A Câmara Municipal do Entroncamento aprovou por unanimidade a atribuição de apoios financeiros para o ano de 2021 a diversas associações e coletividades do concelho, num valor idêntico ao do ano transato e que ronda os 127 mil euros. Em declarações ao mediotejo.net, o presidente da autarquia, Jorge Faria (PS), elucida que mesmo sem a apresentação do plano de atividades por parte das coletividades, condicionado pela pandemia, a autarquia mantém integralmente o nível de apoio para “poderem fazer face às dificuldades”.
A proposta de apoios a coletividades para o ano de 2021 é idêntica à do ano transato, e foi aprovada por unanimidade do executivo camarário, numa votação dividida em três partes, devido à pertença de membros do executivo a algumas das associações em causa, tendo nesses casos os respetivos vereadores solicitado ausência da votação.

Uma proposta que totaliza 127.325,00€ de apoio municipal a 24 associações de cariz cultural, social e desportivo e que visa “ajudar a manter vivas as nossas associações”, disse o presidente da Câmara Municipal do Entroncamento em reunião camarária.
Em declarações ao mediotejo.net, o autarca explana que os apoios são atribuídos “tendo em conta o plano de atividades que [as associações] apresentam e o plano de atividades do ano anterior. Mas nós o ano passado e este ano, independentemente de haver atividades, temos mantido o mesmo nível de apoio [integralmente] para justamente as associações poderem fazer face às dificuldades que resultam da pandemia”.
“Infelizmente, elas não estão a funcionar por razões que as ultrapassam a elas e a todos nós”, acrescenta.
Já em reunião de Câmara a 15 de fevereiro o autarca tinha anunciado que a intenção da autarquia era a de manter os apoios idênticos ao do ano de 2020 – ano em que as coletividades também se viram impossibilitadas de realizar muitas das suas atividades – de forma a “permitir-lhes a sua subsistência e a sua sobrevivência”.
“Pelo menos conseguir que elas se mantenham e estejam em condições para poderem recuperar a sua atividade logo que passe esta fase da nossa vida”, dizia o edil na altura:
Ao nosso jornal, Jorge Faria (PS) reforça que além deste apoio aprovado para o ano de 2021 o Município vai também ao longo do ano “atribuindo pontualmente em função de alguns projetos – que agora, infelizmente, não são muitos – apoios pontuais”.
Recorde-se que no início deste ano o Município aprovou também a isenção entre janeiro e abril do pagamento das faturas de abastecimento de água, saneamento e resíduos para as associações e coletividades do concelho, no âmbito das medidas anunciadas para fazer face aos constrangimentos decorrentes da pandemia de Covid-19.
PSD e BE aprovam proposta de apoio a coletividades para 2021 mas defendem aumento dos apoios
De regresso às reuniões camarárias, o vereador Henrique Leal (BE), que havia nos últimos tempos sido substituído pela vereadora Sara Florindo, anunciou o seu voto a favor na proposta de apoios a coletividades para 2021. O vereador bloquista expôs no entanto que “por questões de princípio” a posição do Bloco de Esquerda nesta matéria é a de que deveria haver um aumento nos valores atribuídos às associações.
“Normalmente, eu estaria aqui a dizer que era tempo de assumir a reposição dos apoios às coletividades para os valores anteriores, no mínimo, à intervenção da Troika. Houve um corte substancial desses apoios e nunca mais foram repostos. Apesar da Troika, felizmente, já se ter ido embora há imenso tempo”, disse, dirigindo-se ao presidente do Município.

“Desta vez, o BE vai poupá-lo a esse discurso, tendo em conta as circunstâncias especiais, nomeadamente o facto de – apesar de não verem reforçados os apoios – as coletividades também, por força da pandemia, não estarão a fazer o esforço normal que fariam se não houvesse pandemia e talvez não se justifique de momento estarmos a lutar pelo reforço destes apoios”, acrescentou.
Também no mesmo sentido, o vereador José Miguel Baptista (PSD) apoiou as palavras do vereador Henrique Leal (BE), “com exceção de que, apesar de estarmos num ano de pandemia, há associações coletividades, inclusive com que falámos nos últimos dias, e que nos disseram que apesar de as fontes de rendimento não existirem as despesas não acabaram, muitas delas”. “Portanto, a situação é em algumas delas gravosas a nível financeiro”, vincou o vereador social-democrata.

Em resposta aos vereadores, o presidente da autarquia entroncamentense referiu que “ao contrário do que já disse o vereador José Miguel Baptista, eu não tenho nenhuma informação de nenhuma associação que tenha manifestado problemas de sobrevivência, antes pelo contrário: aquelas com que tenho falado, todas se queixam da pandemia, como nós nos queixamos”.
“Aqui não é uma questão financeira que preocupa mais, o que preocupa mais foi este interregno de vivência desportiva, cultural, etc, que era proporcionada pelas nossas associações e que a pandemia não tem deixado, porque em termos financeiros não tenho sentido qualquer dificuldades das associações que contam com o apoio e sempre contaram com o apoio da Câmara”, acrescentou Jorge Faria.