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Os alunos que frequentam o 1º ciclo do Ensino Básico em breve poderão dizer confiantes “Já sei ler”. A afirmação será resultado da iniciativa “Já sei ler: um projeto de Leitura em Voz Alta”, em que o Entroncamento assume papel pioneiro no relançamento do Plano Nacional de Leitura. O arranque ocorreu esta quinta-feira, dia 17, e nos próximos quatro anos vão ser promovidos hábitos de leitura junto de alunos, escolas e famílias, através de desafios diários.

Ler, pelo menos, 10 minutos por dia. Ler na sala de aula. Ler em casa. Deixar que a criança escolha um livro, que troque livros com amigos, que se habitue a ir à biblioteca, que os possa incluir nas listas de compras. Espalhar livros pela casa e assegurar que estão num local de fácil acesso foram algumas das sugestões deixadas no dia em que se oficializou a parceria entre a autarquia, o Plano Nacional de Leitura e o ISEC Lisboa / Universitas, CRL com a assinatura do respetivo protocolo. As três entidades foram representadas por Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal, Maria Cristina Ventura e Pedro Brás (ISEC Lisboa / Universitas, CRL) e Luísa Dinis (Plano Nacional de Leitura).

Perante o público do Centro Cultural do Entroncamento composto, sobretudo, por pais e professores estiveram, igualmente, Ana Patrícia Almeida e Sandrina Esteves, do ISEC Lisboa, responsáveis pela dinamização do projeto no concelho. Foi a última que partilhou as linhas mestras do projeto que vai fazer parte do dia-a-dia dos alunos abrangidos nos próximos quatro anos, ou seja, ao longo do primeiro ciclo do Ensino Básico.

Foto: mediotejo.net

A apresentação concluiu as intervenções feitas no final da tarde e que começaram com a de Jorge Faria. O autarca associou os hábitos de leitura à criação de mais oportunidades através de um projeto que considera “muito interessante”. Mais tarde, ao jornal mediotejo.net, sublinhou que a participação do município é encarada “com todo o gosto” e com normalidade, uma vez que dá seguimento ao trabalho que tem vindo a ser feito no âmbito da educação.

Para o presidente, é a educação que “faz a diferença naquilo que são as competências de cada criança e naquilo que vai conseguir na sua vida adulta”, acrescentando que esta diferença se estende “à capacidade de serem cidadãos”. O projeto abrange todas as escolas do Ensino Básico e o autarca diz que “vai ser um esforço muito grande” mas acredita que “vai valer a pena”, pois trata-se de “contribuir para os hábitos de leitura das crianças”.

Para apoiar nesse esforço, a autarquia vai contar com o apoio do ISEC Lisboa. A sua representante, Cristina Ventura, partilhou o “gosto particular” de regressar ao concelho do Entroncamento para assinar um novo protocolo, depois do firmado no âmbito do ensino superior. A leitura foi apontada como uma “competência-chave na comunicação” e o projeto irá contribuir para que se criem “cidadãos do século XXI mais interventivos”.

Foto: mediotejo.net

Outro parceiro é o Plano Nacional de Leitura e Luísa Almeida referiu-se ao projeto iniciado em 2009 e relançada pelo PNL2027, como “quase a menina dos olhos” desta entidade. A importância de se ler com as crianças foi destacada – e não apenas as histórias infantis ou os livros de leitura obrigatória. O exemplo passa pelos mais velhos, disse, e estes devem ter os hábitos de leitura que se tentam promover junto dos alunos e que ajudam no desenvolvimento “da escrita e da imaginação”.

A particularidade da iniciativa “Já sei ler: um projeto de Leitura em Voz Alta” implicar a criação de uma rede que envolve as escolas, os alunos e as famílias foi ponto recorrente nas diversas intervenções. A mesma começou a ganhar as primeiras ligações no Centro Cultural quando as crianças do público regressaram da sala anexa onde tiveram uma sessão de leitura e responderam às questões de Sandrina Esteves sobre os seus hábitos de leitura.

De seguida, os adultos presentes leram o poema “Em Todos os Jardins”, de Sophia Mello Breyner, sendo este o ano do centenário do seu nascimento. As palavras da poetisa que nasceu a 6 de novembro de 1919 deram lugar às do protocolo assinado pelas entidades parceiras. Uma formalização com toque de informalidade pois os mais novos fizeram questão de estar por perto e de ler o documento no arranque da iniciativa que os vai fazer dizer “Já sei ler” com orgulho.

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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