No dia 2 de maio os estudantes da Escola Dr. Manuel Fernandes juntaram-se no pátio e assinalaram os 43 anos da Make-A-Wish. Foto: mediotejo.net

No dia 2 de maio, estudantes e docentes deixaram as suas salas e, juntos, assinalaram e comemoraram o 43º aniversário da Make-A-Wish. Um flashmob ao som do hino da associação levou miúdos e graúdos a dançar e a contribuir para uma iniciativa em que a causa social é a mais importante.

A 3ª edição do “Move For Wish Kids” regressou este ano, desafiando a comunidade e as escolas a moverem-se, enquanto contribuem para a realização de desejos. Este ano, sob o mote “A Energia que nos Move” e com o apoio da EDP, a iniciativa regressou para assinalar o dia internacional da Make-A-Wish, também conhecido como World Wish Day, que se celebra anualmente a 29 de abril.

A missão da Make-A-Wish assenta na realização de desejos a crianças e jovens, entre os 3 e os 17 anos, em todo o território nacional, que estejam a passar por uma situação de doença grave, progressiva, degenerativa ou maligna, proporcionando-lhes, assim, um momento de força, alegria, mas acima de tudo de esperança.

A associação que apoia crianças e jovens lançou o desafio às escolas para que, entre 29 de abril (World Wish Day) e o dia 1 de junho (Dia Mundial da Criança), a comunidade escolar se una num movimento de promoção do bem-estar, da prática desportiva, da partilha de momentos de lazer, mas também de generosidade e solidariedade, levando a força, a alegria e a esperança aos que mais necessitam.

O corpo docente, à semelhança de anos anteriores, aceitou o desafio e preparou um flashmob que decorreu no átrio do edifício, ao som do hino da associação. Os alunos acederam e de dorsal colocado juntaram-se no átrio previamente decorado com elementos associados ao tema.

Para participar no “Move For Wish Kid”, a Make-A-Wish convida os elementos da comunidade educativa e vestir uma peça de roupa azul, a usar uma pulseira dos desejos alusiva à campanha e um dorsal onde partilhe o seu “Move” (talento).

Os materiais são previamente enviados para a escola, funcionando como elemento de sensibilização e de angariação de fundos para a realização dos desejos das crianças, dado que o conjunto da pulseira e do dorsal está associado a um donativo mínimo no valor de 1 euro.

No final da ação, as escolas recebem o impacto da sua atividade, sendo informadas dos desejos que vão ajudar a realizar às crianças e jovens Make-A-Wish.

Sónia Reis é professora de Educação Visual e Tecnológica e é uma das responsáveis pela iniciativa que envolveu a escola Dr. Manuel Fernandes. Para participar nas comemorações do aniversário da associação e de contribuir para a causa, a intenção passava por realizar um flashmob com recurso ao Método Ronnie Gardiner (RGM).

O RGM corresponde a um método de reabilitação, baseado no ritmo e na música, amplamente utilizado na Suécia desde 1993 e com disseminação a nível internacional desde 2009.

Sónia Reis foi uma das docentes responsáveis pela dinamização do flashmob. Foto: mediotejo.net

Trata-se de um método que combina, de uma forma lúdica, música e ritmo, movimento, fala e desafios cognitivos, a fim de melhorar funções cognitivas como a concentração, a memória de trabalho e a capacidade de execução de tarefas simultâneas, bem como as habilidades motoras, o equilíbrio e a fala. Também promove o controlo postural, ativa os níveis de energia corporal e é fonte de motivação, bom-humor e bem-estar.

“A intenção era fazer um flashmob com RGM, porque estamos num projeto inovador aqui na escola de RGM. É um método divertido, alegre, que trabalha a neuroplasticidade cerebral, a memória e a coordenação. Como a Make-A-Wish tinha a frase Qual é a energia que te move?, a nossa energia era a de levar alegria, esperança e amor (…) movendo-nos através do RGM”, explicou a docente.

Relativamente aos preparativos para a ação, a professora conta que demoraram algum tempo, uma vez que foi necessário realizar a decoração que, embora de pequena dimensão, se revelou essencial para passar a mensagem aos participantes.

“Relativamente às asas de borboleta, pensamos na borboleta como fazendo a metamorfose e aquilo que nós queríamos transmitir às crianças e jovens Make-A-Wish é que também eles vão ver os seus desejos concretizados, também vai existir essa metamorfose na vida deles e vai tudo melhorar”, sublinha Sónia Reis.

FOTOGALERIA

O contacto entre as escolas e a Make-A-Wish é pautado por dois momentos “auge”, em que as escolas são convidadas a participar de atividades e a contribuir para a causa, nomeadamente durante a quadra natalícia e no “World Wish Day”.

