Nos arquivos da Companhia de Santa Teresa de Jesus foi recentemente encontrada uma carta, datada de 13 de maio de 1968, até agora desconhecida. Trata-se do testemunho de uma senhora de Santarém, que se tornaria religiosa na instituição, e que afirma ter assistido ao milagre do sol em Fátima, a 13 de outubro de 1917.
Esta religiosa, que assina Benedita Barrosa, foi aluna do Padre Formigão, um dos primeiros a interrogar os pastorinhos de Aljustrel e grande impulsionador de Fátima. As suas palavras revelam não só a forma como o povo se emocionou naquela época com os acontecimentos na Cova da Iria como também o interesse demonstrado logo à partida pelo clérigo em torno do fenómeno, com o relato de alguns interrogatórios que fez às crianças. Benedita descreve ainda um encontro pessoal que teve com a irmã Lúcia dos Santos.
Partilhamos com os nossos leitores as memórias desta religiosa, agradecendo à Irmã Antónia Monteiro Pereira a possibilidade de tornar pública esta missiva, no centenário dos eventos que marcaram de forma tão determinante a História do nosso país e, em particular, da freguesia de Fátima, então um lugarejo perdido no oeste do Médio Tejo.
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Arquivo da Companhia de Santa Teresa de Jesus, Portugal
O milagre de 13 de outubro de 1917 em Fátima, descrito e escrito pelo próprio punho duma testemunha ocular que mais tarde foi religiosa da Companhia de Santa Teresa de Jesus.
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Quando em 1917 se soube em Santarém, terra da minha naturalidade, a notícia das aparições de Fátima, recebia eu lições práticas de língua dadas por um sacerdote, o Padre Dr. Nunes Formigão, então professor do Liceu.
Este sacerdote, que foi depois o primeiro historiador das aparições, tomou grande interesse no caso e todos os dias 13 de cada mês se deslocava a Fátima interrogando minuciosamente as crianças depois de cada aparição. Nos dias seguintes, à hora da lição, o bom sacerdote relatava-me o que se tinha passado, lendo-me os apontamentos ainda a lápis e por corrigir que tinha obtido nos interrogatórios que ele fazia. Dêste modo fui seguindo e acompanhando o que se ia passando na Cova da Iria, apesar-de nunca lá ter ido e de o nome de Fátima ser até então completamente desconhecido.
Não me escondia este sacerdote as suas apreensões e as suas dúvidas acerca das aparições, mas afirmava-me sempre que as crianças não mentiam, que possuíam um grande segredo que não revelavam a ninguém nem com promessas nem com receio de castigos, e que afirmavam que no dia 13 de Outubro devia haver um grande sinal pelo qual todos se haviam de compenetrar da veracidade das aparições e faria com que todos nelas acreditassem. Porém, ao afirmar que as crianças não mentiam nem eram infalíveis, ao expôr-me as suas dúvidas, ele admitia a hipótese de poder haver em tudo aquilo alguma intervenção diabólica.
Lembro-me de que num dos interrogatórios as crianças lhe manifestaram que a aparição os mandava aprender a ler, e, como não havia escola nenhuma em Fátima, ele pôs essa objecção à mais velha perguntando como é que ela cumpria essas ordens, tendo-se a pequena calado sem saber o que responder. O certo é que, pouco depois, foi inesperadamente criado em Fátima um posto de ensino para o qual uma professora concorreu imediatamente. Este facto, assim como outros, faziam pensar o Dr. Nunes Formigão, o qual nos dias imediatos aos dias 13 abandonava comigo a lição para ambos comentarmos os acontecimentos.
Quando tudo, porém, parecia concorrer para afastar completamente a hipótese da intervenção diabólica, surge uma enorme dúvida e talvez a maior de todas as que até então se tinham apresentado. A vidente afirmava que no dia 13 de Outubro, dia marcado para o grande sinal, ela havia de ver a Senhora que aparecia sobre a azinheira, e havia de ver também a Senhora das Dores, a Senhora do Carmo e S. José com o Menino. Este caso das três Senhoras foi como um balde de água fria que caiu sobre nós.
