Crianças da catequese de Fátima recriaram alguns dos momentos de 1917 Foto: mediotejo.net

Consegues contar o que se passou em Fátima? Como se chamavam os três pastorinhos? Quem é aquele senhor, todo vestido de branco, que visita a cidade em maio? As respostas dos mais pequenos circulam em torno dos episódios que acabaram de recriar ou assistir, quando a catequese de Fátima encenou alguns dos momentos da história desse longínquo ano de 1917 na Cova da Iria. A 18 de fevereiro, no adro da Igreja Matriz, ainda trajados com as vestes dos inícios do século, perguntámos à Eva, à Inês, ao Nuno, ao Gabriel, à Joana, à Márcia e à pequena Inês, crianças entre os 8 e os 10 anos presentes na iniciativa, se nos podiam narrar por palavras suas a história de Fátima.

Em 1917, Jacinta Marto tinha 7 anos, Francisco Marto 9 anos e Lúcia dos Santos 10 anos. Os três pastorinhos eram analfabetos e viviam isolados no interior de Portugal, tendo como função diária o pastoreio dos rebanhos dos pais. Ainda que a faixa etária seja a mesma, as crianças de Fátima vivem hoje num mundo em tudo diferente. O isolamento deu lugar a uma interioridade característica, ligada à “aldeia global” pela revolução digital. As aldeias circundantes a Fátima formaram uma cidade una, onde poucas memórias resistem do relevo acidentado, pedregoso, de mato rasteiro e serra que compunham o cenário de 1917. Há três escolas básicas e secundárias, dois centros escolares, ensino público e privado. Nenhuma criança em idade escolar passa os seus dias no pastoreio.

Ourém ainda é sede do concelho, mas o centro deste passou a ser Fátima, onde as multidões acorrem nas grandes datas de peregrinação. A tosca azinheira onde os pastorinhos viram Nossa Senhora é hoje uma capelinha e, junto dela, um enorme Santuário.

Para os mais novos, Fátima foram três pastorinhos a quem Nossa Senhora apareceu. Ninguém acreditou neles, chegaram inclusive a ser presos. No fim houve um milagre, mas dessa parte da história já poucos se recordam. Há um anjo, um poço, um “general” e um “padre”, que é o Papa, figura central desta narrativa. Pelo meio muitos sacrifícios e a promessa de rezarem o terço todos os dias. Lúcia, a mais velha dos três, foi a última a morrer. Em maio o Papa virá a Fátima, mas a razão da visita já é mais difícil de adiantar.

Em ano de centenário, este é o olhar das crianças de Fátima sobre a história que três outras crianças lhes deixaram.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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