“No Natal as escolas são convidadas, caso queiram, a fazer uma decoração que depois entrará num concurso. No ano passado ganhámos o terceiro lugar, este ano não ganhámos mas a participação já é muito boa, porque foram mais de 200 escolas participantes”, revelou a professora de EVT.

ÁUDIO | Declarações de Sónia Reis ao mediotejo.net

Através do mote – “A energia que nos move” – Sónia Reis explica que se procurar criar “um movimento de poder das pessoas para transmitir algo positivo” a quem mais necessita. O mote deste ano era “A energia que nos move e tentámos criar este movimento de poder das pessoas a transmitir algo positivo a outras que estão a precisar”, explicitou Sónia.

“Atrás disto há a doação, as crianças e jovens doam 1 euro se quiserem, não é obrigatório, têm uma pulseira e é isto que nos liga (…). O ano passado doámos cerca de 600 e tal euros, que foi o que conseguimos fazer com o dinheiro angariado com as estrelas e nas pulseiras”, destaca a professora.

A dinamização do flashmob contou com um envolvimento “global” do corpo docente. “Acaba por haver um envolvimento de todos e se assim não fosse isto também não era possível hoje. O envolvimento é global, é de toda a escola e esta é uma escola que tem um cariz muito grande de solidariedade. Acolheu logo muito bem este projeto, portanto acho que é de louvar a iniciativa”, realçou Sónia Reis.

A missão da Make-A-Wish aliada ao Método Ronnie Gardiner (RGM)

Foto: mediotejo.net

Susana Coutinho é natural de Braga, mas reside atualmente nos Países Baixos. Mesmo há distância, a professora de RGM colaborou com a iniciativa. Ao mediotejo.net contou que mantém uma colaboração, desde o ano passado, com a professora Sónia Reis relativamente ao Método Ronnie Gardiner (RGM), projeto que considera ser “incrível para o desenvolvimento cerebral”.

“Fico muito feliz com estas iniciativas porque esta escola foi pioneira no método em Portugal, é única. É uma iniciativa maravilhosa, este trabalho e esta junção da Make-A-Wish com o RGM foi um trabalho excelente que a professora Sónia Reis fez e está de parabéns, assim como toda a escola”, salientou a docente.

Relativamente ao método, cujo objetivo é a estimulação cerebral, Susana Coutinho explica que se baseia em símbolos, que representam as extremidades do corpo e, através da audição, da visão e da voz é realizado um conjunto de símbolos ao ritmo da música.

“Esses símbolos são interpretados pelos dois lados do hemisfério cerebral. Ou seja, o nosso lado direito do cérebro dá instruções ao meu lado esquerdo do corpo. Se eu levantar a minha mão esquerda, é o meu lado direito do meu cérebro que dá essa ordem ao meu corpo e vice-versa”, explica.

Foto: mediotejo.net

Durante a iniciativa, os participantes realizaram um conjunto de símbolos em conjunto com o hino da associação. “Todos esses símbolos são feitos através do nosso cérebro e interpretados com movimentos corporais extremamente delicados e que fazem muito bem à nossa saúde. Fortalecem todas as nossas ligações do nosso cérebro, criando um maior equilíbrio, melhorando a nossa memória e criando um bem estar em geral”, acrescenta a docente.

O RGM procura criar efeitos ao nível do controlo motor, da aprendizagem motora, controlo postural e da neuroplasticidade. O método tem sido frequentemente utilizado como intervenção complementar em diferentes patologias como o Parkinson, a esclerose múltipla e no AVC, favorecendo a atividade promotora e um envelhecimento saudável.

ÁUDIO | Susana Coutinho, professora de RGM a residir nos Países Baixos

“Eu posso dar um exemplo. Há três anos atrás tive um aneurisma cerebral e perdi a minha memória, por completo. Felizmente já era professora de RGM desde 2018 (…) e treinei para mim própria. Sou um exemplo, melhorei, não tomo medicação, sinto-me impecável (…), graças a este método, daí a minha vontade de partilhar e trabalhar este método com outras pessoas”, contou Susana Coutinho.

Relativamente à iniciativa, a docente a residir nos Países Baixos mostrou-se “muito feliz”, esperando que esta “seja a primeira de muitas”.  “A Escola Básica e Secundária Dr. Manuel Fernandes é um exemplo a nível nacional, toda a envolvência da escola é espetacular. Estão de parabéns”, concluiu.

Jéssica Filipe

Atualmente a frequentar o Mestrado em Jornalismo na Universidade da Beira Interior. Apaixonada pelas letras e pela escrita, cedo descobri no Jornalismo a minha grande paixão.

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