– “Nossa Senhora é só uma – dizia-se – como aparecem agora três?!..
Começaram então muitas pessoas a desanimar e até os próprios sacerdotes começaram a rir-se do caso e, quando alguém falava em ir a Fátima, perguntavam:
“- Ah! Você também vai ver a procissão da côrte celestial?”
No entanto estas objecções, embora (deixassem) o Padre Dr. Nunes Formigão perplexo, não o impediam de se interessar cada vez mais pelo caso, dizendo sempre: “As crianças não mentem nem são infalíveis” e, embora admitisse a hipótese de haver intervenção diabólica, punha nisso uma grande dúvida. A afirmação de que no dia 13 de Outubro haveria um grande sinal para que todos acreditassem continuava a ser exposta pelas crianças, e, como Padre Dr.Formigão continuava afirmando que elas não mentiam, (pois podia afirmar pelos interrogatórios que lhes fazia separadamente) dei largas à minha curiosidade e animei-me a ir para ver o que haveria.
Calei-me muito calada para que se não rissem de mim nem me viessem perguntar se eu também ia ver a procissão da côrte celestial, combinei a ida com uma minha irmã, e escrevi para uma agência de transportes em Torres Novas perguntando quanto me levavam para mandar um carro à estação e levar-nos ao local das aparições, que nós nem sabíamos bem onde ficava visto que Fátima era então um nome absolutamente desconhecido. Pediram-me muito dinheiro, e ao mesmo tempo mandavam dizer que era o último carro disponível, embora faltasse ainda um mês. Nestas circunstâncias aceitei, e, quase em segredo, para evitar as mofas, procurei encontrar algumas senhoras que também quisessem ir, para assim entre todas o preço ficar mais acessível. Não foi difícil encontrá-las, mas, mesmo assim, o preço resultou ainda elevado para as nossas posses, e, por esse motivo eu dizia para minha irmã: – “Nós vamos. Se virmos alguma coisa, daremos graças a Deus, e, se não virmos nada, é um passeio que daremos, valendo mais o gasto nele do que numa doença grave… E lá fomos. Em todo o caso, como Sr. Padre Formigão dizia que poderia haver em tudo aquilo alguma intervenção diabólica, tratei de me prevenir com um frasquinho de água benta para o que pudesse acontecer.
Saímos de Torres Novas com o céu estrelado e nada fazia prever a mudança de tempo, mas, quando em Vila Nova de Ourém, depois de termos ouvido Missa, nos pusemos de novo a caminho, aí pelas 9 horas, começou o céu a cobrir-se de espessas núvens que se ennovelavam, e dentro em pouco começou a chover sem parar.
Era uma chuva miudinha e mansa a cair dum céu cinzento e uniforme, sem que qualquer vento a trouxesse, mas persistiu (…) que molhava até aos ossos, tanto que chegou a atravessar o próprio tejadilho do nosso carro e tivemos de nos defender com os xailes que tínhamos levado para nos abrigar durante a noite.
“Alguns momentos depois, comecei a ouvir dizer: ” – Vai aí uma das crianças!”. Cheia de curiosidade debrucei-me no carro e vi que a pequenita Jacinta era transportada ao colo de um homem, que a protegia da multidão, e passava mesmo rente a mim. Trazia um véuzinho branco que lhe caía sobre o vestido e na cabeça, a segurá-lo, uma grinalda de rosas pequeninas. Ao vê-la passar tão perto, perguntei-lhe: – “Olha lá, menina, e então o segredo?”. E ela conforme ia andando, voltou-se para mim e com a sua vozinha argentina de criança inocente, respondeu-me: “- O segredo não se pode descobrir.”
