O concelho de Ferreira do Zêzere ficou mais pobre com a morte de Adélia Silva Bimbas, no dia 25 de novembro, em Leiria. Era uma figura popular e acarinhada em todo o concelho pela sua atividade como comerciante, mas sobretudo pela sua dedicação ao associativismo e às atividades culturais em Ferreira do Zêzere.
A ela se deve o início das Marchas Populares em 1987. Durante mais de 30 anos dinamizou a marcha do Sport Clube local escrevendo a letra e a música e dirigindo os ensaios.
“Hoje, a nossa querida Adélia Bimbas, sócia n°4 do clube, partiu. Não há palavras que agradeçam tudo o que fez pelo nosso clube e pela nossa terra”, escreveu o Sport Clube na sua página no Facebook.
Noutra publicação, Vitor Silva recorda “a ilustre Ferreirense, figura ligada a várias iniciativas culturais da nossa terra, motivadora das primeiras marchas populares da nossa Vila, encenadora de teatro em várias associações, afeto ao Sport Clube e outras associações”.
Armando Cotrim, bibliotecário, blogger e atual Presidente da Junta de Freguesia de Ferreira do Zêzere, entrevistou-a várias vezes porque Adélia Bimbas, além de ter uma memória prodigiosa, teve um papel muito ativo na comunidade ferreirense no campo do associativismo, da cultura e das tradições.
Também Bruno Gomes, Presidente da Câmara Municipal, manifestou o seu pesar: “Foi com um grande sentimento de tristeza, que recebemos a notícia da partida da Dona Adélia Bimbas. Conhecida por todos pelo seu envolvimento na comunidade, integrou a Comissão de Honra da nossa candidatura. Obrigado!”
Hélio Antunes, ex-vereador da Cultura da Câmara, diz que Ferreira do Zêzere “perdeu uma defensora incansável do Associativismo e da Cultura”. Também encenador, Hélio Antunes lembra os “muitos projetos e iniciativas a que se dedicou de corpo e alma: Marchas de Santo António no concelho (da qual foi uma das principais pioneiras), teatro, música, coordenadora dos peditórios da liga contra o cancro, são apenas alguns exemplos”.
O ex-autarca, que com ela partilhou “muitas horas/anos de teatro na Frazoeira, já no outono da sua vida”, recorda-a com saudade: “Dizia-me que aprendia muito comigo e que por isso gostava. Mas eu também aprendi muito com ela. Era sempre a primeira a decorar o texto e fazia questão de preparar ela própria os seus adereços. Também escrevia canções e poemas, que tantas vezes tornava as peças ainda mais ricas.
O palco dava-lhe vida. Chegava normalmente cheia de maleitas e quase a “morrer” aos ensaios ou atuações, mas assim que vestia a personagem e subia ao palco, rejuvenescia. No fim, quando ia embora, já era uma outra Adélia, mais alegre e sem problemas”.
Hélio Antunes agradece a Adélia Bimbas, “por tudo o que fez e por tudo o que deu a este concelho. Com a intensidade da energia da D. Adélia, as estrelas do céu vão brilhar muito mais e vão transformar-se em holofotes que iluminarão as dezenas de espetáculos que irão passar a acontecer todas as noites por essa via láctea fora”.
Durante mais de 50 anos, Adélia explorou com o seu marido um espaço tradicional de comércio, misto de loja, café e taberna.
Numa das entrevistas que concedeu, dizia que conhecia quase toda a gente do Concelho por causa de ter o negócio da taberna e por ser uma pessoa muito extrovertida.
Adélia Bimbas, 88 anos, vai a sepultar neste sábado, dia 27, pelas 14h30, com as cerimónias fúnebres a decorrerem na igreja de Ferreira do Zêzere.