Findo o prazo de 30 dias dado pela Câmara Municipal à empresa Hidrobetão para cessar a sua atividade, que decorria sem licenciamento e nos estaleiros da antiga firma Silvério & Melro, o presidente do Município deslocou-se no dia 19 de agosto ao respetivo local para colocar a placa que estabelece o encerramento da laboração. Em reação, o Bloco de Esquerda admite que a fábrica continua a laborar e considera que o encerramento é “uma farsa”.
Recorde-se que o tema da atividade ilegal da Hidrobetão, na Rua José Gomes Ferreira, no Entroncamento, foi por diversas vezes levantado pelo Bloco de Esquerda em sede de reunião de Câmara e Assembleia Municipal, na qual foram referidos os “pesados incómodos” para os moradores da zona com “ruídos e vibrações provocadas por violentas pancadas de martelos” e “emissão de poeiras para a atmosfera” resultantes da atividade da empresa.
Tal situação mereceu inclusive participação policial por parte de moradores, tendo sido elaborado um relatório técnico por parte da autarquia que comprova que concluiu que “a atividade em causa não estava devidamente licenciada”.
A 5 de abril de 2021 a autarquia deliberou o encerramento da atividade mas no período de audiência prévia a empresa contestou, tendo a Câmara, em reunião a 21 de junho, deliberado manter a decisão de encerramento da atividade laboral da empresa, dando um novo prazo de 30 dias para tal. Nesta votação, que contou com a abstenção do PSD, o eleito do BE, Henrique Leal, votou contra por defender que o encerramento deveria ser imediato e não dado um prazo de 30 dias.
Findo o prazo, a Câmara Municipal procedeu no dia 19 de agosto ao encerramento da atividade industrial exercida pela empresa Hidrobetão – Corte, Furação e Demolição, Lda.. “Decorrida a tramitação legal aplicável, e esgotado o prazo concedido para regularização da situação pela empresa, sem resultado, concretizou-se o encerramento da mesma”, é referido em comunicado enviado pelo Município ao mediotejo.net.

De referir que, apesar do referido encerramento, a empresa Hidrobetão vai permanecer no concelho, sendo uma das quatro entidades que assinou este mês de agosto o contrato de subconcessão para instalação no Parque Empresarial do Entroncamento, mais precisamente, no lote 6.
BLOCO DE ESQUERDA DIZ QUE FÁBRICA CONTINUA A LABORAR APÓS ENCERRAMENTO
Em reação à notícia do encerramento da atividade laboral da Hidrobetão nos antigos estaleiros da Silvério & Melro, o Bloco de Esquerda admite que “na manhã seguinte ao suposto encerramento, a 20 de agosto, a fabriqueta continuava a laborar”.
Em comunicado enviado pela Comissão Coordenadora do Entroncamento do Bloco de Esquerda ao mediotejo.net, intitulado “Encerramento da Hidrobetão: O que esconde a maioria PS”, é referido que o encerramento em causa foi “uma farsa” e “encenado para a fotografia em campanha pré-eleitoral”.
“Neste episódio burlesco e vergonhoso com a empresa Hidrobetão, a propaganda dos candidatos do PS e autarcas em funções esconde uma longa história de desprezo pelo bem-estar dos moradores afetados pela atividade industrial ilegal da empresa. Esconde a sua longa complacência para com uma atividade ilegal e fortemente perturbadora do ambiente”, é referido no comunicado, onde é admitido também que o encerramento só aconteceu após a referida empresa ter “arrematado um lote na zona industrial para se reinstalar”.
Defendendo que “há muito tempo” que o Bloco de Esquerda vem exigindo o encerramento da fábrica, na nota são apresentadas as diversas intervenções de uma situação que começou com a apresentação pessoal do problema “por um morador ao vereador Carlos Amaro (PS) em 15 de janeiro de 2020”. “Foi enviado mail do morador ao vereador Carlos Amaro (PS) a recordar essa reunião a 12/05/2020; a 12 de julho de 2020, foi apresentada uma primeira queixa por email, diretamente para a esquadra da PSP do Entroncamento; em 21 de dezembro de 2020, a vereadora Sara Florindo (BE) denuncia o problema na Câmara Municipal, solicitando respostas; em 18 de janeiro de 2021, a vereadora (BE) Sara Florindo insiste na necessidade de intervir, na Câmara Municipal; em 15 de fevereiro de 2021, um morador solicitou uma ação inspetiva à PSP, através do portal da Administração Interna [altura em que a Câmara solicitou relatório inspetivo aos serviços municipais]”, é exposto.
A partir daí, o assunto entrou na Ordem de Trabalhos das reuniões camarárias, conforme já referido, em abril e junho deste ano, com a definição de um período temporal para a empresa cessar a respetiva atividade.