À medida que íamos avançando, a multidão dos veículos aumentava, acompanhados por inúmera gente a pé, que, completamente molhada e silenciosa, caminhava sem desanimar. Parecia que o avançar de uns animava os outros a seguirem também, de modo que, apesar da chuva incessante, ninguém recuava. Era gente de todas as condições sociais e de todas as idades, tanto homens como mulheres, gente do povo e da sociedade, cidadãos e camponeses, novos e velhos, estudantes e militares, senhoras vestidas à moda e mulheres humildes segurando com uma das mãos o guarda-chuva e com a outra a (…) da saia para não se enlamearem, etc, etc. Apenas se não viam sacerdotes, os quais prudentemente se tinham posto em expectativa, aguardando os acontecimentos.
Os veículos seguiam a passo, já para não atropelarem a multidão, já que a subida da estrada pela serra e a chuva ininterrupta impedia os animais de trotar, e, de tal modo iam aproximados uns dos outros que eu, na traseira do carro onde ia sentada, podia sem dificuldade acariciar as orelhas das mulas que puxavam o carro imediato. E tudo numa longa fila sem fim: eram breaks, trens, charrettes, carroças, bicicletas, motos, cavalos e burros com homens ou senhoras montadas sobre eles. Só não havia profusão de automóveis, porque o seu número não abundava como hoje, e os que havia eram apanágio de grandes ricos. A própria agência que nos proporcionou o carro em que eu ia, possuía apenas um camião tapado por cima mas aberto dos lados e com bancos atravessados que, apinhado de gente, também apareceu no local, e onde, ao lado das pessoas da melhor sociedade, se sentavam as mais humildes pessoas do povo.
Seriam umas 11,h 30m quando chegámos ao cimo da estrada, e o cocheiro apontou-nos o local das aparições onde se encontrava já uma multidão aglomerada e protegida por inúmeros guarda-chuvas. As senhoras que iam connosco no carro, como iam animadas de verdadeira fé, desceram do carro e foram para lá; mas eu, que só levava curiosidade, disse para minha irmã: ” – Olha, se o sinal vai ser no céu, é para que todos vejam. Também se há-de ver daqui, e portanto para que nos havemos de ir meter à chuva?”. E ficámos abrigadas dentro do carro a contemplar tudo aquilo, à espera do meio dia, hora a que estava anunciado o milagre. E, enquanto aguardávamos, vimos um pequeno fenómeno, a que os livros sobre as aparições se não costumam referir: uma nuvenzinha ténue que se levantava de vez em quando do chão e se desfazia depois acima das cabeças das pessoas. Alguns minutos depois, o mesmo fenómeno noutro sítio distinto, e assim repetidas vezes. Sei que outras pessoas também notaram o mesmo, porque tempos depois o vi referido num artigo dum jornal.
No entanto, o tempo ia passando: meio dia, meia hora, uma hora e… nada de anormal se verificava. Começavam então as pessoas a olhar umas para as outras desconfiadas e com um sorriso significativo que parecia admitir que se tivesse caído num logro. A multidão movimentava-se e algumas pessoas acertavam os binóculos, de que se tinham munido, e procuravam os lugares mais elevados donde mais facilmente pudessem observar o céu.
Nisto, de repente, à 1,h e 37m, que era o meio dia solar pela hora de então, notámos que toda aquela gente aglomerada ao longe, no local das aparições, fechava os guarda-chuvas, gritava, e se pôs a olhar para o Céu, para o local onde o sol estava encoberto pelas nuvens. Olhámos também e “!Oh! Céus!” o que então vi e senti ainda hoje me arrepia e enche de calafrios, apesar-de lá irem já tantos anos! As nuvens rasgaram-se repentinamente, apartando-se umas para um lado e outras para outro, como que a abrir uma passagem, caindo em turbilhões umas por cima das outras. Nem pareciam nuvens, nem sei bem explicar, era como se fosse uma enorme cascata de línguas em fecho de cores amareladas e com as pontas e contornos avermelhados, mas atirando-se verdadeiramente umas sobre as outras num verdadeiro desmoronar duma catástrofe, enquanto que o sol corria vertiginosamente girando sobre si mesmo, e dando a impressão de se desprender do horizonte e descendo vertiginosamente sobre nós.
