Maria do Céu Ramos, a presidente do Clube Desportivo de Torres Novas (CDTN), tem 64 anos, é sócia do clube há 28 e está à frente dos destinos dos “Amarelos” há quase uma década. Termina o mandato em junho e não garante a recandidatura. Mas, assegura que não vai deixar cair o clube. Quando sair, quer deixar a tesouraria “de boa saúde” e um projeto para o futebol de formação bem estruturado. Apesar de ter os pés bem assentes na terra e os números sempre na cabeça, a “mulher forte dos Amarelos” ainda sonha ver o CDTN jogar o Campeonato Nacional de Seniores, com um plantel de jogadores formados nas camadas jovens do clube. Por enquanto, mesmo cansada, continua a caminhada, por amor à camisola.

Como é que começou a sua ligação ao Clube Desportivo de Torres Novas (CDTN)?

Eu sou torrejana e tenho ligações com o clube desde sempre. É o clube da minha terra e é o clube que eu amo. Já sou sócia há 28 anos. O meu marido [António José Costa] foi atleta do clube e o meu filho [Nuno Costa] também. Eu acompanhava e ia para todo o lado. Quando estávamos na II Divisão, corríamos tudo, de norte a sul. Até se organizavam excursões. Onde o Torres Novas ia jogar, nós íamos também. Era uma festa, uma alegria. Vivia-se mais o futebol do que agora. Podíamos não ter disponibilidade para mais nada, mas para o futebol havia sempre tempo. Nós eramos muito unidos, uma família grande.

Entretanto, para além de adepta do CDTN, passa a ter funções diretivas. O que é que a levou a assumir essa responsabilidade?
Antes de ter funções diretivas, eu cobrava quotas, desde 2010. Já vinha ver o futebol, convidaram-me e como tinha disponibilidade, aceitei. Cobrava porta a porta, aldeia a aldeia e aos domingos, no estádio, em dia de jogo. Depois, tinha de prestar contas dos valores que recebia e entregar o dinheiro. Então, passei a ser presença assídua e foi quando fiquei com a responsabilidade da tesouraria. Antes de sair, o Eng.º João Martins [ex-presidente da Comissão Administrativa do CDTN], disse-me que eu é que era a pessoa certa para ficar na presidência. Ainda lhe disse que ele era maluco, que isso não era para mim. Mas, como ninguém queria assumir, e porque todos concordaram, assumi eu [2014]. Fui arranjar sarna para me coçar [risos].

Em 2019, depois de mais de 10 anos a ser gerido por comissões administrativas, o clube passou a ter corpos sociais eleitos. Apresentaram-se duas listas a eleições, encabeçou a Lista A e ganhou.
Não estava previsto… Eu não queria. O que aconteceu, foi que apareceu uma lista para se apresentar a eleições. O meu primeiro pensamento foi sair, porque pensei que nunca teria hipóteses de ganhar, como Comissão Administrativa, contra uma Direção. Mas, se nós não apresentássemos lista, eles ficavam cá e nós não queríamos aquelas pessoas a dirigir o clube. Formámos uma lista e ganhámos. A nossa lista teve 108 votos [Lista A] e a outra 34 [Lista B]. Em 2021, a pensar que ia aparecer outra vez a mesma lista, formei novamente uma lista, e não apareceu mais nenhuma. Pronto. Continuei. Estamos cá todos há quatro anos.

A equipa com quem trabalha é uma boa retaguarda? Aquelas 18 pessoas, são as suas pessoas da confiança?
[Baixa os olhos e demora a responder] Tenho de ser sincera, eu pensava que eram. Mas, estou muito desiludida. Para trabalhar, aparecem sempre os mesmos, que são poucos. Eu marco reuniões, a mesma coisa. Pensei que teria mais ajuda da restante direção e não tive.

Tem sido um trabalho solitário?
Sim, muito solitário. Mas, andamos para frente, puxamos as rédeas e avançamos, com os poucos elementos que aparecem todos os dias. Porque, isto não é só vir aqui ao domingo ver o jogo. Isto tem muito trabalho por detrás. E, não posso ser injusta. O José Varela e o Nélson Ramos têm sido o meu braço direito. Os meus pilares. Sem eles, não conseguia. Mas, são precisos mais braços.

