa de Usuários do Freixo do Meio. Nos últimos trinta anos a nova geração que retoma o desafio de gerir a propriedade agrícola monte da Herdade do Freixo do Meio, como um “Bem Comum” num modelo de interação com a comunidade e com a natureza. Elegeu a agroecologia como ética de gestão, regressando ao agroecossistema medieval do montado, como forma de abordar o presente e de construir o futuro.

Desenvolvimento regenerativo: cocriar a transição a partir da comunidade

Marta Cortegano – Engenheira florestal, mestre em gestão e conservação de recursos naturais e pós-graduada em ciências da sustentabilidade. Innovation broker do desenvolvimento local, coloca a sua energia na construção de estratégias colaborativas que visam impulsionar o potencial do interior rural e valorizar a abundância escondida de territórios aparentemente escassos de recursos. Dinamizadoras do processo Mértola – Laboratório do Futuro para a transição ecológica e adaptação climática.

Moderação: Francisco Lopes

CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO

Pensar a Época do Antropoceno: Por que teremos de ir além da sustentabilidade?

Viriato Soromenho-Marques – Professor catedrático de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, conselheiro especial da Fundação Oceano Azul e membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia da Marinha. Ativista ambiental desde 1978. Integrou o Conselho Económico e Social (1992-1996). Exerceu as funções de vice-presidente da Rede Europeia de Conselhos do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (EEAC), entre 2001 e 2006. Foi membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNADS) entre 1998 e 2019; foi coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente. Autor de mais de quatro centenas obras (entre as quais vinte livros) sobre temas filosóficos, ambientais e estratégicos. Mais dados biográficos podem ser encontrados em: www.viriatosoromenho-marques.com

EM PARALELO:

FILOSOFIA COM CRIANÇAS E FAMÍLIAS

Oficinas com Joana Rita Sousa

Biblioteca Municipal António Botto e MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte

Para crianças, com as escolas do concelho.

Para famílias, dia 18, 11h – até 12 participantes. Inscrições na Biblioteca Municipal, pelo telefone 241 330 100 (tecla 6, 2, 1) ou email servico.educativo@cm-abrantes.pt

ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE, SAUDÁVEL E SUSTENTÁVEL

Oficinas com Cléo Martins

Para crianças, com as escolas do concelho.

Para o público em geral, dia 22, 17h30 – até 20 participantes. Inscrições na Biblioteca Municipal, pelo telefone 241 330 100 (tecla 6, 2, 1) ou email servico.educativo@cm-abrantes.pt

EXPOSIÇÕES PATENTES NA BIBLIOTECA E NO MIAA com entrada livre durante o festival

Biblioteca Municipal António Botto

SE EU PUDESSE CONTAR-TE E TU ME OUVISSES: 30 ANOS DE BIBLIOTECA MUNICIPAL ANTÓNIO BOTTO

MIAA (Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes)

Exposições permanentes:

COLEÇÃO DE ARQUEOLOGIA E ARTE DO MIAA

PINTURA DE MARIA LUCÍLIA MOITA

Exposições temporárias:

DO ARQUIVO DO ACERVO (coletiva da Coleção Figueiredo Ribeiro)

MATILDE MARÇAL: IMPRESSÕES, LUGARES E COISAS

GIL TEIXEIRA LOPES: ÚLTIMOS QUADROS, 2011-2022

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Agência de Notícias de Portugal

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1 Comentário

  1. Gostaria de deixar à consideração de todos os conferencistas deste Festival de Filosofia de 2023, notavelmente focado na sustentabilidade, uma contradição significativa.
    Enquanto este importante festival decorre, uma obra da Câmara Municipal de Abrantes, sua patrocinadora, está a desvirtuar e canalizar uma das jóias naturais do concelho – a ribeira da Pucariça/Rio de Moinhos – e, assim, a comprometer o nosso futuro, a provocar a perda de biodiversidade, a ameaçar a sustentabilidade e a ajudar a destruir o planeta.
    Ao desnaturalizar e emparedar um dos recursos mais escassos do seu concelho, uma pequena ribeira com água corrente durante todo o ano e o seu ecossistema rico em biodiversidade, esta obra da Câmara Municipal de Abrantes está a promover um desastre ambiental e social irreversível.
    Por favor, tragam o tema da ribeira da Pucariça/Rio de Moinhos para a discussão. É um excelente exemplo de como um equilíbrio de séculos entre os nossos antepassados e a natureza pode ser destruído em poucos dias, à força de retroescavadoras, toneladas de plásticos, quilómetros de gabiões e inútil construção civil.
    Façam uma pequena visita ao vale da Pucariça e recordem, no futuro, uma ribeira serpenteante de água cristalina, de 2 metros de largura, que já não vai existir porque em seu lugar irá estar uma vala artificializada de 7 a 10 metros e, por isso, provavelmente seca.
    É fundamental que levantemos esta questão no Festival de Filosofia de Abrantes, edição de 2023, e discutamos a importância de preservar os nossos ecossistemas naturais, não apenas no planeta, mas também no nosso concelho.

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