Reconhecendo os “avanços notáveis pela igualdade” entre homens e mulheres, o Bloco de Esquerda levou uma moção à Assembleia Municipal do Entroncamento onde sublinha as persistentes “desigualdades estruturais em várias esferas da vida” entre os sexos masculino e feminino. Apresentado a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março, o documento apela ao “combate à cultura machista” e à “coragem de alterar as estruturas do poder estabelecido, os papéis estereotipados e a opressão sobre a mulher”. Aprovado por unanimidade dos eleitos, a Assembleia Municipal reafirma o seu compromisso para com “as lutas que ainda faltam travar”.
“Quatro décadas de democracia permitiram avanços notáveis na luta pela igualdade entre homens e mulheres. Mas persistem desigualdades estruturais em várias esferas da vida, a imprimir uma linha divisória entre elas e eles e espelhar uma teia de relações de dominação cujo fio condutor é o sistema patriarcal dominante”, diz o Bloco de Esquerda na moção apresentada em sessão de Assembleia Municipal do Entroncamento.
Apresentada a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março, o BE relembra a oficialização deste dia há 45 anos pela Organização das Nações Unidas “como símbolo das lutas das mulheres operárias em várias partes do mundo desde o final do século XIX”.
“O que começou por reivindicações por direitos de cidadania e do direito ao voto das mulheres firmou-se como o início de muitas lutas que determinaram conquistas marcantes no campo da igualdade de tratamento e de oportunidades”, lê-se ainda na moção que destaca no caso de Portugal as conquistas como o direito ao voto sem restrições ou ao aborto seguro, a presença maioritária no ensino superior das mulheres e a conquista da representação política.
Mas existe ainda, refere o BE, “aqui e em todo o mundo, a opressão secular do sistema patriarcal, que teima em querer subalternizar as mulheres por serem mulheres. Permanecem os estereótipos de género que condicionam escolhas educativas e profissionais, a segregação nos cargos de chefia e liderança e a desigualdade salarial que se agrava na reforma. Perdura a desigual repartição no exercício das responsabilidades domésticas e com os filhos, assim como a feminização da precariedade, da pobreza e da exclusão social. Mantém-se a naturalização do assédio e da violência doméstica e continuam a morrer mulheres em relações de intimidade”.
Áudio | Maria do Céu Carvalho (BE) sobre moção do Dia Internacional da Mulher:
“São as mulheres as principais vítimas de tráfico, exploração sexual e violação e a justiça machista insiste em desvalorizar a violência, desculpabilizar agressores e responsabilizar as vítimas. Sabemos que estas violências são mais profundas quando se cruzam múltiplas discriminações e por isso esta deve ser uma luta interseccional e internacional”, pode ainda ler-se no documento.
Lembrando o 27.º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, instrumento internacional de referência para a eliminação dos obstáculos à plena igualdade entre homens e mulheres, a moção do BE sublinha o crescimento dos movimentos em todo o mundo.
“Portugal não é exceção e no parlamento e fora dele, assiste-se ao recrudescimento do conservadorismo e reacionarismo, dos comportamentos racistas, machistas e misóginos que trazem consigo a ameaça do retrocesso de direitos, da igualdade, da solidariedade”.
Exigindo um “combate à cultura machista” e “coragem de alterar as estruturas do poder estabelecido, os papéis estereotipados e a opressão sobre a mulher” para se chegar ao objetivo da igualdade, o documento exalta o dia 8 de março como data também para “ganhar balanço para a luta pelos direitos que ainda lhes são negados”.
Nesse sentido, o BE propôs que a Assembleia Municipal do Entroncamento saudasse o Dia Internacional das Mulheres, celebrando as conquistas alcançadas, bem como reafirmasse o seu compromisso com as lutas que ainda faltam travar. Uma moção que foi votada favoravelmente de forma unânime por este órgão deliberativo municipal.