Estamos a viver tempos extremamente difíceis, sem comparação na nossa memória coletiva. Tempos duros, muito duros mesmo, onde não cabem falsos e ilusórios otimismos. A realidade é dramática. Estamos preparados? Não, ninguém está suficientemente preparado para algo desta dimensão, a nossa capacidade perante a adversidade não é ilimitada. Vamos precisar das nossas melhores capacidades, ao mais alto nível.
Resiliência, nunca esta palavra, tão utilizada nos últimos tempos, assentou tão bem como nos dias que correm, não só no sentido que lhe é atribuído pela Psicologia: “ Capacidade de um indivíduo adaptar-se à mudança, lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações diversas sem entrar em surto emocional, psicológico ou físico, procurando soluções estratégicas para enfrentá-los”; como na sua utilização pela Física: ”Propriedade de um corpo recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.” Enquanto a primeira definição se aplica ao indivíduo em si, ou seja, a cada um de nós, a definição da Física encaixa perfeitamente na nossa sociedade, no eu coletivo. Estamos perante dois níveis, obviamente indissociáveis. Vamos ter de ser resilientes.
Estamos a travar uma batalha onde cada um de nós pode fazer muito mais do que normalmente é exigido. Passámos a desempenhar o papel principal ou, se quisermos, o de comandante de uma estratégia global contra um inimigo invisível.
Os dias não param, o tempo avança com uma estranha sensação de não sabermos o que fazer dele. Assim, é tempo de nos prepararmos, com não menor afinco, contra uma outra tragédia. Podemos correr o risco de pensar que para esta já estamos preparados. Já estamos, infelizmente, habituados. Falo-vos dos incêndios rurais. Arriscamo-nos, dentro de pouco tempo, a ter de travar várias batalhas, com inimigos diferentes, com os mesmos soldados. Estamos preparados? Não, mas vamos ter de nos preparar, custo o que custar, porque doer já dói!
Nem todos nós vamos conseguir vencer, alguns de nós ficarão pelo caminho. Quantos? Depende, em muito, de cada um de nós, do nosso comportamento, da nossa forma de estar, da mudança forçosa de hábitos, usos e costumes fortemente enraizados na nossa cultura, na nossa forma de vivermos em comunidade.
Sou um otimista por natureza, mas, atendendo às circunstâncias, não consigo mais do que isto. Nem o facto de estarmos na Quaresma, um dos momentos mais altos do calendário religioso, nos pode deixar menos preocupados. Não basta ter fé, não basta acreditar, é preciso muito, mas muito mais do isso, é preciso lutar!
Pelos nossos filhos, pelos nossos pais, pelos nossos avós, por todos nós!
Muito obrigada pelas suas palavras mas eu que sou uma pessoa muito otimista e com muita força e garra, neste momento estou com medo ou melhor apavorada não estou preparada para perder quem amo, não estou preparada para perder os meus amigos não quero é injusto.