Museu Nacional Ferroviário assinala 165 anos da primeira viagem de comboio em Portugal. Foto: arquivo mediotejo.net

A mobilidade sustentável foi o tema do fórum internacional que se realizou no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, ao longo do dia 17 de maio. Empresas e especialistas do setor “subiram a bordo” da iniciativa acompanhados pelo Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, num dia em que se falou sobre o presente e o futuro com soluções de hidrogénio e células de combustível.

As boas-vindas foram dadas por Paulo Brito, do Instituto Politécnico de Portalegre, uma das entidades organizadoras da iniciativa juntamente com a MédioTejo21 – Agência Regional de Energia e Ambiente, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, IrRADIARE – Science for Evolution, a Fundação Museu Nacional Ferroviário e Instituto Politécnico de Tomar. A Comissão Europeia associou-se a este fórum através da FCHJU, Hydrogen Europe, HyER e Corvers Procurement Services.

A sessão inicial continuou com a intervenção do anfitrião Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal do Entroncamento e vogal do Conselho de Administração da Fundação Museu Nacional Ferroviário, que chegou ao salão onde está exposto o Comboio Real acompanhado por Vasco Estrela, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, e José Mendes, Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade.

Jorge Faria. Foto: mediotejo.net

O autarca sublinhou a importância das soluções de mobilidade de baixo carbono baseadas em hidrogénio e seu contributo para a melhoria da oferta ao nível dos transportes coletivos. O trabalho que está a ser desenvolvido na região do Médio Tejo para a descarbonização da economia também foi apontado, assim como a aposta do município na eficiência energética através da substituição da iluminação elétrica por lâmpadas LED.

Antes de passar a palavra a Vasco Estrela, o presidente lançou o desafio ao Secretário de Estado para um possível projeto piloto aplicado à totalidade da frota dos TURE – Transportes Urbanos do Entroncamento. Por sua vez, o vice presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo fez referência ao compromisso político assumido por esta entidade em nome dos municípios e destacou que as soluções associadas à mobilidade sustentável potenciam a competitividade da região.

Esta comunidade intermunicipal, acrescentou, está a desenvolver diversos projetos, nomeadamente com os Institutos Politécnicos de Tomar e Portalelgre, assim como com a AP2H2- Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio. Um dos objetivos é a capacitação dos agentes regionais para o novo sistema de mobilidade no sentido do Médio Tejo se afirmar como “uma região de futuro”.

Vasco Estrela. Foto: mediotejo.net

O tema continuou presente na intervenção do Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, na qual referiu que as atuais emissões de 8 gigatoneladas de CO2 emitidas anualmente podem duplicar até 2050. Um cenário que urge ser alterado, disse, sobretudo na próxima década, de modo a cumprir as metas definidas no Acordo de Paris, assinado por quase 200 países na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em 2015.

José Mendes referiu as ações que estão a ser desenvolvidas neste âmbito que passam, nomeadamente, pelo desmantelamento das duas centrais produtoras de eletricidade a carvão existentes no país, localizadas em Sines e no Pego (Abrantes). Os apoios governamentais e o projeto pioneiro que engloba a instalação de uma central de abastecimento de hidrogénio foram destacados como partes integrantes de um “programa ambicioso de mobilidade elétrica”.

José Mendes. Foto: mediotejo.net

O fórum continuou com o início das apresentações e as primeiras foram as da Fuel Cell and Hydrogen Joint Undertaking, da HyER e do Centro Nacional de Hidrogénio (CNH2), abordando projetos financiados, o contexto europeu e potencial de negócio associado ao abastecimento de hidrogénio. Seguiram-se as da Siemens Mobility Portugal, da CIDAUT – Fundación para la Investigación y Desarrollo en Transporte y Energía e do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia sobre o transporte ferroviário de passageiros, estratégias operacionais e transição para o novo sistema de mobilidade.

Depois do almoço, foi a vez da Corvers Procurement Services B.V e da EnerCoutim – Associação Empresarial de Energia Solar de Alcoutim que falaram sobre inovação, tecnologia e projetos multidisciplinares. O momento seguinte contou com as comunicações integradas no Painel Cidades intitulado “Preparar o futuro, aprender com o passado – Implementação de políticas zero emissões em regiões selecionadas”.

Miguel Pombeiro, Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, apresentou o contexto regional, seguido das comunicações da HyER e da WaterstofNet sobre os projeto High V.LO-City e 3Emotion, ligados aos autocarros com células de combustível. Neste painel também foram apresentados os casos práticos das cidades de Pau (França) e de Groningen (Holanda).

Valentine Willmann, da HyER, numa das apresentações do fórum. Foto: mediotejo.net

Findas as apresentações do painel, a Hydrogen Europe partilhou a forma como o hidrogénio se pode assumir como vector-chave e a CaetanoBus como este representa uma alternativa viável para o futuro. Foi, igualmente, sobre o futuro que se falou na sessão de encerramento que antecedeu o momento final em que se realizou reunião de projeto, start-ups cafe e networking.

Nesta sessão participaram Marcos António Nogueira, Diretor do escritório Europeu em Bruxelas da da IrRADIARE – Science for Evolution, e Jacinto Lopes, Presidente do Conselho de Administração da MédioTejo21 e presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. O último destacou ao mediotejo.net de que este fórum prova que o país e o mundo estão preocupados e querem ser “partes ativas” na mudança para assegurar um futuro melhor.

Para o autarca, “temos que começar a pensar no nosso futuro e reduzir rapidamente a nossa pegada, reduzir o consumo dos combustíveis fósseis e ir à procura de alternativas, como estamos a fazer”, acrescentando acreditar que o caminho que tem estado a ser feito nos últimos anos sobre o hidrogénio “vai dar frutos e nós, na MedioTejo21, queremos que esta região seja pioneira em Portugal na sua implementação”.

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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