Público e atores deslocam-se ao longo de 3,5 km. Foto: António Freitas

Já desde 2015 que não se realizava numa altura em que a periodicidade de cinco em cinco anos foi quebrada devido à pandemia. Agora a proposta da Câmara é que o evento se passe a realizar de três em três anos.

“Vamos falar. A ideia é ter um espaço temporal menor. O nosso objetivo é que esta peça teatral acontecesse de três em três anos, vamos ver se assim é a vontade de todos, eu acredito que sim”, disse o presidente da Câmara ao mediotejo.net, minutos antes do início da representação.

Bruno Gomes enaltece sobretudo o envolvimento da comunidade ferreirense. “Esta tarde será uma grande tarde, de teatro, mas sobretudo de unidade de cerca de 200 ferreirenses, que nos proporcionarão um magnífico espetáculo”, disse o autarca, confiante de que seria “um dos melhores Cirius de sempre”.

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Conceição Godinho, diretora artística do evento, refere que a iniciativa “envolve a maior parte das associações do concelho, elementos que nunca representaram, gente do desporto, da música que vestiram com muito gosto o papel que estão a desempenhar”.

A responsável dizia ser aquele “um dia de amar, um dia de introspeção. É trazer Jesus Cristo aos dias de hoje. O que diria ele, quem seria o inimigo dele, a quem é que ele se juntaria”.

O palco são 3,5 km entre Paio Mendes e Dornes, ao longo de 14 cruzeiros. Sob um calor abrasador, atores e público iam-se hidratando conforme podiam ao longo do percurso. Uma oportunidade também para os espectadores contemplarem a beleza envolvente até à península de Dornes.

Como se de uma estafeta se tratasse, o grupo ia-se engrossando ao longo do percurso onde eram representados alguns aspetos da paixão de Cristo.

Os músicos das duas bandas filarmónicas do concelho ajudavam a criar essa atmosfera contemplativa, “numa experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo não só da Paixão de Cristo mas ainda da nossa própria existência; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta os valores de um dos maiores homens da história da humanidade”, conforme explicou a organização.

“Este foi um trabalho de longas semanas, um trabalho único, em que, de forma voluntária, as associações se uniram e se fundiram num todo: o concelho de Ferreira do Zêzere”, disse no final Conceição Godinho.

Centrado em Cristo, mas sem foco religioso, como faz questão de ressalvar a organização, a representação destaca valores como o Amor, a Amabilidade, o Respeito, a Honestidade, a Humildade e a Gratidão.

O Cirius é uma iniciativa com cerca de três décadas, que chegou a ser feita anualmente, passando depois a realizar-se de cinco em cinco anos. Já não acontecia desde 2015, devido à pandemia.

Impressionante é o envolvimento de toda a comunidade ferreirense do evento, que implica uma logística considerável que só é possível pelo forte investimento da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e pelo esforço coletivo de todas as associações envolvidas.

Os ensaios decorreram desde o início de julho, contando com encenação de Ana Paula Eusébio, apoio à encenação de Carlos Medeiros (teatro Tresmaisum), produção de Rui Mendes e produção artística de Conceição Godinho.

Este ano estiveram envolvidas mais associações do que o habitual, conjugando-se a experiência daqueles que participam há cerca de 30 anos na iniciativa, com a curiosidade e vontade daqueles que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de fazer parte deste momento único.

Os participantes eram oriundos das diversas associações de Ferreira do Zêzere: Associação Cultural, Desportiva e Recreativa do Chão da Serra, Associação de Marinheiros, Associação de Melhoramentos, Cultura e Recreio de Dornes, Associação de Pais de Ferreira do Zêzere, Associação de Trabalhadores do Município de Ferreira do Zêzere, Associação Recreativa e Filarmónica Frazoeirense, Casa do Povo de Ferreira do Zêzere, Centro Recreativo e Cultural de Carvalhais, Clube de Atletismo de Ferreira do Zêzere, Grupo Folclórico Juvenil e Infantil do Bêco de Santo Aleixo, Moto Clube de Ferreira do Zêzere, Rancho Folclórico da Alegria de Alqueidão S. Amaro, Rancho Folclórico e Etnográfico da Vila de Pias, Sociedade Filarmónica Ferreirense e Sport Club de Ferreira do Zêzere.

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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