A proposta do PSD para a atribuição de Voto Público de Reconhecimento e da Medalha de Mérito Cultural a Pedro Dionísio e à TVE – Televisão do Entroncamento pela criação do videoclip “A Máquina”, por ocasião dos 25 anos de elevação do Entroncamento a cidade, voltou a ser travada pelo PS na reunião do executivo camarário desta segunda-feira, dia 20.
O vídeo lançado no Dia da Cidade, em junho do ano passado, tem sido alvo de discussão e troca de acusações entre os dois partidos desde o momento em que o PSD propôs uma homenagem ao músico e ao meio de comunicação social no passado mês de novembro, altura em que se comemora a elevação do Entroncamento a concelho.
O Regulamento de Condecorações do Município do Entroncamento entrou em vigor entretanto e os sociais-democratas apresentaram a proposta na sessão da Assembleia Municipal de novembro, tendo ficado definido que a mesma teria de ser avaliada com maior profundidade. O documento regressou à sessão de fevereiro, que foi chumbado pela maioria e, nessa data, foi decidido que o PSD apresentaria a proposta na reunião de câmara seguinte.

Ambas as sessões da Assembleia Municipal ficaram marcada pelas acusações do PS de se tratar de uma “ação populista”, salientando que o reconhecimento público municipal deveria abranger outros nomes e entidades. O último argumento foi reutilizado pelos elementos socialistas na reunião desta segunda-feira, aos quais se juntou o vereador da CDU, David Ribeiro, cujo conjunto de votos ditou o chumbo da proposta do PSD.
No final da reunião municipal em que o vereador Carlos Matias, do Bloco de Esquerda, não esteve presente, Isilda Aguincha salientou tratar-se “de uma proposta que o partido socialista não quer porque não é sua”. Em declarações ao mediotejo.net, a vereadora do PSD referiu que a primeira abordagem foi feita de forma “não formal” com o intuito de ser “abraçada” pelo PS e os restantes grupos partidários, algo que “por qualquer razão que a razão desconhece” não aconteceu.
A proposta apresentada é encarada como “o princípio de um caminho positivo que hoje iria fazer um reconhecimento ao Pedro Dionísio e à TVE e que, nos momentos seguintes, poderia fazer o reconhecimento a outras pessoas”. Reconhecimento que poderá vir a ser feito em novembro deste ano uma vez que Jorge Faria, presidente da autarquia, pediu aos partidos da oposição para apresentarem sugestões de nomes de outras personalidades e entidades para inclusão numa lista.

O chumbo da proposta do PSD foi justificado pelo autarca ao mediotejo.net pelo facto da mesma “não ser justa para a cidade e para as pessoas que, no seu dia a dia, dão o melhor para a sua cidade”. Jorge Faria não deixou de destacar que o “apreço pela carreira enquanto artista” e pelo contributo de Pedro Dionísio para a cidade “deve ser respeitado e os processos devem ser enquadrados com dignidade”, em referência ao regulamento relacionado com a atribuição de distinções municipais.
A proposta apresentada em Assembleia Municipal foi caraterizada por Jorge Faria como “uma intenção de declarações” e não como “uma proposta concreta”, concluindo que o município apoiou o músico e a TVE que “ainda não está reconhecida como meio de comunicação” na criação do videoclip a nível logístico e financeiro.
A criação do vídeo institucional do município, segundo o presidente da autarquia, terá despoletado a proposta do PSD “para retirar visibilidade ao trabalho que nós fizemos”. Não é contra o Pedro Dionísio, é contra a ligeireza do processo e um aproveitamento político e populista desta situação”.
Ao final do dia, o PSD emitiu um comunicado em que refere a “gestão ditatorial de Jorge Faria e da sua equipa, veio mostrar bem o seu apego aos valores: ordena contra tudo e contra todos de forma sectária, abandona a Assembleia Municipal como abandona a Cidade, tem vergonha do que o Entroncamento é e, além de não o estimar, ainda desvaloriza quem dele quer fazer um lugar melhor”.
O documento acentua o sentido crítico ao salientar que “Jorge Faria tem vergonha da Cidade a que preside e o PSD tem pena que o Senhor Presidente da Câmara ainda não tenha percebido que governar os destinos da Autarquia não é o mesmo que decidir unilateralmente qualquer questão da vida doméstica ou pessoal”.