A Feira da Ascensão é um dos cartões de visita da Chamusca. Por ocasião de mais uma edição desta festa ribatejana, o mediotejo.net dá a conhecer um pouco da história do concelho e das suas freguesias.
A Freguesia da Carregueira foi criada em 4 de outubro de 1985, por desanexação da então freguesia de Arripiado, sendo o motivo principal desta autonomia o seu desenvolvimento económico e social. Famosa pelos seus laranjais, a sua atividade económica centra-se na Agricultura, Construção Civil, Comércio, na Pequena Indústria e, mais recentemente, no Eco-Parque do Relvão, área industrial dedicada ao Ambiente, Resíduos e Energia.
Um pouco mais a norte da Carregueira fica a aldeia de Arripiado, pequena povoação situada na margem esquerda do Tejo com cerca de 400 habitantes.

À semelhança de grande parte dos nomes dos lugares, vilas e cidades, as lendas fazem parte do imaginário também aqui nesta freguesia.
Lenda de Carregueira
No tempo dos Romanos foi construída uma estrada com início no Castelo de Almourol que passava na ponte das Ferrarias (a ponte que passa por cima da ribeira do Arripiado) e no alto da Carregueira. Por essa estrada faziam-se transportes, principalmente dos produtos das olarias existentes junto à ponte. Diz-se que no lugar onde existe a freguesia de Carregueira, os Romanos viriam “carregar” algo. Ao longo do tempo, por força da mudança do discurso, as pessoas que referiam “vou carregar ao lugar… ” passaram a dizer ”vou à CARREGUEIRA”.
Lenda do Arripiado
Em quase tudo semelhante à Lenda dos Salgueiros, com origem na China, conta a lenda que durante as invasões Mouras habitaria no Castelo de Almourol um casal de Mouros, o Rei Baqui e a rainha Fata e a sua linda filha Ari. Um dia em passeio encontraram um robusto e bonito rapaz, Roderico, que ao olhar a formosa Ari, logo dela se enamorou, sendo correspondido. Ari estava destinada a casar com um seu tio muito velho e os seus pais proibiram-na de sair do Castelo. Para impedir uma fuga de Ari, “pearam-na” (“pear” significa prender alguém a outro objeto por uma corda na perna). Não desvanecendo o amor entre os dois, o pai de Ari mandou matar Roderico e Ari voou nas asas de uma pomba branca até à campa do seu amado, na margem do Rio Tejo. Como resultado desta lenda, a Ari peada veio a dar origem ao nome Aripiada que, com a evolução linguística ao longo dos tempos, resultou no nome ARRIPIADO, nome do lugar onde se encontrava a campa de Roderico.

Tem a palavra… Joel Nunes Marques, 38 anos, presidente da Junta de Freguesia desde 2009, eleito em representação do Partido Socialista.
Como descreve a sua freguesia?
A freguesia da Carregueira é um local perfeito para viver. Freguesia rural, que concilia ao seu património natural, o edificado, o emprego, a qualidade de vida e uma população com uma extraordinária capacidade de mobilização em prol do bem comum.
As aldeias do Arripiado e da Carregueira formam uma freguesia de grande dinamismo e com um potencial que a curto/médio prazo será reconhecido pela vanguarda, pela capacidade inovadora e por sermos uma comunidade preparada para os desafios que as aldeias e cidades terão que enfrentar no futuro.
Que limitações sente na gestão da Freguesia?
É do conhecimento geral a abrangência do quadro legal de atribuições e competências conferidas às Juntas de Freguesia, um Presidente de Junta para além do político que pensa e idealiza o seu território é obrigado a assumir áreas de trabalho que transbordam em muito a sua linha de actuação.
A nova figura administrativa de descentralização em Contratos e Acordos entre Municípios e Freguesias, embora resultem em maior celeridade e melhor eficácia, foram o trampolim para que uma das maiores dificuldades das Juntas de Freguesia saltasse à vista, a inexistência de apoio técnico à execução e na decisão é claramente a maior dificuldade que limita e desprotege os autarcas das freguesias.
O que é mais gratificante no cargo de Presidente?
Embora desempenhe essa função, um Presidente de Junta não é um técnico nem um administrador em comissão de serviço, é sim o líder, com visão e estratégia para representar a sua população, estando sempre atento aos múltiplos interesses presentes na comunidade, exercendo liderança com toda a carga simbólica, política, emocional e transcendental própria do cargo.
Para mim o mais estimulante para além do carácter oficial da função é o comprometimento político com a população, feito olhos nos olhos e o realismo da política presencial que só os autarcas das freguesias oferecem.
Complete a frase: não gostaria de terminar o seu mandato sem… concluir o trabalho iniciado há 9 anos de construção de uma comunidade mais preparada, mais resiliente, mais preocupada com o seu vizinho e ainda mais feliz.
Os modelos de governação das aldeias e cidades estão em constante mutação, muito mudaram desde a Carta de Atenas (datada de 1933, formalizando as teorias de planeamento urbanístico) que ao longo de décadas focaram as políticas locais na construção de modelos físicos.
A crise financeira da última década obrigou-nos à mudança e à criação de um novo modelo de governação, as arrumações dos espaços foram ficando para segundo plano e as políticas sociais foram ganhando escala, enquanto áreas preferenciais de actuação.
As alterações climáticas estabelecem claramente as futuras linhas de orientação da governação das aldeias e cidades, a descarbonização, a criação de comunidades mais resilientes e informadas, a economia circular e a criação de modelos próprios de proteção civil, são os novos desafios e tenho a certeza que a Freguesia da Carregueira está hoje preparada para o amanhã.

Retrato da freguesia
Localidades: Arripiado, Carregueira e Casal da Casta
Área: 98,7 Km²
População: 2.020 habitantes
Ordenação heráldica: 30 de janeiro de 1996
Descrição: Escudo de verde, uma lira de prata entre duas laranjas de ouro, folhadas do mesmo, acompanhada em ponta por meia roda dentada de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “CARREGUEIRA – CHAMUSCA“.