Invadiu-me um autêntico sentimento de terror e tanto que eu me ajoelhei no carro toda compungida e apavorada a fazer o acto de contrição. Minha irmã tinha feito o mesmo, e creio que muitas outras pessoas teriam feito como nós, pois ouviam-se muitos gritos de pavor implorando misericórdia, uns ajoelhados, outros de pé, tirando instintivamente os chapéus, crentes e não crentes. A atmosfera tômou uma cor amarela. Muitos disseram ter visto várias côres no sol, mas eu, como me ajoelhei instintivamente para fazer o acto de contrição, não vi, e quando olhei novamente para o sol, já tudo se tinha normalizado, e o céu encontrava-se completamente limpo de núvens, vendo-se ao longe apenas uma um pouco comprida e muito estreita semelhando um traço horizontal.
O povo borbulhava então como formigas a quem tivessem destruído o formigueiro, uns para um lado, outros para outro, procurando os seus meios de transporte que os levassem às suas procedências, manifestando nos rostos uma alegria que entre todos se comunicava. Cantava-se o “Avé Maria” de Lourdes, era voz constante que a Senhora tinha dito que acabava a guerra, que os nossos soldados viriam para junto de suas famílias e que tinha recomendado a recitação do terço.
Alguns momentos depois, comecei a ouvir dizer: ” – Vai aí uma das crianças!”. Cheia de curiosidade debrucei-me no carro e vi que a pequenita Jacinta era transportada ao colo de um homem, que a protegia da multidão, e passava mesmo rente a mim. Trazia um véuzinho branco que lhe caía sobre o vestido e na cabeça, a segurá-lo, uma grinalda de rosas pequeninas. Ao vê-la passar tão perto, perguntei-lhe: ” – Olha lá, menina, e então o segredo?”. E ela conforme ia andando, voltou-se para mim e com a sua vozinha argentina de criança inocente, respondeu-me:
“- O segredo não se pode descobrir.”
Da mesma forma como todos tinham chegado, agora começavam a retirar, uns a pé, outros a cavalo, de bicicleta, ou carros, etc, etc, ansiando por chegar a suas terras onde cheios de alegria comunicariam o que tinham presenciado.
Se à ida se caminhava a passo, já por (…) da chuva, já devido à subida da estrada na serra, agora que o sol brilhava e a estrada descia, caminhava-se velozmente e tudo parecia participar da alegria que todos traziam no coração manifestada pelos cânticos a Nossa Senhora que pelo caminho se elevavam ao Céu.
Pelo meu lado, ansiava agora pela hora em que, falando com o Sr. Dr. Formigão, eu pudesse saber tudo o que se tinha passado e tudo o que poderia ter escapado à minha observação, assim como o que as crianças teriam dito nos interrogatórios que ele não deixaria de lhes fazer.
Por isso, assim que me foi possível, lá estava eu em casa daquele sacerdote que desta vez se apresentava com satisfação e tranquilidade, sorridente e como que aliviado dum fêro que o oprimia.
Disse-me então que as crianças tinham sido unânimes como sempre nas suas respostas. Que efectivamente a Senhora tinha dito que a guerra acabava, que os soldados viriam, que recomendara a recitação do terço e que era a Senhora do Rosário. Que a Lúcia tinha resolvido perfeitamente o problema das três Senhoras, porque lhe dissera a ele que tinha visto sobre a azinheira a Senhora do Rosário e que no sol tinha visto a Senhora de dois marpes. Como o Sr. Padre Formigão não compreendesse o sentido desta frase, interrogada por ele, explicou que tinha visto no sol a mesma senhora da azinheira mas com trajo roxo e como costumamos representar Nossa Senhora do Carmo, e tendo na mão umas coisinhas que lhe pareceram ser certamente o escapulário. Ou seja, a mesma Senhora sempre mas com três atitudes distintas. Estava de facto resolvido o problema.
Disse-me também que as crianças tinham visto ainda no sol S. José com o Menino, e Nosso Senhor abençoando o povo, mas que, quando Nosso Senhor apareceu, S. José e o Menino não estavam.
