Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal da Barquinha Foto: mediotejo.net

Com uma programação musical, cultural, gastronómica e desportiva muito diversificada e que vai decorrer durante cinco dias (de 9 a 13 de junho) no parque ribeirinho de Vila Nova da Barquinha, um dos pontos altos vai acontecer no último dia da XXIV Feira do Tejo, na segunda-feira (feriado municipal), com uma homenagem a entidades e personalidades naturais do concelho e que se distinguiram em áreas como a saúde, economia, música, fotografia ou desporto.

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O que significa o regresso deste evento, após dois anos de interregno pandémico, e também o que significa para os munícipes poderem voltar a ter a Feira do Tejo, evento maior do concelho de Vila Nova da Barquinha?

É uma festa de encontros, uma festa e também das próprias coletividades, uma festa da família e essencialmente também uma festa virada para os nossos vizinhos e também para os nossos emigrantes que nesta altura, todos os anos em Junho, pelo menos era assim até 2019 e não aconteceu nos anos seguintes devido à situação pandémica que vivemos. Mas tem muito de convívio, muito de fraternidade, muito de abertura de espírito, muito de alegria e de partilha de experiências e de comunidade. E, de facto, é uma alegria podermos, passado estes dois anos, voltar a encontrar, podermos voltar a sorrir, podermos voltar a conviver, podermos voltar a ver pessoas que já não víamos há muito tempo porque também de facto a pandemia trouxe-nos algumas reservas em termos de contactos sociais, mas depois do trabalho também convém haver sempre uma festa e uma alegria e um convívio e uma partilha, é fundamental, nomeadamente para as nossas mentes e também para o nosso estado de espírito. É isso que importa e é isso que são as festas do concelho.

De 9 a 13 de junho, são cinco dias de festa com um programa eclético, com atividades desportivas, culturais, musicais. O que destaca desta programação?

Muitas atividades culturais, muitas atividades desportivas, muitas atividades musicais e também muitas atividades de mostra e de entrega das próprias coletividades, que de facto vêm para o parque ribeirinho e vêm mostrar aquilo que fazem durante o ano, naquilo que desenvolvem da sua atividade cultural, desportiva, filantrópica e também musical. Hoje, objetivamente, também existe a questão da música, objetivamente, aquele que é mais o cabeça de cartaz é o The Gift, depois também a Orquestra Ligeira do Exército, depois também os tributos a várias bandas, nomeadamente musicais, aqui nomeadamente aos Scorpions e também de facto, esta questão que é o artesanato, ou seja, levar isto com alegria, com as tasquinhas, com os convívios e também com objetivamente com umas salutares bebidas, desde que não sejam em excesso, é sempre bom. Esperemos que o tempo também corresponda, porque estamos a falar de uma atividade que se desenvolve ao ar livre, nos nove hectares do Barquinha Parque que, basta estar com tempo e basta estar sol, para termos de facto a garantia que temos casa cheia. As vezes o tempo trai-nos, esperemos que este ano o São Pedro seja nosso amigo. Este ano também temos um evento muito importante, que é o reconhecimento por parte do município das entregas das medalhas municipais também a fazer no dia do concelho, dia 13, das pessoas que de facto também são naturais de Vila Nova da Barquinha, que aqui deixaram de permanecer, que foram lutar por melhores vidas, para a sua carreira, mas que nunca esqueceram e nunca deixaram de gostar e também de participar em termos sociais na própria vila. Daí a vantagem também de termos um reconhecimento pelo mérito, e é isso que vamos fazer com a entrega também das medalhas de mérito municipal a estas entidades para pessoas coletivas, nomeadamente empresas, e também pessoas singulares, nomeadamente pessoas, cidadãos a quem o município reconheceu o mérito e também o seu denodo e a sua entrega ao concelho.

Além de explorarem os quiosques e tasquinhas – algo normal – as associações colaboram “extensivamente” na programação. Como encara as coletividades e a importância do associativismo no concelho?

