Um dia antes de terminar o mandato, a Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere instalou uma barreira de estacas na estrada de acesso ao plano de água da albufeira de Castelo do Bode na praia fluvial da Bairrada, impedindo o acesso de viaturas e embarcações.
Segundo o edital afixado no local, “a colocação destas estacas de madeira foi solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente à Câmara Municipal com o objetivo de impedir o acesso de viaturas e embarcações ao plano da água”.
A estacaria foi colocada no dia 14 e logo surgiram comentários nas redes sociais contra e a favor da medida.
Por um lado, há moradores e banhistas que apoiam a medida tendo em conta o excesso de viaturas que estacionava e circulava na margem. Por outro, os proprietários das embarcações criticam por haver poucas alternativas de aceder à água e os automobilistas queixam-se de não haver lugares para estacionar.
O assunto já tinha sido abordado na reunião de Câmara do dia 28 de dezembro e logo aí suscitou polémica entre os eleitos do PSD e do PS.
Tudo começou com um relatório do Núcleo de Proteção Ambiental da GNR que dava conta de denúncias apresentadas por cidadãos à linha SOS Ambiente, sobre a utilização de forma abusiva na circulação de viaturas para colocar e retirar embarcações da água.
A GNR constatou que o local é frequentado por inúmeros banhistas no verão. Ao mesmo tempo, sendo uma zona de fácil acesso ao plano de água da albufeira, “é também muito utilizado, por cidadãos, para aí colocarem, barcos e motas de água, que segundo testemunhos, efetuam a sua navegação muito próximo das margens e com grandes velocidades colocando em perigo os banhistas que utilizam aquele espaço”.
No relatório ressalva-se que o local é interdito o acesso de embarcações motorizadas ao plano de água da Albufeira do Castelo de Bode, sendo que este acesso só é permitido através dos portos de recreio definidos no regulamento da Albufeira.
A GNR argumentava na altura que não é possível ter uma patrulha do seu Núcleo de Proteção Ambiental em permanência a impedir o acesso ao local por viaturas motorizadas.
Por isso, considerava “pertinente” que a Agência Portuguesa do Ambiente, conjuntamente com a Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e a Junta de Freguesia, “pudessem concertar medidas, de forma, a que o acesso às margens da albufeira fosse restringido fisicamente à circulação de viaturas, na zona de proteção da albufeira salvaguardando, as viaturas de socorro, conferindo uma maior segurança aos cidadãos que utilizam aquele local como praia fluvial”.
A Câmara acabou por aprovar colocar um sinal de trânsito proibido na estrada de acesso à praia fluvial e dois sinais de estacionamento proibido ao longo da estrada principal da localidade.
Mas, os dois vereadores da oposição (PS), Bruno Gomes e Orlando Patrício, atualmente Presidente e Vice-Presidente da Câmara, manifestaram a sua discordância em relação à proposta. Defendiam a construção de uma rampa de acesso para embarcações e a colocação de uma linha de boias na água para separar e proteger a zona balnear, salientando a importância do turismo.
O Presidente da Câmara à época, Jacinto Lopes (PSD), lembrou que o Plano de Ordenamento da Albufeira de Castelo do Bode está em fase de revisão e que a autarquia não tem competência para intervir na albufeira e nas suas margens.
