Voluntários da Cruz Vermelha de Santarém estão na rotunda norte. Foto: mediotejo.net

Na rotunda norte, um dos maiores pontos de chegada de peregrinos a Fátima, encontra-se uma das três tendas da Cruz Vermelha, integrada no dispositivo de socorro para a peregrinação deste 13 de maio. Aí o mediotejo.net encontrou alguns dos elementos da estrutura operacional de Santarém que na quarta-feira, 10 de maio, ultimavam os preparativos para abrirem os seus serviços aos peregrinos. A visita do Papa, ficámos então a saber, fez aumentar este ano em cerca de 50% o número de voluntários para acompanhar a peregrinação. De toda o dispositivo presente da Cruz Vermelha, 70% são voluntários.

Nem sempre é fácil arranjar voluntários, admitiu o coordenador de emergência da estrutura operacional da Cruz Vermelha de Santarém, Fernando Fernandes, natural de Abrantes. “A questão do voluntariado está um pouco vulgarizada”, constatou, “qualquer pessoa pode fazer e há muitas instituições” para onde se pode prestar este serviço e, sobretudo, “sem a responsabilidade da vida”. Na Cruz Vermelha trabalha-se muitas vezes com a responsabilidade da vida. “Por isso é difícil (arranjar voluntários). As pessoas recorrem ao voluntariado para se sentirem úteis e aqui trabalhamos no fio da navalha. Há situações menores, mas outras mais complicadas”, explicou.

Margarida Marques (à esquerda) e mais duas colegas voluntárias do distrito de Santarém. Foto: mediotejo.net

Esta tenda na rotunda norte está dividida em três áreas: uma para os cuidados aos pés, outra para terapêutica e outra para emergência, com um espaço destinado a cirurgia. Fernando Fernandes recorda que a visita do Papa Bento XVI a Fátima, em 2010, foi quase como um 13 de maio normal. Este ano houve um aumento de cerca de 50% nos voluntários. “Terá sido devido ao Papa Francisco e a personalidade que ele tem demonstrado”, alvitra. “Felizmente este ano temos um corpo médico e de enfermeiros grande”, ao contrário de outros anos em que se registou mais dificuldade em captar profissionais. As pessoas “estão a deslocar-se em massa” a Fátima, tendo ajudado possivelmente a tolerância de ponto de 12 de maio.

Quem trabalha nos postos de socorro não vai ver o Papa. Com formação católica, Fernando Fernandes lamenta, “mas estamos a fazer um serviço público”. É a nona vez que acompanha uma peregrinação e o terceiro Papa que ajuda a receber em Fátima.

Num trabalho onde se tem a responsabilidade da vida, Fernando Fernandes constata que nem sempre é fácil haver voluntários. Foto: mediotejo.net

Do Entroncamento, com 22 anos, a enfermeira Margarida Marques não tem formação católica e faz voluntariado porque gosta de ajudar, sendo esta a primeira vez que vai estar a auxiliar os peregrinos diretamente em Fátima e não pelos postos espalhados pelos caminhos. “Acho importante estar lá. É importante perceber porque vieram e como chegaram aqui”, reflete. Durante estes momentos houve muitas histórias: situações de doença, problemas familiares, de trabalho, o nascimento de crianças.

Margarida Marques comenta que é necessário mudar a mentalidade das pessoas quanto ao voluntariado. “Acho que não vêm o voluntariado como algo necessário”, constata, “a vida está difícil e as pessoas apostam em algo que traga retorno monetário”. Muitas vezes é quando precisam, reflete, que se apercebem da importância do voluntariado.

O coordenador da operação da Cruz Vermelha, António Sousa, deixa algumas indicações para quem vem a pé. “Tenham o máximo de cuidado com o vento que se vai fazer sentir nas próximas horas e a chuva também”, alerta. Os tratamentos aos pés começam já a ser realizados e prevê-se um fim-de-semana de muito trabalho, com um total de 60 elementos da Cruz Vermelha nos postos da rotunda norte, rotunda sul e no parque 10. Encontram-se a prestar cuidados de enfermagem, fisioterapia e cuidados médicos para situações mais complicadas.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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