Escultor Fernando Crespo junto à escultura inaugurada em maio de 2017 Foto: mediotejo.net

Um coração gigante chamado “Francisco, o maior coração do mundo”, vermelho e com uma cruz de cada um dos lados, foi inaugurado na quarta-feira, 10 de maio, em Fátima. A escultura, com cerca de 12 metros de altura, em ferro e aço, da autoria de Fernando Crespo, é o contributo do município de Ourém para marcar o centenário das aparições. Pretende ser uma homenagem, esclareceu o autor, ao Papa Francisco, e terá sido custeada pelo próprio artista.

A obra tem dois segmentos que, juntos, representam um coração. Assente numa base de betão de “88 toneladas”, a escultura é “uma homenagem a um homem simples” e de uma “humanidade que é tocante”, sublinhou Fernando Crespo, durante a sessão de apresentação no largo junto ao Posto de Turismo de Fátima. A estrutura em aço conta com uma figura humana, em bronze, de cada um dos dois lados, que pode ser “um peregrino ou qualquer um de nós” e que caminha no coração em direção à “terra”, explanou, referindo que quis representar “o lado efémero da vida”.

Nas placas vermelhas há ainda uma cruz, “símbolo da Igreja Católica”, de onde desponta uma “ramificação que pode ser uma árvore ou veias”, simbolizando “a difusão de determinados princípios e de determinados valores”, explicou o escultor. “Procurei que fosse singelo e bonito”, contou Fernando Crespo, referindo que procurou, através de materiais inertes como o aço, “deixar um recado muito mais afetivo”.

Chuva marcou inauguração. Foto: mediotejo.net

Para o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, o coração gigante é “uma obra monumental que fica aqui como memorial de um acontecimento de alcance histórico-mundial, que é o Centenário das Aparições”. Na peça artística, o bispo encontra representado “o coração de uma mãe, que é o maior”, mas também o coração “grande dos filhos pequeninos, muito acolhedor, sem muros”, que depois os adultos por vezes constroem.

Também na escultura está “o coração do Papa Francisco”, um “coração grande” de uma pessoa que procura “deitar por terra os muros” que foram levantados, ao mesmo tempo que incita à criação de “pontes, de abraços, de afetos e de entendimentos”, sublinhou António Marto.

Já o presidente da Câmara, Paulo Fonseca, lembrou que a peça é o resultado de uma conversa com o escultor há bastante tempo, mas que o município não tinha condições económicas para a financiar. Por tal, chegou-se a acordo e o município ficou com a tutela, suportando os custos de implementação da obra, e Fernando Crespo os direitos de autor.

Questionado pela agência Lusa, o escultor afirmou que pagou “o custo da obra” e que “não houve mecenas”, apesar de ter sido referido em várias reuniões da Câmara de Ourém que a escultura tinha sido custeada a partir de mecenato. Fernando Crespo escusou-se ainda a revelar qual o valor total dos custos da escultura, ainda que nas mesmas reuniões camarárias se tenha avançado com um preço de 500 mil euros.

A escultura foi fabricada em Águeda, pela empresa “A Progressiva”.

C/LUSA

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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