Foi com uma sensação de alívio, satisfação e orgulho que Maria Margarida Lopes viu o seu percurso dentro da Academia da Força Aérea (AFA) ser reconhecido através do brevet que conquistou após sete anos de muito esforço e dedicação. A alferes, natural do Entroncamento, tornou-se assim, aos 25 anos, na nona mulher piloto-aviador na história da Força Aérea Portuguesa, a quinta atualmente no ativo, pretexto para o mediotejo.net falar com Maria Lopes que, de brevet nas mãos, já sonha com os caças F-16.

O desejo de ingressar no mundo dos aviões surgiu no ensino secundário, na “na altura em que começamos a pensar o que queremos fazer”, disse Maria Lopes ao nosso jornal. Ajudaram-na a decidir as acrobacias dos Asas de Portugal, patrulha acrobática da Força Aérea Portuguesa, uma vez que foi através dos espetáculos e dos vídeos que via desta patrulha que começou a sentir “uma grande atração por este mundo da aviação, e em particular da aviação militar, que obviamente é diferente da civil”.

Maria Lopes torna-se na 9ª mulher piloto-aviador na história da Força Aérea Portuguesa. Foto: JN

ÁUDIO | Maria Lopes fala sobre a conclusão de um percurso de mais de sete anos

Agora, depois de sete anos e três meses dentro desse “mundo”, a entroncamentense diz sentir acima de tudo um “grande” alívio, após ter ultrapassado aquele que foi um percurso “muito longo e por vezes até um bocado doloroso, que exigiu muito sacrifício”. Mas olha para trás com a certeza que valeu a pena, de que aprendeu, cresceu e se tornou numa pessoa multifacetada capaz de muitas coisas, até porque o curso assim o obriga, uma vez que percorre várias áreas.

A cerimónia de entrega do brevet decorreu no dia 22 de dezembro, na Base Aérea N.º 11, em Beja. Foto: FAP

Maria Lopes foi a única mulher entre o grupo de oito pilotos a receber o brevet. Reconhece os momentos desafiantes, mas diz ter um grande carinho pelas pessoas que percorreram consigo este caminho e que “coincidentemente” são homens, pelo que não acha que tenha sido mais difícil por causa disso. 

Maria Lopes recebeu o brevet em conjunto com sete camaradas de curso. Foto: Força Aérea Portuguesa

Sendo Maria Lopes a quinta piloto-aviador a estar no ativo, desde dezembro de 2021, e a nona em toda a história da Força Aérea Portuguesa, a verdade é que há atualmente mais cinco alunas na Academia da Força Aérea, em anos diferentes. A recentemente brevetada considera que o facto de haver cada vez um maior acesso à informação faz com que haja mais mulheres a concorrer e consequentemente a entrar para esta profissão que, não obstante, “continua a ser uma profissão masculina” e que “dificilmente o deixará de ser”.

“A própria profissão em si é muito prática e combina uma série de capacidades que são tendencialmente masculinas. Acho que é esta a verdadeira justificação de o porquê de haverem menos mulheres do que homens”, diz Maria Lopes que se considera a prova de que isto não é algo inatingível para as mulheres, “muito pelo contrário, e cada vez vamos observando mais isso, e ainda bem, fico muito feliz”, diz a nova piloto-aviador. 

O mais desafiante é a incerteza, aliada ao dinamismo, até porque aqui o estudo não é diretamente proporcional ao desempenho, o qual envolve muito mais capacidades do que aquilo que foi absorvido no estudo.

Maria Lopes torna-se na 9ª mulher piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa. Foto: DR

“O espaço aéreo é um meio composto por uma série de situações imprevisíveis, que causam emergências entre outras coisas, portanto tem uma vertente na área do não-expectável e do incerto, que torna esta profissão obviamente desafiante mas também difícil que inclui algumas capacidades – que também se treinam, mas lá está, nem tudo é treino – que eu acho que são mais difíceis de adquirir, de reagir ao inesperado”.

Se puder ser nos F-16 tanto melhor, mas Maria Lopes, desde que esteja a voar, está bem. Foto: Força Aérea Portuguesa

O futuro, por enquanto, é incerto, pelo que Maria Lopes e os camaradas se encontram em repouso após aquela que foi uma jornada de mais de sete anos. Os aclamados F-16 são uma tentação por enquanto inacessível, até porque, conforme nos explicou, este ano não há vagas para ir para os Estados Unidos e, consequentemente, “os F-16 a ser, ainda demorará algum tempo”.

Mas para a entroncamentense uma coisa é certa: “qualquer caminho que venha, eu vou estar bem porque vou estar a voar, e porque todas as esquadras têm coisas boas, missões que me atraem”.

Para a mais recente piloto-aviador da Força Aérea, desde que esteja a voar, está bem. Se no futuro poder ser num F-16, tanto melhor. 

Rafael Ascensão

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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3 Comentários

  1. Fico muito satisfeito pour termes mulheres portuguesas pilotes de avions ,espérons ben que siguan à sua carreira, felicidades e muito sorte para pilotage à aviacao commercial, que eu ocupo muito ok

  2. Maria Lopes
    Jamais desista dos seus sonhos…mesmo que contra ventos e marés.
    Lembre-se…o céu não é o limite!
    Um enorme bem haja para si.
    Jorge Nogueira.

  3. Um Grande Beijinho Especial, e Muitos parabens para a mais Jovem eRecente Piloto da nossa FAP. Um dos meus sonhos de Crianca, que afinalnao Realizei…Eu tinha 2 Um Paraquedista, e 2 Piloto…Porem o 2 Ainda nao Realizei, Pois em Tempos nao-lhe Dei A Atencao devida. Porem, Hoje tenho a Possibilidade de Fazer ao Menos o Piloto por 1 Dia no Aero Clube de Portugal, p que me muito Engrandece, alem de Subir aos Ceus Adoro Voar, e Saltar de Paraquedas….. Muitos Parabens. Estamos Mias Ricos, AfinalPortugal Conquista a 9a Piloto Aviadora da sua Historia. Bem Haja. Honra-se a Patria de Tal Gente! Que Nunca Por Vencidos Se Conhecam !

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