Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal do Entroncamento deu as boas-vindas aos participantes no primeiro dia do Portugal Railway Summit, evento de referência nacional, organizado pela Plataforma Ferroviária Portuguesa, cluster da ferrovia em Portugal, onde o objetivo era o de debater ideias, experiências e inovações para o setor.
O autarca voltou 150 anos atrás, quando a linha do Norte e do Oeste se uniu, iniciando assim a história da cidade do Entroncamento, uma “comunidade que tem um desenvolvimento paralelo, quase intrínseco com a ferrovia, é quase um ADN social”, salientou o edil.
“Qualquer investimento para a ferrovia é um bom investimento para o Entroncamento, porque há de vir parar aqui alguma parte da logística, da formação, das qualificações, que são áreas neste momento em desenvolvimento no município”, afirmou.
Atualmente, na cidade, existem dois cursos de formação profissional relacionados com a ferrovia, um a nível do ensino secundário, na Escola Gustave Eiffel, de Manutenção e Operação Ferroviária, e outro de técnico superior profissional, em colaboração com o Instituto Politécnico de Tomar, de Manutenção e Reabilitação de Sistemas Ferroviários.

“É com esta aposta que queremos continuar, de formar e qualificar pessoas para fazer face às exigências crescentes do investimento da ferrovia. Temos também a expectativa que ao nível do concurso que está a ser desenvolvido para as novas unidades por parte da CP, que alguns desses investimentos possam ser feitos no Entroncamento, porque aqui temos mão de obra com potencial e qualificação, e uma boa qualidade de vida para as pessoas”, sublinhou o autarca.

Jorge Faria terminou o seu discurso afirmando que tudo está a ser feito para que a cidade do Entroncamento continue a fazer jus ao seu nome, nomeadamente com a recuperação na totalidade dos Bairros Ferroviários e a presença do Museu Nacional Ferroviário no seu território.
Na sessão de abertura, os presidentes da Infraestruturas de Portugal (IP) e da CP – Comboios de Portugal, destacaram vários investimentos que estão a ser feitos e pensados para a ferrovia portuguesa, tendo apontado a redução dos problemas ambientais como uma das prioridades.
Miguel Cruz, presidente das Infraestruturas de Portugal, afirmou que nos dias de hoje “o tema da ferrovia é absolutamente indissociável das questões ligadas com a sustentabilidade em redes”, abordando alguns dos objetivos europeus e nacionais, nomeadamente a redução da emissão dos gases com efeito de estufa e atingir o impacto neutro de emissões, contando que o tráfego ferroviário de alta velocidade triplique até 2050 e o de mercadorias duplique.
A nível dos investimentos, Miguel Cruz ressalvou a intervenção em cerca de mil quilómetros de ferrovia nacional, num montante de 2 mil milhões de euros, financiados através de fundos comunitários, sendo que 86% do investimento está a decorrer ou já foi concluído.

Até 2020 os principais preocupações eram as mercadorias, as ligações internacionais e a eletrificação, atualmente o que mais preocupa e tem maior importância para a matéria ferroviária são os passageiros e a alta velocidade. O Plano Nacional Ferroviário inclui um investimento significativo de 8,8 mil milhões de euros, na totalidade, contudo 51% desse montante é para a nova linha de alta velocidade Porto – Lisboa.
Esta nova infraestrutura vai permitir ligar Campanhã ao Oriente, em 1h15, dissipando assim as diferenças de coesão social do território nacional. O plano da nova linha vai ser realizado em três fases, a primeira é do Porto até Soure, depois até ao Carregado e por fim a fase 3, que vai do Carregado até ao Oriente. Esta modernização da linha vai reduzir os tempos e as dificuldades da Linha do Norte, onde circulam cerca de 730 comboios diários, um dos maiores constrangimentos das infraestruturas da ferrovia em Portugal.
Pedro Moreira, presidente da empresa Comboios de Portugal, destacou o desenvolvimento e recuperação do setor ferroviário e do material circulante português. A CP conseguiu recuperar e pôr ao serviço 41 carruagens de 19 locomotivas, que estavam paradas, sem uso e a degradar-se.

“Não foi tarefa simples, tivemos de reabrir oficinas e recontratar pessoas que já tinham know how, para ajudarem nesta requalificação”, admitiu Pedro Moreira. Estes comboios foram requalificados em oficinas como a de Guifões, Figueira da Foz e Entroncamento, que caso fossem comprados em primeira mão teriam sido investimentos avultado, tendo sido assim gasto apenas 1/5 do montante expectável.
A nível dos investimentos nacionais, Pedro Moreira, destacou as 22 unidades para serviços regionais adjudicadas em 158 milhões de euros, 117 unidades para serviços urbanos e regionais, com concurso ainda a decorrer, num valor de 819 milhões de euros e no futuro, um concurso ainda a lançar de 12 + 14 unidades de alta velocidade, num valor total de 650 milhões de euros.