O que é que faz no clube, para além das questões institucionais?
Faço tudo. Só não toco no computador, porque isso não sei fazer. Faço muito trabalho administrativo, mas em papel. Depois, cobro quotas, atendo no bar e cobro bilhetes ao portão. E, ao domingo, ainda faço o almoço para todos os jogadores [seniores]. Se for preciso, também lavo a roupa [equipamentos]. E nas festas, estou sempre na organização. Temos de fazer algumas iniciativas para angariar verbas para o clube, porque o dinheiro é sempre escasso. Há sempre contas a fazer.

Com tantas responsabilidades, consegue conciliar facilmente com a sua atividade profissional?
Durmo menos, mas eu também já dormia pouco [risos]. Sou assistente operacional no Centro Hospitalar do Médio Tejo e trabalho por turnos. Consigo, porque faço muitas noites, para poder estar aqui durante o dia. E tenho de agradecer às minhas colegas, porque quando o horário sai e elas percebem que eu estou de serviço ao domingo, perguntam-me logo se quero trocar. ‘Claro que quero, isso nem se pergunta’. De verão, não há jogos, se for preciso, faço eu os domingos todos. E elas têm essa compreensão.

Maria do Céu Ramos – Presidente CDTN

Há quem diga que salvou o clube quando assumiu a presidência, ainda na Comissão Administrativa. Como é que encontrou o clube nessa altura?
Não fui eu que salvei nada. Não fiz nada sozinha, não fui só eu, fomos todos. Quando vim para o clube, nunca pensei que existissem tantas dívidas. Senti-me enganada. Disseram-me que estava tudo bem. E passado pouco tempo, comecei a perceber que não estava nada bem. Devia-se mais de 15 mil euros às finanças. Como é que eu ia arranjar o dinheiro para pagar? Essa dívida condicionava todos os apoios ou patrocínios. E ainda havia uma dívida à Câmara Municipal, à empresa que repara o autocarro e ao escritório de advogados. Fiquei doente, foram muitas noites sem dormir, a pensar como é que ia pagar as dívidas e, ao mesmo tempo, as despesas correntes.

Como é que conseguiu equilibrar as contas?
A bater a todas as portas. Pedi ajuda a toda a gente, principalmente empresas e comércio de Torres Novas. Já nem me podiam ver. Mal eu chegava, perguntavam logo o que é que eu precisava desta vez. A primeira coisa que fiz, foi tentar resolver o problema com as finanças. Conseguimos baixar a dívida abaixo dos 10 mil euros e passaram-nos a certidão de ‘não dívida’ em 2018. Mas, ainda fiquei a pagar uma prestação de cerca de 400 euros, durante dois anos. A partir daí, já podíamos ter apoios da Câmara e passar recibo dos patrocínios. Depois, aos poucos, fomos equilibrando, tirando daqui para ali. Andei a pedir muito, para o clube, não para mim. Foi muito difícil, mesmo. Os miúdos pediam-me bolas e eu não podia comprar. Não podia gastar, para não faltar aos compromissos. Então, houve falta de materiais para os miúdos. Eu não podia… Hoje em dia, têm tudo o que me pedem, bolas, redes, pinos, tudo o que eles precisam.

Não é formada em economia nem em gestão. Mesmo assim, é boa em contas…
Ás vezes a persistência e a teimosia valem mais do que um curso. Fui muito teimosa. Fui fazendo a gestão entre o que entrava e o que saia, com muito cuidado. E sem faltar aos compromissos. A minha teimosia era meter as contas em dia. E ás vezes, por mais contas que fizesse, era complicado. Então, teimava e conseguia.

“Nós ouvimos aqui de tudo. Chegam a dizer que metemos dinheiro ao bolso e que canalizamos o dinheiro do futebol jovem para os seniores. Isso é tudo mentira. O dinheiro da formação é para pagar aos treinadores da formação.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN

O que é que a faz resistir e continuar a dar o peito às balas, apesar de tantas dificuldades?
O amor que eu tenho ao clube. É só isso que me faz continuar. Se os “Amarelos” acabassem agora… eu não sei o que faria [emociona-se]. Eu gosto muito desde clube e não é porque me tenha dado alguma coisa a mim, mas porque eu sinto-me útil, porque sei que dei alguma coisa ao clube. Por isso, o que menos quero, é que o clube caia em mãos que possam destruir tudo aquilo que eu e os meus colegas conseguimos conquistar com tantas dificuldades. É por isso que estamos a lutar. Mas, eu estou muito cansada. Muito cansada, mesmo. Nós ouvimos aqui de tudo. Chegam a dizer que metemos dinheiro ao bolso e que canalizamos o dinheiro do futebol jovem para os seniores. Isso é tudo mentira. O dinheiro da formação é para pagar aos treinadores da formação.

