Vereador Luís Forinho afirma estar a ser alvo de censura. Fonte: YouTube

O vereador independente (ex-Chega) Luís Forinho afirmou na reunião de executivo do Entroncamento que está a ser alvo de censura, tendo em conta que a Câmara decidiu não publicar o texto por si enviado para constar na boletim municipal, ao abrigo do Estatuto do Direito de Oposição. O PS, pela voz da vice-presidente, Ilda Joaquim, rejeitou a acusação tendo afirmado que a decisão foi tomada tendo em conta que o texto “está adjetivado de forma ofensiva”.

“Fui censurado, a partir de agora não tenho mais o direito de expor os meus pensamentos porque sou vereador da oposição, mas sou vereador independente. Teria o direito, segundo a vice-presidente, se pertencesse a um partido”, disse na reunião de executivo o vereador independente Luís Forinho.

Forinho disse que lhe foi explicado numa reunião com a vice-presidente Ilda Joaquim e o vereador Carlos Amaro que, “eu, sendo vereador independente, não tenho direito, baseado na lei (…) como não consta a palavra independente, eu deixei de ter o direito de expor o meu texto”.

ÁUDIO | Luís Forinho, vereador independente

“Portanto, fui-me informar, ainda não tenho a informação oficial legal (…) mas entretanto fui informado que pertenço a uma minoria, e minoria propriamente dita porque estou na oposição nesta casa e estou em minoria em relação aos meus colegas. E como minoria tenho direito, com certeza, a utilizar este meu direito de oposição de transmitir os meus pensamentos e as minhas ideias”, defendeu.

Em causa está um texto intitulado “Deixam as Nossas Crianças em Paz”, onde Luís Forinho refere que “tem sido recorrente na ultima década o ataque feroz e sistemático às nossas crianças, tanto nas escolas, nos midia, nos espetáculos, em publicidade, na política e até no seio familiar” e que “para quem é jovem e está em desenvolvimento de todas as suas capacidades psíquicas e formação de carácter, é criminosa a forma e o conteúdo como fazem chegar toda a informação sobre a sexualidade que define cada um de nós e as nossas crianças”.

Texto esse “que eu acho da maior justiça e da forma mais democrática que eu entendo de demonstrar o meu desagrado em relação ao que nós estamos a passar neste momento em relação às nossas crianças em Portugal e em relação ao que o Socialismo tem vindo sistematicamente a fazer por essas nossas crianças”, disse.

“Vergonha para todos aqueles que padecem dessa doença, chamada Socialismo” e “vergonha para todos os pais que permitem que os seus filhos sejam violados física e psicologicamente em nome de minorias e de uma democracia doente que só serve aos desejos do Socialismo”, são algumas das passagens mais “fortes” do texto.

“Sinto muito que o PS tenha ficado triste com as minhas palavras, é o que eu penso democraticamente, dei a minha opinião. Gostaria muito que tivéssemos políticos à altura neste concelho, que me representam a mim também, e se isso fosse, os senhores do PS já não estariam nesta casa a gerir os destinos deste nosso concelho, o que eu acho vergonhoso”, disse Luís Forinho na reunião de Câmara de 22 de fevereiro.

A vice-presidente Ilda Joaquim (PS), afirmou então que o que transmitiu na reunião privada com o vereador Luís Forinho foi que o texto “é ofensivo, genericamente, não é uma simples emissão ou transmissão de opinião, está adjetivado de forma ofensiva para os vários intervenientes, e que entendemos que não era adequado publicá-lo, até porque também não tem direito ao estatuto de oposição”.

ÁUDIO | Vereadora e vice-presidente Ilda Joaquim (PS).

“Sempre que haja – e o PSD sabe – todas as informações têm sido divulgadas, sem qualquer comentário, mas o que é facto é que uma coisa é eu emitir uma opinião ou aquilo que eu penso sobre um determinado assunto, enquanto eleito, sobre um determinado assunto de cariz político, social, económico ou o que quer que seja, outra é adjetivar de forma ofensiva quem não concorda connosco”, disse Ilda Joaquim.

“E aí, lamentamos, foi a nossa posição, haverá quem compreenda, haverá quem não compreende, mas foi aquela posição que tomámos, que defendemos, porque não é adequado nem correto publicar artigos adjetivados de forma ofensiva. Não sendo de forma ofensiva, outra situação seria”, concluiu a autarca, que presidia à reunião em substituição do presidente Jorge Faria.

Rafael Ascensão

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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