É fundamental, temos muito perto de quatro dezenas de coletividades das mais variadas áreas, desde a questão do altruísmo, do socorro de pessoas à cultura, à música, ao desporto e na cultura temos o fado, temos o jazz, temos o teatro, temos a dança, temos tanta variedade de coletividades e tão ricas – temos o rancho folclórico também de Tancos – temos a banda de música dos Bombeiros, são tantas atividades ricas que, de facto, são a essência das próprias festas. São as coletividades, porque elas emanam do tecido social onde estão inseridas. Se temos coletividades que, de facto, durante o ano desenvolvem atividades transversais no concelho e também fora do concelho, temos o Barquinha Saudosa e temos tantos exemplos que participam e que se envolvem na própria comunidade e depois tem repercussão objetivamente também nas próprias festas. E mais que isso, aliás, há muitas outras coletividades que para além também da parte desportiva, como o Grupo Coral Tancos como é o União Desportiva Atalaeinse, é uma altura também que de facto se entregam de alma e coração, porque os recursos são escassos, nomeadamente em termos financeiros, e temos que os gerir com parcimônia e com muito cuidado. É nesta altura que eles vêm aqui às festas e que de facto tentam alavancar algumas mais valias nomeadamente em termos financeiros para no fundo poderem amealhar para depois poderem desenvolver a sua atividade durante o ano e é isto que se passa.

Aconteceu que durante estes dois anos de estado pandémico, a situação se agravou para eles, mas também a Câmara Municipal não deixou de os acompanhar e de manter todos os subsídios que mantinha, quer tivessem atividade quer não tivessem atividade, no sentido também do facto de para que elas continuem a permanecer vivas, porque são elas, de facto, como disse, a essência das próprias festas.

Foto: mediotejo.net

Expetativas para o evento? Conta com uma afluência maior do que a habitual, tendo em conta os dois anos em que não se realizou?

Também temos de ter uma noção de que de facto o efeito pandémico não foi embora. Nós ainda temos ainda aqui resquícios. Objetivamente, e neste momento o R1, como sabemos ao tempo que estamos a falar hoje, infelizmente o resultado é que de à 30 dias para cá, hoje é o primeiro dia que, de facto, estamos a decrescer em termos de efeitos, nomeadamente infetados. E depois temos também um problema que é um problema internacional, que é o problema da guerra. Ou seja, eu acho que a expectativa é elevada, até porque as pessoas têm de facto falta de convívio, falta de partilha, de relações humana, é isso que estamos a falar. As pessoas ficaram fechadas durante muito tempo e isso é público e notório, nomeadamente os eventos que vão se realizando, quer com alguns concertos que aí estão, quer com alguns eventos desportivos que tivemos recentemente, nomeadamente a questão do BTT em que houve um grande número de participação. Aliás, atingimos o recorde de participação no BTT. Há de facto uma grande expectativa para que as coisas corram bem. Mas temos de ter também alguns cuidados, nomeadamente nestas situações que ainda não estão completamente desanuviadas, diga-se assim, ainda temos algumas nuvens no horizonte, mas com o respeito por todos e também de facto, seguindo as regras, não exagerando, nomeadamente em situações que podem eventualmente descambar para situações mais complexas. Penso que não é o nosso caso, aliás, temos um parque de cerca de nove hectares, dá perfeitamente para as pessoas se espalharem, estarem livres à vontade e podemos de facto finalmente conviver e partilhar experiências. E também contar muitas histórias e também de facto, é isso que nos leva a viver e a sentir os territórios, contar histórias também e contar coisas boas e menos boas, como em tudo na vida.

O próprio nome do evento remete para o rio, “Feira do Tejo”. A ligação e a história de Vila Nova da Barquinha com o rio é antiga e estreita, que leitura faz atualmente sobre a importância e a ligação entre o rio tejo e o concelho barquinhense e as suas gentes?