E neste momento, como está a tesouraria do CDTN?
Hoje, posso dizer que está bem. Dívidas, há sempre dívidas. Mas, são coisas recorrentes do dia a dia e que nós vamos pagando. A minha maior preocupação é conseguir que os treinadores tenham o vencimento deles em dia. E neste momento, está tudo em dia, formação e seniores. Jogadores, não vou mentir. Ás vezes não consigo pagar a todos ao mesmo tempo. Não é um “bolo” muito grande, para eles é pouco, mas para nós, é muito dinheiro se for pago todo de uma vez. Posso dizer que tenho atletas a ganhar 75 euros e a partir daí, até um máximo de 150 euros. Felizmente, eles compreendem e chegam a dizer, quando lhes vou pagar, que se não poder pagar agora, pago depois. Alguns até pedem para eu lhes pagar tudo no fim da época. E eu tenho muito a agradecer a confiança que eles depositam em mim. Mas, eu também lhes digo, que se algum dia tiverem dificuldades, que venham ter comigo, que arranjamos uma solução. E uma coisa é certa, nunca fiquei a dever nada, nem um tostão, a nenhum jogador.

“Ninguém imagina o que eu fico feliz e até emocionada quando vejo um jogador marcar golo e beijar o símbolo. Este clube é especial. Há uma mística que não se explica e eles sentem-na na pele. Isso é muito bonito.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN

Pode dizer-se que jogam mesmo por amor à camisola…
Disso, que ninguém duvide. E não são só os seniores, são todos. Ninguém imagina o que eu fico feliz e até emocionada quando vejo um jogador marcar golo e beijar o símbolo. Este clube é especial. Há uma mística que não se explica e eles sentem-na na pele. Isso é muito bonito.

Durante todos estes anos, quase uma década, quais foram as suas maiores lutas e as suas maiores conquistas?
A maior luta foi arranjar o dinheiro para pagar as dívidas. A maior vitória foi ter conseguido pagá-las e não ter acumulado mais dívidas. Muitas vezes tenho de meter travão e não me arrependo. Por exemplo, na contratação de jogadores, prefiro dizer que lhes pago 100 euros e efetivamente conseguir pagar-lhes 100 euros, do que dizer que lhes pago 300 euros e não conseguir pagar, como alguns por aí fazem.

“A maior luta foi arranjar o dinheiro para pagar as dívidas. A maior vitória foi ter conseguido pagá-las e não ter acumulado mais dívidas. Muitas vezes tenho de meter travão e não me arrependo.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN

Condicionando a contratação de jogadores, corre o risco de comprometer resultados. Convive bem com isso?
Tenho de conviver. O clube tem uma história e nessa história estão marcados grandes resultados. Mas, temos de ser realistas. Eu gostava muito que o CDTN estivesse no Campeonato Nacional de Seniores. Não posso… as taxas de jogo são muito mais caras, as deslocações muito maiores e os custos com refeições também, não conseguia arranjar um almoço para os atletas por menos de 200 euros. Aqui, faço eu o almoço, por 50 ou 60 euros. Há domingos em que a bilheteira nem chega para a taxa de jogo. Não vamos endividar-nos outra vez, isso não. No futuro, quando o clube estiver melhor, gostava muito de o ver lá em cima, isso gostava. E espero ver.

“Tenho sentido e tenho visto mais gente a acompanhar a equipa. E estão a vir mais jovens. Isso deixa-me muito satisfeita. Acho que tem a ver com os próprios jogadores, a maioria é aqui da terra ou arredores. Então, vêm a mãe, o pai, os avós, os tios, os primos, os amigos e as namoradas. E, como temos alguns jogadores seniores a acompanhar os treinos dos mais novos, eles acabam por trazer esses atletas ao estádio. Há muitos atletas dos escalões de formação que vêm ver os seniores.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN

