Comemorações do 70º Aniversário da AHBVE. Foto: mediotejo.net

O 70º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento (AHBVE) foi comemorado oficialmente na manhã deste sábado, dia 12. Entre a alvorada e o almoço convívio, realizaram-se desfiles pela cidade, momentos religiosos e a cerimónia solene que contou com a presença do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

Pelas 08h00 deste sábado, a sirene dos bombeiros ecoou pela cidade do Entroncamento assinalando o início das comemorações oficiais do 70º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento (AHBVE). O programa teve início na sexta-feira com a realização de um concerto solidário no Pavilhão Desportivo Municipal e para o dia seguinte ficaram reservados outros momentos que marcaram a manhã.

A alvorada deu lugar ao içar da bandeira e, pouco depois, as iniciativas passaram do quartel dos bombeiros voluntários para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, onde foi realizada uma missa por alma dos diretores, associados e bombeiros falecidos. Foi neste local onde se batizou a nova ambulância de socorro, antes da romagem ao cemitério e do desfile apeado, que terminou em frente à AHBVE.

O desfile apeado terminou junto do quartel da AHBVE. Foto: mediotejo.net

Estava na hora da cerimónia solene com a presença do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, recebido pouco depois por uma comitiva em que se encontravam o presidente da Direção da AHBVE, José Salvado, o presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, Jorge Faria, e o Comandante dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento, Rodrigo Bertelo. A aguardá-lo estavam, igualmente, elementos do corpo de bombeiros, cidadãos, convidados e Banda dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior.

No momento solene, que decorreu no Salão Nobre, estiveram presentes personalidades e representantes de entidades civis, militares e religiosas. Entre eles, os deputados da Assembleia da República eleitos pelo distrito de Santarém, representantes de diversas corporações de bombeiros, o Comandante Operacional Distrital do Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém, Mário Silvestre, e a madrinha da AHBVE Graciete Agostinho.

A cerimónia teve início com a tomada de posse dos novos órgãos sociais da Federação de Bombeiros do Distrito de Santarém (FBDS) e os discursos dos sete elementos da mesa de honra foram intercalados com a atribuição de louvores, condecorações e divisas. Bombeiros, cidadãos e representantes de diversas entidades receberam o Medalhão Comemorativo dos 70 anos da AHBVE e alguns bombeiros estagiários foram promovidos a Bombeiros de 3ª.

Acompanhámos em direto a chegada do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

As condecorações incluíram ainda a atribuição de quatro Medalhas de Assiduidade, uma de grau cobre e três de grau prata, sete Medalhas de Serviços Distintos de grau prata, um Louvor e a Medalha de Ouro de Serviços Distintos da Liga dos Bombeiros Portugueses aos presidentes da Assembleia Geral, Direção e Conselho Fiscal da AHBVE.

Os discursos começaram com o de boas-vindas do presidente da Assembleia Geral da AHBVE, Levy Correia. Este referiu que a cerimónia “não tinha a dignidade que tem, o fervor e o calor que nós lhe pretendemos dar” sem a presença de todos os que encheram a sala. As palavras seguintes foram as do Comandante Rodrigo Bertelo, apontado o “orgulho” que sente pelos bombeiros que já passaram pela instituição e os que comanda atualmente.

A corporação de bombeiros foi caraterizada como referência a nível regional e nacional, marcada pelo “espírito de entrega e de solidariedade”, o “empenho e profissionalismo” e com um caminho delineado. No entanto, acrescentou, “precisamos de mais”, nomeadamente um novo veículo urbano de combate a incêndios, pedindo que a transferência de competências para as comunidades intermunicipais e câmaras municipais não contemple apenas os incêndios florestais.

Os discursos foram intercalados com a atribuição de condecorações, louvores e divisas. Foto: mediotejo.net

A intervenção também contemplou a Equipa de Intervenção Permanente, recentemente criada com a assinatura do protocolo entre a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), a Câmara Municipal do Entroncamento e a AHBVE. O concurso público para a sua constituição encontra-se aberto neste momento e o Comandante lançou o “desafio” para a aquisição de cinco equipamentos de proteção individual completos.

Jorge Faria, também presidente do Conselho Fiscal da AHBVE, respondeu mais tarde, dizendo que a hipótese de aquisição de alguns dos equipamentos não está descartada. Rodrigo Bertelo aproveitou para agradecer o apoio municipal, incluindo a cedência provisória do campo de jogos junto do Bairro Camões para criação de um campo de treinos nas áreas dos incêndios urbanos, industriais, matérias perigosas, salvamento e desencarceramento.

O Comandante referiu-se a 2018 como um “ano de superação”. Período marcado por mais de 1.800 alertas e de 500.000 quilómetros percorridos, transporte de 10.800 utentes, cerca de 2.300 emergências pré-hospitalares, 63 acidentes rodoviários, 24 incêndios estruturais e 112 incêndios florestais. O discurso terminou com o desejo de “que este dia 12 de janeiro de 2019 fique assinalado pela lembrança de quem somos e do quão longe chegámos”.

Comandante dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento, Rodrigo Bertelo durante o discurso. Foto: mediotejo.net

Por sua vez, José Salvado enalteceu o “talento, engenho e visão” de José Duarte Coelho, antigo presidente da Câmara Municipal do Entroncamento que a 23 de novembro de 1948 desenvolveu e submeteu para aprovação a criação da AHBVE. A instituição foi fundada oficialmente no dia 6 de janeiro de 1949 e o corpo de bombeiros surgiu a 23 de novembro de 1952, tendo como primeiro Comandante João Augusto Nunes.

