Que tal uma visita à Broadway para conhecer musicais inesquecíveis como Cats, My Fair Lady, West Side Story, Les Miserábles ou Mamma Mia!? Não é necessário ir aos Estados Unidos, nem bilhete, pois a avenida de Nova Iorque vem gratuitamente ao Centro Cultural do Entroncamento no novo espetáculo da Associação Concórdia Música. Fomos conhecer os pormenores da viagem agendada para este sábado, dia 12, que promete ser mais do que um concerto.
Broadway é sinónimo de teatros e musicais famosos. Um sem fim de espetáculos cuja fama saiu da avenida de Nova Iorque e deu a volta ao mundo sem esquecer o ponto de partida. Antes de seguirem para as telas de cinema ou vindas de lá e de livros, por ali passaram as personagens de My Fair Lady, The Sound of Music, The Phantom of the Opera, Les Misérables, Mamma Mia!, West Side Story, Show Poet, Cats, The Lion King ou Frozen.
As mesmas que em breve vão pisar o palco do Centro Cultural do Entroncamento durante a nova produção da Associação Concórdia Música, com direção artística do maestro Miguel Galhofo, em coprodução com o maestro Pedro Correia. Conversámos com ambos e o presidente da associação, Fernando Soares, no Edifício da Academia do Saber, onde o grupo se encontra regularmente desde maio de 2017.

Foi na sala de ensaios que conhecemos alguns pormenores do espetáculo marcado para as 21h00 deste sábado. Apesar de se chamar “Broadway in Concert”, depressa percebemos que será muito mais do que uma viagem musical pois foi idealizada por quem gosta de desafios e propostas culturais diferenciadoras. Falamos dos “guias” (artísticos e institucionais) e também dos que a materializam através da voz… e não só.
Miguel Galhofo refere o “brilho no olhar” e o “entusiasmo” dos coralistas quando, em setembro do ano passado, tiveram conhecimento do novo projeto. Entusiasmo esse que Fernando Soares diz ser contagiante para a Direção, fazendo “esquecer um pouco as dificuldades” com que as associações se deparam atualmente. A Concórdia Música não é exceção, contudo, a originalidade dos novos projetos, destaca, “motiva-nos e mobiliza-nos”.
Pedro Correia acrescenta que não se trata de “um concerto coral clássico em que o coro entra, canta e vai-se embora. Isto já é um show coral”. Os sons mais convencionais e as “Óperas e Napolitanas” com que a Concórdia Música já presenteou o público em espetáculos anteriores não fazem parte do repertório. Outra novidade são as “revelações” de alguns elementos da Concórdia Música em palco.

Os adereços, por sua vez, vão além das capas com as pautas musicais e dos copos e taças tibetanas de cristal que marcaram atuações associadas a datas simbólicas, como o Natal ou o primeiro aniversário da associação. Não descobrimos tudo, mas a roupa vai ser diferente, haverá haver “brilho” e “cor”, sem esquecer a máscara branca de The Phantom of the Opera.
“Broadway in Concert” promete ser um momento musical envolto por um ambiente cénico pensado para surpreender enquanto as cerca de 50 vozes interpretam temas intemporais. Pedro Correia destaca que o grupo tem crescido e mantido a heterogeneidade ao nível das faixas etárias, aos quais acrescenta o “fenómeno” de reunir pessoas do Entroncamento, concelhos vizinhos e fora da região.
Nos ensaios semanais encontram-se vozes oriundas de ruas próximas na cidade ferroviária, Vila Nova da Barquinha, Tomar, Torres Novas, Golegã, da Chamusca, Alpiarça e outras. Juntas vão proporcionar a viagem com duração superior a uma hora, que inclui solos e medleys com mais de 10 minutos, e com a responsabilidade acrescida de apresentar temas do conhecimento comum em sincronização perfeita com instrumentais gravados.

Um desafio que “nos motiva”, refere Miguel Galhofo, porque nalguns casos, como My Fair Lady, “vamos despertar memórias ao público” com musicais que “ficaram para a História e aos quais as pessoas têm uma história associada”. No entanto, o espetáculo não se fica pelas memórias distantes e as gerações mais recentes também já têm histórias associadas à essência musical dos ABBA em Mamma Mia ou ao filme de animação Frozen: O Reino do Gelo.
O inglês, que vai dominar o espetáculo, foi a principal dificuldade encontrada. A opção de cantar em português acabou relegada para segundo plano pela vontade de “apresentarmos os temas na sua forma original”, refere Miguel Galhofo. Uma vez ultrapassadas as barreiras linguísticas, a Broadway meteu-se a caminho do Entroncamento reforçando o “conceito Concórdia” que Pedro Correia diz não ser “concertos com pecinhas variadas, mas fazer projetos com um tema”.
No fim-de-semana seguinte ao da estreia de “Broadway in Concert” o grupo vai ficar a conhecer o novo tema. O ritmo não abranda e, segundo Fernando Soares, faz mover a Direção que “não pode entrar em stand-by” face à “dinâmica” que diz caraterizar o grupo e os seus maestros. A “apatia”, acrescenta, “não pode acontecer, senão não conseguimos desempenhar o nosso papel de acompanhamento de cada projeto”.

Tentámos saber mais sobre a nova produção, mas apenas conseguimos levantar levemente uma ponta do véu. O novo espetáculo começa a ser preparado nos próximos tempos e ainda não se estabeleceu a data da estreia, que poderá ser em meados deste ano. E se a Associação Concórdia Música já passou por óperas e napolitanas e pela Broadway, será que a viagem pelo mundo continua?
Como resposta recebemos sorrisos e olhares cúmplices entre os entrevistados, restando aguardar que a médio prazo nos revelem o itinerário. Os coralistas saberão primeiro o destino para onde levar a bagagem artística da associação que está a poucos meses de completar dois anos de existência marcados pela concórdia – apontada regularmente durante a entrevista – entre quem canta, maestros e direção.
O ano de 2019 é encarado com expetativa por todos. Um dos desejos pedidos no primeiro minuto por Fernando Soares foi a associação ter uma sede com condições adequadas e o aumento do número de coralistas. Pedro Correia e Miguel Galhofo concordam e os seus pedidos da meia-noite também incluíram o surgimento de dois novos projetos e a conquista de uma dimensão artística nacional e internacional.