A Feira da Ascensão é um dos cartões de visita da Chamusca. Por ocasião de mais uma edição desta festa ribatejana, o mediotejo.net dá a conhecer um pouco da história do concelho e das suas freguesias.
Diversos achados arqueológicos, comprovam que no mesmo local onde hoje está a aldeia de Vale de Cavalos existiu também uma povoação Lusitano-Romana há uns dois mil anos atrás. Chamava-se Trava e é, até ao momento, o mais antigo aglomerado populacional conhecido em toda a vasta área do atual concelho da Chamusca.
Em 1561, o Paul da Trava mantinha-se na posse Real do último Senhorio, o Infante D. Fernando. Durante a ocupação Castelhana, de 1580 a 1640, esteve na posse do Conde de Castelo Rodrigo, D. Cristóvão de Moura. Em 1649, no reinado de D. João IV, o rei deu posse ao administrador do Paul da Trava, o capitão Martim Corrêa da Silva. As ausências, tanto do senhorio em Espanha, como de Martim Corrêa, levaram ao descuido total do paul. O rei tomou assim a decisão de o integrar na Casa das Senhoras Rainhas, Casa que vigorou de 1643 a 1833.
Nas imediações da povoação, as terras do Paul de Trava, eram das mais férteis da Península Ibérica e foram intensamente exploradas, com excelentes resultados, ao longo dos séculos. De entre as culturas produzidas nas terras do campo, tem qualidade e tradição reconhecidas a vinha que, por ficar em terras da Rainha e produzir um vinho muito apreciado na Corte, escapou ao arranque das cepas do Ribatejo, decretado pelo Marquês de Pombal.

Há registos que remontam a 1379 relatando uma herança a Constança Peres do Cazal por falecimento de seu pai, senhor de Vila de Rei com Vale de Cavalos, Pero Esteves do Cazal, escudeiro real de D. Fernando I. Em 1402, D. João I confirma carta de privilégio a Fernando Gonçalves Çafom, nobre judeu. Em 1415 regista-se transmissão para Álvaro Fernandes de Carvalho, nobre influente na corte. No ano de 1462 confirma-se donatário o Doutor Rui Gomes Alvarenga, sucedendo-lhe já no final do séc.XV, Fernão de Melo.
No século XVI, Vila de Rei com Vale de Cavalos, incluindo o Paul da Ribeira de Vila de Rei, estavam instituídos como Morgados. Em 1561, D. Martinho Soares de Alarcão, alcaide-mor de Torres Vedras era o seu senhorio. O domínio dos Soares de Alarcão durou através de várias sucessões familiares até 1676. A Casa de Avintes administrou o Morgado até 1719, depois sucede-lhe a Casa de Lavre-Menezes até ao final do séc.XIX.

Em 1835 a freguesia de Vale de Cavalos consolida-se e é anexada ao concelho de Ulme. Com a extinção deste concelho faz-se a sua integração, em 1855, no concelho da Chamusca. Durante o período de 1867 a 1879 a freguesia de Vale de Cavalos é anexada pela freguesia da Chamusca. De 1880 até 1985 autonomiza-se e mantém os seus limites, incluindo o território onde nascerá a freguesia da Parreira.
Situada mais perto de Alpiarça do que da Chamusca e tendo muitas relações e muitas características em comum com a vila vizinha, foi uma terra disputada entre os dois concelhos, nos anos vinte. Ao pequeno município de Alpiarça, criado a seguir à implantação da República, por influência de José Relvas, conviria a anexação da extensa e rica Freguesia de Vale de Cavalos. Conseguiu-o de 1919 a 1926, mas a vontade manifestada pela população de pertencer ao concelho da Chamusca acabou por prevalecer. A data da reintegração, 2 de Setembro, passou a ser durante alguns anos feriado municipal.
A Freguesia, que até há poucos anos era a mais extensa do concelho, adquiriu a configuração atual em 1985, quando foi criada e destacada dela a Freguesia da Parreira. Continua a ser uma das maiores do concelho, com 11.900 hectares.
Retrato da freguesia
Localidades: Vale de Cavalos, Caniceira, Casal das Oliveiras, Vale da Lama e Quinta Nova.
Área: 120,05 Km²
População: 1.032 habitantes
BrasãoOrdenação heráldica: 16 de junho de 1997
Descrição: Escudo de verde, dois cavalos afrontados, alegres, empinados, espantados e ferrados de vermelho, o da dextra de ouro e o da sinistra de prata; em chefe, pomba voante de prata, aureolada de ouro; em campanha faixeta ondeada de prata e azul de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “VALE DE CAVALOS“.