Mulheres e homens desfilaram para celebrar pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher, em 1975. Há 45 anos evocava-se a mulher trabalhadora e antifascista. Foto arquivo: DR

Reconhecendo os “avanços notáveis pela igualdade” entre homens e mulheres, o Bloco de Esquerda levou uma moção à Assembleia Municipal do Entroncamento onde sublinha as persistentes “desigualdades estruturais em várias esferas da vida” entre os sexos masculino e feminino. Apresentado a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março, o documento apela ao “combate à cultura machista” e à “coragem de alterar as estruturas do poder estabelecido, os papéis estereotipados e a opressão sobre a mulher”. Aprovado por unanimidade dos eleitos, a Assembleia Municipal reafirma o seu compromisso para com “as lutas que ainda faltam travar”.

“Quatro décadas de democracia permitiram avanços notáveis na luta pela igualdade entre homens e mulheres. Mas persistem desigualdades estruturais em várias esferas da vida, a imprimir uma linha divisória entre elas e eles e espelhar uma teia de relações de dominação cujo fio condutor é o sistema patriarcal dominante”, diz o Bloco de Esquerda na moção apresentada em sessão de Assembleia Municipal do Entroncamento.

Apresentada a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março, o BE relembra a oficialização deste dia há 45 anos pela Organização das Nações Unidas “como símbolo das lutas das mulheres operárias em várias partes do mundo desde o final do século XIX”.

“O que começou por reivindicações por direitos de cidadania e do direito ao voto das mulheres firmou-se como o início de muitas lutas que determinaram conquistas marcantes no campo da igualdade de tratamento e de oportunidades”, lê-se ainda na moção que destaca no caso de Portugal as conquistas como o direito ao voto sem restrições ou ao aborto seguro, a presença maioritária no ensino superior das mulheres e a conquista da representação política.

Mas existe ainda, refere o BE, “aqui e em todo o mundo, a opressão secular do sistema patriarcal, que teima em querer subalternizar as mulheres por serem mulheres. Permanecem os estereótipos de género que condicionam escolhas educativas e profissionais, a segregação nos cargos de chefia e liderança e a desigualdade salarial que se agrava na reforma. Perdura a desigual repartição no exercício das responsabilidades domésticas e com os filhos, assim como a feminização da precariedade, da pobreza e da exclusão social. Mantém-se a naturalização do assédio e da violência doméstica e continuam a morrer mulheres em relações de intimidade”.

Áudio | Maria do Céu Carvalho (BE) sobre moção do Dia Internacional da Mulher:

“São as mulheres as principais vítimas de tráfico, exploração sexual e violação e a justiça machista insiste em desvalorizar a violência, desculpabilizar agressores e responsabilizar as vítimas. Sabemos que estas violências são mais profundas quando se cruzam múltiplas discriminações e por isso esta deve ser uma luta interseccional e internacional”, pode ainda ler-se no documento.

Lembrando o 27.º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, instrumento internacional de referência para a eliminação dos obstáculos à plena igualdade entre homens e mulheres, a moção do BE sublinha o crescimento dos movimentos em todo o mundo.

“Portugal não é exceção e no parlamento e fora dele, assiste-se ao recrudescimento do conservadorismo e reacionarismo, dos comportamentos racistas, machistas e misóginos que trazem consigo a ameaça do retrocesso de direitos, da igualdade, da solidariedade”.

Exigindo um “combate à cultura machista” e “coragem de alterar as estruturas do poder estabelecido, os papéis estereotipados e a opressão sobre a mulher” para se chegar ao objetivo da igualdade, o documento exalta o dia 8 de março como data também para “ganhar balanço para a luta pelos direitos que ainda lhes são negados”.

Nesse sentido, o BE propôs que a Assembleia Municipal do Entroncamento saudasse o Dia Internacional das Mulheres, celebrando as conquistas alcançadas, bem como reafirmasse o seu compromisso com as lutas que ainda faltam travar. Uma moção que foi votada favoravelmente de forma unânime por este órgão deliberativo municipal.

Ana Rita Cristóvão

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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