O atual presidente da Direção agradeceu o apoio da autarquia, sócios, entidades parceiras e órgãos sociais que, nas suas palavras, ajudou a minimizar as dificuldades sentidas pelos operacionais. As necessidades estão identificadas, disse, e a associação pretende superá-las de forma “ponderada e estruturada” para reforçar a capacidade operacional do corpo de bombeiros e manter os padrões de excelência.

João Furtado, no seu primeiro discurso oficial como presidente da FBDS, assumiu o compromisso público da federação enquanto “plataforma de dignificação dos seus associados, constituindo-se como instrumento de solidariedade social, humanitária, de cooperação, de formação e de renovação”. Os desafios colocados aos bombeiros portugueses foram salientados e destacou os riscos naturais e tecnológicos que exigem adaptações constantes.

A cerimónia teve início com a tomada de posse dos novos órgãos sociais da FBDS. Foto: mediotejo.net

A capacidade de mudar foi apontada como “uma prova de maturidade” que, aliada à força e determinação contribuem para superar as necessidades e transformar “momentos difíceis em grandiosos”. Para a nova etapa da FBDS foram definidos diversos objetivos, como a criação de uma Academia de Proteção e Socorro no âmbito da formação.

A intervenção seguinte foi a do Comandante Adelino Gomes, na qualidade de Secretário da Mesa do Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses. Este começou por agradecer ao ministro Eduardo Cabrita pela “elevação com que estão a decorrer as conversas e troca de ideias, que tenho a certeza que chegarão a consensos, levando o barco a bom porto”.

A “aspiração dos bombeiros” de que todos estejam “do mesmo lado” no final foi partilhada pelo também Comandante dos Bombeiros Voluntários de Constância, que no seu discurso não esqueceu o percurso de seis séculos percorrido pelos bombeiros “ao lado das nossas comunidades, na defesa das suas vidas e dos seus haveres e é aí que queremos continuar”.

O Salão Nobre da AHBVE esteve cheio durante a cerimónia. Foto: mediotejo.net

Antes da palavra passar para Jorge Faria, Adelino Gomes sublinhou que as populações e as autarquias podem contar sempre com os bombeiros, independentemente de serem voluntários, municipais ou profissionais, que partilham a mesma missão. No final, destacou o trabalho dos operacionais e dos “voluntários sem farda”, como sócios e dirigentes, que merecem ser homenageados.

O presidente da Câmara Municipal do Entroncamento fez a sua intervenção minutos depois na qual enalteceu a “disponibilidade para servir a causa pública sob o lema vida por vida” dos associados, dirigentes e operacionais da AHBVE. A “qualidade e excelência” da corporação de bombeiros foram realçadas, assim como a “serenidade assumida pelo comando e pela direção” perante a “agitação no seio dos bombeiros nacionais”.

Jorge Faria apresentou 2019 como o ano da operacionalização da Equipa de Intervenção Permanente e da construção da bomba de combustível da AHBVE na zona industrial, cujo processo tem como próximo passo a entrega dos projetos de especialidade. No que respeita à descentralização de competências, assegurou que “a câmara municipal vai aceitar de imediato o diploma das competências no âmbito da matéria dos bombeiros”.

José Salvado, Eduardo Cabrita e Jorge Faria no final da cerimónia. Foto: mediotejo.net

A “reposição dos direitos suprimidos aos bombeiros” é, segundo o autarca, outro processo no qual o município está “atento”, nomeadamente nos casos das taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde e a revisão do estatuto de bombeiro. No último, foi apontada a possibilidade de serem criadas medidas suplementares de apoio social aos bombeiros e respetivas famílias.

O Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, encerrou os discursos e referiu comemoração dos 70 anos de existência da AHBVE como a celebração da “afirmação de orgulho na identidade da ligação entre o Entroncamento e os seus bombeiros”. A “experiência secular” do voluntariado e a importância da “dimensão de proximidade” entre o poder local e as estruturas de bombeiros foram destacadas.

O ministro não esqueceu as especificidades da cidade do Entroncamento e na sua intervenção referiu, igualmente, que a “Proteção Civil não são só incêndios”, sublinhando que os múltiplos riscos exigem uma “resposta profissional e qualificada e o voluntariado deve acompanhar esta evolução”.

Também lembrados foram os incêndios de 2017 que incrementaram a preocupação com a segurança, uma “cultura” em que o país se deve assumir como referência no quadro internacional.

Um dos últimos momentos do programa comemorativo foi o desfile de viaturas pela cidade. Foto: mediotejo.net

O essencial, apontou, não é a legislação, mas a “interligação entre todas as entidades” numa ótica “de parceria e envolvimento”. Eduardo Cabrita acrescentou que existe consciência dos “riscos climáticos” e “das características da nossa floresta”, sendo necessário “ir além da transformação do sistema” e reforçar a intervenção durante todo o ano, resolvendo “as questões de precariedade” da ANPC.

No final do seu discurso, foi sublinhado que a experiência dos bombeiros portugueses constitui um elemento essencial num sistema que diz estar “em transformação”, nomeadamente na “forma de organização” e no qual “a dinâmica intermunicipal deve gradualmente ser assumida”.

Finda a intervenção, o programa comemorativo entrou na reta final com um desfile de viaturas pela cidade e um almoço na AHBVE.

Partilhamos alguns dos momentos que marcaram as comemorações oficiais deste sábado:

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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