Vai pouca gente ao Estádio?
Isso tem vindo a mudar, felizmente. Tenho sentido e tenho visto mais gente a acompanhar a equipa. E estão a vir muitos jovens. Isso deixa-me muito satisfeita. Acho que tem a ver com os próprios jogadores, a maioria é aqui da terra ou arredores. Então, vêm a mãe, o pai, os avós, os tios, os primos, os amigos e as namoradas. E, como temos alguns jogadores seniores a acompanhar os treinos dos mais novos, eles acabam por trazer esses atletas ao estádio. Há muitos atletas dos escalões de formação que vêm ver os seniores. Ainda há pouco tempo, apareceu uma equipa inteira. Até trouxeram cartazes com o nome do jogador que os treina. Estamos a trabalhar nesse sentido, a tentar estreitar a relação entre os seniores e as camadas jovens e parece-me que essa estratégia está a resultar. Eles estão a sentir a tal mística. Nunca esperei ver tanta gente no estádio, como vi contra o Entroncamento. Há muito que não se via uma coisa assim.

É isso que a faz feliz, ver o Estádio composto e sentir o apoio dos adeptos aos “Amarelos”?
Sim, isso faz-me muito feliz. Isso, e sentir o reconhecimento das camadas jovens. Quando me veem em qualquer lado… ‘Olha a D. Céu, a nossa Presidenta!’. É assim que me tratam. E eu gosto muito, porque sinto a estima e o carinho que têm por mim.

“A grande aposta é claramente na formação. Que não haja dúvidas. É esse o trabalho que estamos a fazer. (…) Queremos que os atletas cheguem ao CDTN e vão subindo de escalão, até integrarem o plantel dos seniores. Que sejam felizes por cá e que sintam orgulho do emblema que carregam ao peito. As camadas jovens estão sempre em primeiro lugar. Os seniores, são importantes, mas são assim, um “departamento” diferente.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN
Maria do Céu Ramos – Presidente CDTN. Fotografia: mediotejo.net

Qual é a grande aposta do CDTN para as próximas épocas?
A grande aposta é claramente na formação. Que não haja dúvidas. É esse o trabalho que estamos a fazer. Temos 180 atletas inscritos na formação. Temos um bom coordenador [Abílio Oliveira], um homem de boas relações, (o que ajuda muito). Temos vindo a apostar em bons treinadores. E eu também estou mais próxima da formação, do que estava há dois anos. Queremos que os atletas cheguem ao CDTN e vão subindo de escalão, até integrarem o plantel dos seniores. Que sejam felizes por cá e que sintam orgulho do emblema que carregam ao peito. As camadas jovens estão sempre em primeiro lugar. Os seniores, são importantes, mas são assim, um “departamento” diferente [risos].

Quantos atletas tem o CDTN?

Temos 180 atletas inscritos nas camadas jovens e 27 nos seniores. Depois, temos ainda a patinagem artística, são mais 50 atletas.

Diz-se que é uma mulher teimosa e de pulso. Isso corresponde à verdade?
Tenho de dizer que sim. Sou muito teimosa e quando meto uma coisa na cabeça, dificilmente me dão a volta. Sou muito persistente. Enquanto não consigo o que quero, não desisto. Mas, em casa eu sou a mesma coisa. Já o meu marido dizia o mesmo.

Mas, trabalha com uma direção. Consegue ouvir os outros?
Consigo, claro que consigo. E se for preciso, se eles têm razão, eu dou-lhes razão e dou o braço a torcer. Se não tiverem razão, não lhes dou razão e não me calo. Já sabem como é [risos].

Para além de ser presidente do CDTN, é também uma adepta aguerrida, defensora máxima dos “Amarelos” …
Pois sou. E isso nunca vai mudar. Nem no dia em eu que sair da direção. Vou continuar a acompanhar sempre o Torres Novas. Nessa altura ainda posso gritar mais [risos]. Agora estou um bocadinho mais caladinha, porque apanhei uma multa de 100 euros e 1 mês de suspensão, por refilar com os árbitros. Ando mais seleta nas palavras [gargalhada]. Eu vivo isto, o que é que posso fazer? Até entro no balneário. Ganham ou percam. Ou lhes puxo as orelhas ou festejo com eles. E quando perdem, digo sempre, ‘Domingo há mais. Isto hoje, nem que a gente estivesse a chutar à baliza o resto da tarde, não entrava lá nenhuma’. Tenho de os animar, não é?

