SPORT ABRANTES E BENFICA 1 – ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA FAZENDENSE 1 (4-5 gp)
Taça do Ribatejo de Seniores da AF Santarém – Final
Campo Chã das Padeiras, em Santarém – 05-06-2022
O campo Campo Chã das Padeiras em Santarém foi o palco escolhido para a final da edição de 2021/2022 da prova rainha da Associação de Futebol de Santarém (AFS), a Taça do Ribatejo. A Taça do Ribatejo que começou a ser disputada em 1977, sendo interrompida logo no ano seguinte, não se realizou em 2020 devido à pandemia e teve no Glória do Ribatejo o seu último vencedor.
A 44ª edição do troféu trouxe a esta final o estreante em finais Sport Abrantes e Benfica (SAB) que, pelo caminho, foi deixando Fátima, Vasco da Gama, Salvaterrense e Cartaxo. A equipa com maior número de vitórias, o Fazendense, eliminou o AREPA, o Benavente, o campeão deste ano, o Rio Maior, e o Amiense. O penta na Taça estava à distância de 90 minutos mas o Abrantes tinha ganas de fazer a festa…

Este troféu premiou o desempenho da Fazendense , como se disse, por quatro vezes, até ao dia da disputa desta final, tendo no quadro de honra, com três vitórias, quatro emblemas. A saber: Tramagal, Riachense, Amiense e Coruchense. O Fazendense, que queria chegar ao penta e conquistar o direito de disputar a Taça de Portugal, tinha pela frente um Abrantes muito organizado e que também queria fazer história.
Para a partida do Chã das Padeiras o Conselho de Arbitragem da AFS resolveu nomear o árbitro Rui Inácio. Rui Inácio, natural de Torres Novas e gestor de profissão, iniciou a sua carreira em 2011, levando, portanto,, doze épocas em atividade. Leva já seis anos nos quadros nacionais. Os auxiliares nomeados foram Francisco Pereira e Tiago Duarte. O quarto árbitro foi Paulo Raposo e o jovem árbitro, um prémio para debutantes, foi Francisco Santos.

Desde muito cedo que os autocarros, uns saindo de Abrantes, outros das Fazendas de Almeirim, começaram a convergir para a cidade capital do distrito. O jogo, pautado por rigorosas medidas de segurança, tinha hora marcada para as 11 horas, com transmissão televisiva no Canal 11. Os adeptos foram divididos pelas bancadas do Chã das Padeiras colorindo o estádio com as cores amarelo-negro do Fazendense e o rubro e branco do Benfica abrantino.
Apesar do comportamento distinto no campeonato em que a equipa almeirinense foi terceira e os abrantinos nonos, o jogo prometia equilíbrio e muita luta. Era difícil atribuir favoritismo a qualquer das duas equipas…

Quando Rui Inácio apitou para o começo da partida logo se verificou a vontade da equipa de Paulo Séninho tomar conta do jogo, procurando chegar cedo ao golo, diminuindo a ansiedade e obrigando o Fazendense a correr atrás do prejuízo.
Logo no minuto inicial Parreira assistiu Zé Pedro no centro da área que, procurando apoio no marcador direto, acabou no relvado. Reclamou-se grande penalidade por mão do defesa, que pareceu evidente, mas Rui Inácio decidiu-se por um pontapé do quarto de círculo. Os abrantinos estavam por cima no jogo e pertencia-lhe um maior tempo de posse de bola e a construção das melhores ações ofensivas. O Fazendense ia apostando na segurança defensiva.