Relatou-me também as respostas obtidas nos respectivos interrogatórios deste dia, dos quais o mais interessante é a que se refere às perguntas feitas para averiguar a idade do Menino no intuito de se convencer de que as crianças eram unânimes nas suas afirmações.
Interrogando primeiro a Lúcia sobre a idade do Menino, ela respondeu:
– “Era pequenino”.
– Pequenino como quem? – perguntou o interrogador.
– “Era assim como a Deolinda do José das Neves.”
Perguntando depois a Jacinta:
– Que idade tinha o Menino?
– “Era pequenino” – foi a resposta.
– Pequenino como quem?
– “Era pequenino” – foi novamente a resposta.
– Mas olha lá, era pequenino assim como quem? Tu não conheces nenhuma dessas crianças com quem costumas brincar e que seja assim como ele?
Aqui a criança começou a mostrar-se um pouco aflita e embaraçada respondendo simplesmente: ” – Era pequenino.”
Então o sacerdote tendo pena dela, mas querendo certificar-se, disse-lhe: – “Olha lá, seria assim como a Deolinda do José das Neves?
A criança então, soltou um suspiro de alívio, e respondeu:
– “Era assim bem como a ela.”
Perguntando o sacerdote aos pais da Lúcia a idade que teria esta criança, responderam-lhe que teria cerca de um ano.
O Dr. Formigão, o primeiro historiador das aparições de Fátima, estava satisfeito, continuou as suas averiguações sobre tudo o que ia acontecendo, informava-se pessoalmente de todas as curas que se realizavam, algumas interessantíssimas mas cujo relato seria muito longo, e publicou, sob o pseudónimo de “Visconde de Montelo” as principais obras que vieram a lume sobre as aparições de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Há poucos anos ainda que Nossa Senhora o chamou para o Céu.
“!Oh! Céus!” o que então vi e senti ainda hoje me arrepia e enche de calafrios apesar-de lá irem já tantos anos! As núvens rasgaram-se repentinamente, apartando-se umas para um lado e outras para outro, como que a abrir uma passagem, caindo em turbilhões umas por cima das outras. Nem pareciam núvens, nem sei bem explicar, era como se fosse uma enorme cascata de línguas em fecho de cores amareladas e com as pontas e contornos avermelhados, mas atirando-se verdadeiramente umas sobre as outras num verdadeiro desmoronar duma catástrofe, enquanto que o sol corria vertiginosamente girando sobre si mesmo, e dando a impressão de se desprender do horizonte e descendo vertiginosamente sobre nós.
Um dia, depois de terem já acabado as minhas lições, mandou-me um recado a dizer que a Lúcia se encontrava de passagem em Santarém, e que se eu quisesse conhecê-la, fosse a casa dele. Fui logo, é claro, mas como minha mãe se encontrava de cama muito doente, pedi para a pequena vir a minha casa com o fim de dar a minha mãe o gosto de também a conhecer. Pudémos assim falar à vontade. Mas a pequena falava pouco, notando-se nela um grande equilíbrio, sensatez e prudência. Ofereci-lhe um santinho que trazia no meu livro de Missa, pedindo-lhe que rezasse por mim.
No dia seguinte encontrei-a à porta da Igreja e perguntei-lhe:
– “Então, tens rezado por mim?”
– “Tenho sim senhor” – foi a resposta.
E eu, simplesmente para a obrigar a dar-me uma reposta mais longa, disse-lhe:
– “Oh! Como é que tens rezado por mim, se nem sequer sabes o meu nome?”
– “Eu rezo por aquela senhora que me deu o santinho” foi a resposta então.
Despedimo-nos e nunca mais lhe falei.
Que também me lembrem nas suas orações os que lerem ou ouvirem ler esta narrativa que, por me ser pedido, eu escrevi em honra de Nossa Senhora, ao terminar o cinquentenário das aparições, e que ela sirva para que todos amem e honrem cada vez mais Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a quem ofereço este trabalho e cuja bênção e protecção imploro.
Braga, Noviciado Teresiano, 13 de Maio de 1968
Benedita do (…) Nome de Jesus da Piedade Barrosa