Maria do Céu Ramos – Presidente CDTN

Sofre muito com as derrotas?
Ui… se sofro. Nessa noite, nem consigo dormir. Ponho-me a pensar em tudo. Sofro muito, mesmo.

E vibra com as vitórias…
Completamente! Vibro mesmo. É uma alegria que me dão.

Já conhece as regras do jogo?
Sim, alguma coisa. Pelo menos os fora de jogo, os livres… isso já percebo. Há mais de 20 anos a acompanhar, tinha de saber alguma coisa. E tenho estudado muito sobre isso, que é para não me enganar [risos].

No dia 19 de janeiro, o CDTN comemorou os 98 anos da sua fundação. Daqui por dois anos, comemora-se o centenário. Ainda espera comemorar o centenário enquanto presidente do CDTN? Vai recandidatar-se em junho de 2023?
Tenho colegas que vão deixar a direção. E eu sinto-me muito cansada. Tenho muita gente a pedir-me que continue, pelo menos por mais dois anos. Mas eu preciso de ajuda. E não tenho muita gente para me ajudar. Venho aqui quase todos os dias, passo mais horas cá do que em casa. Tenho muitas coisas às minhas costas. Sinto-me sozinha.

Porque não tem ajuda ou porque canalizou tudo para si e não consegue delegar?
É verdade que a certa altura, quando aqui cheguei e me deparei com aquele problema todo [dívidas], eu fiz questão de canalizar tudo para mim, para poder ter o controlo máximo de tudo. Não queria que me falhasse nada. Depois, foi difícil livrar-me disso. Nesse aspeto, se calhar a culpa foi um bocadinho minha, que não consegui delegar.

“Não vou deixar as chaves à Câmara e entregar-lhes o Clube. Claro que não vamos deixar o Clube cair. Mas, se aparecer uma direção nova, que eu acredite que vai ser capaz de dar continuidade ao nosso projeto e de fazer andar o clube para a frente, então eu saio. Posso ajudar na retaguarda quando for preciso. Mas, saio. Tenho de pensar muito bem nisso, ainda não decidi.”

Maria do Céu Ramos, presidente do CDTN

O que é que gostava de deixar feito antes de sair?
O resto das obras lá em cima, junto ao sintético. Gostava que aquelas obras começassem. Nós temos 180 atletas das camadas jovens. Mas, podíamos ter muitos mais. Não temos condições para os ter, porque não temos espaços de treino suficientes. Na relva, só os pequeninos é que podem treinar e é atrás da baliza. Gostava muito que avançassem com o outo campo sintético e com os balneários de apoio.

Mas, não me respondeu. Pondera recandidatar-se ou essa hipótese está mesmo colocada de lado e vai passar a pasta da presidência ainda este ano?
Se não houver mais lista nenhuma, temos de constituir nem que seja uma comissão administrativa. Não vou deixar as chaves à Câmara e entregar-lhes o Clube. Claro que não vamos deixar o Clube cair. Mas, se aparecer uma direção nova, que eu acredite que vai ser capaz de dar continuidade ao nosso projeto e de fazer andar o clube para a frente, então eu saio. Posso ajudar na retaguarda quando for preciso. Mas, saio. Tenho de pensar muito bem nisso, ainda não decidi.

O que é que sonha para o Torres Novas?
[Respira fundo] O que eu sonho para o Torres Novas é que continue no bom caminho em que está. E um dia, gostava de ver o CDTN onde ele merece estar, como já disse, no Campeonato Nacional de Seniores. De preferência, com um plantel de jogadores formado nas nossas camadas jovens.

Acha que é reconhecida pelo trabalho que tem feito?
Por certas pessoas, sim. Por outras, não. Mas eu também não estou aqui pelo reconhecimento. Estou aqui, porque sou precisa. E estou aqui, porque gosto. Por amor ao CDTN.

Natural de Torres Novas, licenciada em jornalismo, apaixonada pelas palavras e pela escrita, encontrou na profissão que abraçou mais do que um ofício, uma forma de estar na vida, um estado de espírito e uma missão. Gosta de ouvir e de contar histórias e cumpre-se sempre que as linhas que escreve contribuem para dar voz a quem não a tem. Por natureza, gosta de fazer perguntas e de questionar certezas absolutas. Quanto ao projeto mais importante da sua vida, não tem dúvidas, são os dois filhos, a quem espera deixar como legado os valores da verdade, da justiça e da liberdade.

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