Aos cinco minutos, numa reposição lateral, rapidamente executada, Miguel Séninho foi até à linha de fundo pela ala direita e cruzou à procura da cabeça de Zé Pedro. A defesa das Fazendas de Almeirim cedeu canto. Na conversão, um ligeiro desvio de cabeça de Diogo Mateus levou o esférico a passar muito perto do poste da baliza à guarda de Sardinha.
No nono minuto de jogo, os benfiquistas, na cobrança dum livre a meio campo, obrigaram o guarda redes Sardinha a subir mais alto que toda a gente e a agarrar com segurança. O Benfica de Abrantes procurava o golo que acabou por chegar ao décimo primeiro minuto de jogo.
Um cruzamento de Rui Sousa a partir da ala esquerda provocou alguma indefinição em Sardinha que deixou que o esférico passasse por ele. Pedro Damas, ao segundo poste, atirou a contar de nada valendo o esforço do guarda redes fazendense.

O objetivo primário da equipa de Abrantes estava alcançado. Agora competia à equipa de Zé Miguel Dias ir em busca do empate, podendo a equipa “encarnada” diminuir um pouco a intensidade colocada no jogo. Os “amarelos” começaram a desenhar algumas jogadas coletivas de bom efeito a que se opunha com sucesso a equipa de Paulo Séninho.
Ao quarto de hora de jogo um lançamento vertical para Bacalhau obrigou o guarda redes Canais a sair ao encontro do avançado. Bacalhau acabou no chão e a bola perdeu-se pelos fundos. Rui Inácio mandou bater canto quando se reclamava grande penalidade.

Depois de alguma acalmia, com largos minutos em registo de equilíbrio, Zé Pedro, poderoso, ganhou a linha de fundo pela ala direita e cruzou à procura de Damas em lance semelhante ao do golo.
A defesa do Fazendense afastou…
O minuto 25 ficou marcado pelo lance mais bonito do encontro que vinha a demonstrar muito rigor tático. Cláudio Tipote, jogador talentoso com passagem por Inglaterra e Estados Unidos, “tirou um coelho da cartola”… Com uma receção orientada com o pé esquerdo tirou o marcador direto da frente e, de fora da área, enviou com o pé direito um verdadeiro míssil à baliza do desamparado Canais que bem se estirou mas não evitou o golo do empate. Grande golo de Cláudio Tipote…

Este golo galvanizou a equipa do sul do distrito mas os abrantinos não desistiram de procurar o golo. Os alas continuavam a municiar as referências na área. Aos 29 minutos Rui Sousa, a partir da esquerda, assistiu Damas que rematou contra o guarda redes Sardinha, que não agarrou. Na emenda Damas rematou contra a cortina defensiva.
Já para lá da meia hora de jogo, Damas cruzou para a área onde Parreira deixou passar para Zé Pedro. A defesa estava atenta e “limpou” o lance. Na resposta Rodrigo Neves, numa rápida transição, rematou sobre a trave da baliza de Canais.
Aos 34 minutos nova bola parada voltou a dar uma possibilidade ao Fazendense de marcar. Na cobrança dum livre Conduto colocou ao segundo poste onde a defensiva dos abrantinos cedeu canto.

A resposta dos abrantinos demorou apenas três minutos através dum canto batido por Séninho. O capitão Toni subiu à área e cabeceou para defesa apertada de Sardinha. Reclamou-se que o guarda redes teria tirado o esférico de dentro da baliza e realmente também nos pareceu. Não foi o entendimento de Rui Inácio. Entendeu que não terá ultrapassado completamente a linha e mandou prosseguir.
Os últimos cinco minutos do primeiro tempo foi de grande pressão ofensiva da equipa das Fazendas de Almeirim. Uma cabeçada de Lorran na área foi inviabilizada por posição irregular. Em novo livre Canais foi obrigado a usar os punhos aos 42 minutos Mas o tempo esgotou-se com um livre para os benfiquistas. Seninho bateu para a cabeça de Zé Pedro. Perdeu-se pela linha de fundo. O tempo de descanso chegou com as equipas empatadas, um resultado aceitável apesar do ligeiro ascendente dos abrantinos.

Foi com entusiasmo redobrado dos adeptos de ambos os emblemas, incansáveis no seu apoio, que se partiu para os segundos 45 minutos. Com as equipas empatadas o tempo complementar prometia, no mínimo, ser emocionante. Numa altura em que a decisão balança entre ganhar e não perder as equipas adotaram a melhor forma de equilibrar as duas premissas.
A equipa de Abrantes voltou a entrar melhor e logo aos 50 minutos, Parreira, ainda com idade junior, que já havia dado nas vistas no primeiro tempo e acabaria por ser considerado o homem do jogo, fazia das suas, driblando, insistindo, ganhando ressaltos… O remate encontrou a barreira defensiva dos “amarelos”.
Pouco depois, uma jogada bem “desenhada” pelos abrantinos permitiu o remate de Zé Pedro ao lado.
Responderam os fazendenses com uma bola longa para a área que Canais recolheu com segurança.

As bolas paradas podiam ser decisivas para a resolução da final que obrigatoriamente teria de fazer história, ou a estreia abrantina ou o penta para as cores das Fazendas. Aos 56 minutos, na conversão dum livre, Rui Sousa levantou o esférico para a área e Zé Pedro cabeceou, de novo, com pouca pontaria. Passou perto…
Quase a chegar à hora de jogo o Fazendense poderia ter-se adiantado no marcador. Rodrigo Vieira Serviu Daniel Arraiolos que não foi rápido a decidir, permitindo a intervenção da defensiva abrantina. Na segunda vaga Arraiolos cabeceou ao lado da baliza de Canais.
Cumprida a hora na partida Parreira recebeu um cruzamento vindo da ala esquerda, ajeitou para o remate de Pedro Damas. Passou perto mas ao lado da baliza de Sardinha.

A resposta do Fazendense foi imediata e um livre, batido na direita do ataque, obrigou Zé Pedro, em tarefas defensivas, a afastar de cabeça. A segunda vaga era prometedora mas Pedro Gonçalves tirou para canto. Na sequência do mesmo, Diogo Oliveira rematou contra um colega, levando à saída do esférico.
Aos 65 minutos novo livre direto para o Abrantes permitiu a cobrança a Miguel Séninho. Bateu em jeito, fácil para Sardinha. Recuperado o esférico, Rui Sousa tentou um chapéu a Sardinha, sem sucesso. O guarda redes fazendense agarrou com segurança e lançou o contra golpe.
Numa transição muito rápida Rodrigo Vieira obrigou Canais a saída temerária que deixou Vieira KO. Aproveitou o brasileiro Lorran para tentar alvejar a baliza mas Canais voltou a estar a alto nível, defendendo com os pés o remate que levava o “selo” de golo.

O jogo estava muito repartido, com oportunidades para ambas as equipas, mas na verdade as defesas iam chegando para as “encomendas”. Aos 72 minutos, Daniel Arraiolos entrou com a bola dominada na área contrária e obrigou Toni a corte esforçado para canto. Na sequência, Tiago Mateus cabeceou para fora.
Dois minutos passados, quando os benfiquistas tentavam uma transição segura, uma situação confusa, com dois abrantinos no solo e trocas de abundantes “mimos” levou a intervenção “musculada da equipa de arbitragem. Acabou por “sobrar” para Zé Pedro que, empurrado ostensivamente por um adversário, foi quem pagou as “favas”, sendo-lhe exibida a cartolina amarela. Confuso…

Já a caminhar para o final da partida, aos 82 minutos, um enorme balão na área do Benfica permitiu a Lorran um “bonito”. Parou no pé, rodou e por pouco não marcou. Bom gesto técnico do possante jogador brasileiro! Já se jogava mais com o coração do que com a cabeça e o Fazendense, com a equipa refrescada por várias substituições, parecia melhor nesta fase do jogo.
O árbitro interrompeu uma sucessão de remates na área dos abrantinos por posição irregular dum avançado do Fazendense. Pouco depois foi Conduto a cair na “armadilha” do fora de jogo.

No último minuto do tempo regulamentar o Benfica de Abrantes poderia ter arrumado a questão. Numa assistência perfeita de Parreira, João Nogueira, entrado já no decorrer do complemento, rematou para defesa de Sardinha. Miguel Séninho tentou na recarga mas o remate ficou na cortina defensiva da equipa de Almeirim. Oportunidade soberana ao cair do pano.
Rui Inácio anunciou cinco minutos a título de compensação e, no segundo deles, Lorran tentou alvejar a baliza de Canais. Fraco, fácil para Canais. Pouco depois o árbitro deu o encontro como terminado e, sem prolongamento, a decisão teve de ser feita através de pontapés da marca de grande penalidade.

Lorran, Tiago Mateus, Runylson, Conduto e Diogo Oliveira marcaram para o Fazendas de Almeirim, tendo Miguel Mateus permitido a defesa de Canais. Para o Abrantes e Benfica marcaram Rui Sousa, João Pires, Pedro Damas e Miguel Séninho. João Nogueira falhou o seu penalti e na decisão dos nove metros Diogo Mateus permitiu a defesa de Sardinha, com uma boa estirada, dando ao Fazendense o seu quinto título na Taça do Ribatejo.
O palco da festa estava montado e foram os adeptos das Fazendas de Almeirim a festejar. Na sempre ingrata “lotaria” das penalidades a “fava” calhou aos abrantinos, que podiam ter vencido o jogo dentro dos 90 minutos.

Foi uma partida de elevada qualidade tática mas com pouco “perfume”, onde o jovem Parreira se evidenciou tendo sido distinguido, em votação dos Orgãos de Comunicação Social, como o “Homem do Jogo”. Um prémio merecido e consensual ao qual o mediotejo.net se associou.
Rui Inácio esteve bem nas decisões difíceis, não interferiu no resultado mas não teve um critério uniforme ao longo do jogo, criando contestação desnecessária. Disciplinarmente, as suas decisões estiveram longe de ser consensuais. Terá acusado a responsabilidade? Sabe fazer melhor e é um valor seguro da arbitragem distrital e nacional.
Sendo que qualquer das equipas poderia escrever uma página importante no futebol distrital os penaltis ditaram o Fazendense como o primeiro clube a chegar ao ambicionado penta nas 44 edições da Taça do Ribatejo, conquistando assim também o direito de representar o distrito na Taça de Portugal.

Ficha do Jogo:
SPORT ABRANTES E BENFICA:
Ricardo Canais, Miguel Catarino, Toni, Pedro Gonçalves, Diogo Mateus, Rui Sousa, Afonso Parreira, Pedro Damas, Francisco Salgueiro (João Nogueira) e Zé Pedro (João Pires).
Suplentes não utilizados: João Rosa, Guilherme Oliveira, Pedro Lopes, Manuel Vítor e Elísio Menezes.
Treinador: Paulo Séninho.

ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA FAZENDENSE:
Sardinha, Diogo Oliveira, Tiago Mateus, Rodrigo Neves, Runylson Cassamá, Bacalhau (Bruno Alcobia), Bruno Conduto, Daniel Arraiolos (Miguel Mateus), Cláudio Tipote (João Rosário), Rodrigo Vieira (Bernardo Colaço) e Lorran Jesus.
Suplentes não utilizados: Nuno Segurado, João Moreira e Bernardo Fernandes.
Treinador: Zé Miguel Dias.

GOLOS:
Pedro Damas (Abrantes) e Cláudio Tipote (Fazendense).
EQUIPA DE ARBITRAGEM:
Rui Inácio, Francisco Pereira e Tiago Duarte.
Paulo Raposo (4º árbitro) e Francisco Santos (árbitro jovem).

No final fomos ouvir ambos os responsáveis técnicos de ambas as equipas:
PAULO SÉNINHO (Abrantes):

ZÉ MIGUEL DIAS (Fazendense):

FOTOGALERIA:
*Com David Belém Pereira (multimédia).