“Pelo Tejo vai-se para o mundo”, já dizia Fernando Pessoa e aí não há nada a dizer sobre isso, é o principal rio da Península Ibérica, ponto, nem há discussão nisso. Mas também temos de facto o nosso rio Zêzere que, como se sabe, também estamos a abrir os trilhos panorâmicos também do Zêzere, depois de termos acabado os Trilhos Panorâmicos do Tejo, que liga Constância a Vila Nova da Barquinha, também queremos ligar o Cafuz, Limeiras e Matos e também até Constância, ou seja também de facto de mostrar o nosso território, são territórios extremamente belos, de paisagens ribeirinhas, e é importante olharmos para o rio Tejo como estrutura como esqueleto. Há muitos projetos nomeadamente de sustentabilidade como tem sido um movimento PROtejo, ou seja de termos águas completamente mais limpas, o rio ser menos poluído a questão da fauna e da flora endógena também, de a preservarmos, também as nossas margens do nosso Tejo, mas isto também é um processo cultural, ou seja também as pessoas também têm que de facto participar em termos da reciclagem, em termos ambientais e em termos da própria recuperação do próprio património.
Isso é visível aliás, o sucesso de Vila Nova da Barquinha e do seu crescimento e também do seu “alindamento” nomeadamente em termos paisagísticos e também em termos urbanísticos,
teve muito a ver com este voltar para o Tejo. Esta nova mudança que aconteceu. Nomeadamente a partir da construção do Parque Ribeirinho e com a implementação depois em 2012 do Parque de Escultura Contemporânea, em que de facto nesta parte que era uma parte abandonada, foi construído um parque de excelente qualidade, aliás é referenciado por todas as pessoas que o visitam, nomeadamente em tempos nacionais e também internacionais, que permitem de facto um salutar convívio, e esta nova atitude, este paradigma de voltarmos para o rio, de criar atividades no rio, desde que sejam ecológicos desde que sejam de salutar e desde que sejam ambientais, no sentido de preservarmos um bem fundamental para toda a gente, e que no fundo é uma riqueza, porque serve-nos para a alimentação com a pesca, serve-nos para atividades desportivas como a canoagem, como o paddle,  e também como outras atividades que existem e que têm o futuro, e por outro lado também temos uma grande vantagem que é uma vantagem nomeadamente em termos turísticos, ou seja um recurso de facto próprio para o turismo, nomeadamente a questão do Castelo de Almourol e também dos trilhos panorâmicos do Tejo, é uma mais valia. De facto o território é muito apetecível, é muito convidativo para o passeio e essencialmente devido a uma situação que tem a ver com qualidade de vida e também com sustentabilidade ambiental, que temos de conseguir manter e queremos manter nomeadamente na questão do tejo.

São já alguns anos como autarca, primeiro como vereador, depois como presidente da Câmara, acompanha de perto a evolução do concelho desde há uns anos a esta parte. Como vê atualmente o concelho e analisa a sua evolução?

Às vezes as pessoas que estão nos territórios não se apercebem do seu crescimento, da sua evolução, da sua recuperação, e também da vontade de quem quer seja o autarca – e quando falo do autarca, não podemos agradecer ao presidente da câmara, que o presidente da câmara faz parte de uma equipa e na equipa está desde o assistente operacional até ao técnico superior ou chefe de divisão e os vereadores, é toda a equipa. Toda a gente trabalha para o mesmo objetivo. De facto é pública e é notória e é visível. Vila Nova da Barquinha está bonita, está atraente, há muita gente a querer se vir instalar em Vila Nova da Barquinha e também de facto são estes pequenos carinhos que nos vão dando, não ao presidente da câmara mas a toda a gente, e toda a gente de facto aprecia e gosta de vir visitar esta terra, em que neste momento sou eu depois há-de vir alguém a seguir mas que cabe dar o melhor de si, a pensar nos outros, e essencialmente também na valorização do patrimonial e também na valorização das nossas gentes que aqui vivem e que aqui optaram por querer viver.

Foto: mediotejo.net

A habitação, ou a falta dela, está a ser já um problema no concelho?

Há seis/sete anos tínhamos para aí casas abandonadas por tudo quanto era sítio, e de facto é um problema que temos neste momento entre mãos, mas não só. Atenção porque de facto tem havido uma grande procura nomeadamente na zona de Atalaia, e Vila Nova da Barquinha e Moita e Cardal, ou seja são zonas que de facto estão mais centrais e que estão mais perto dos centros urbanos gravíticos, é muito importante perceber, isto nomeadamente estamos muito perto das infraestruturas A13 e também A23, e também da linha de caminho de ferro,
mas ainda temos muitas casas para ofertar nomeadamente na zona da praia e na zona de Tancos, ou seja acho que são territórios também lindíssimos que cada vez também estão a valorizar e também já há alguma procura para estes territórios.
E tive o cuidado na altura, no âmbito dos projetos de regeneração urbana, classificar todos estes territórios em áreas de regeneração urbana, ou seja tem incentivos fiscais e também em impostos para as famílias que aqui se querem no fundo criar os seus lares e aqui permanecerem em termos de qualidade de vida, e que são também lugares espetaculares para viver. Esperemos que conseguimos de facto responder às solicitações que nos vão criando, que nos vão colocando, mas de facto não estava à espera de uma procura tão intensa neste território, o que é bom sinal. Significa que as pessoas de facto reconhecem o trabalho feito por todas as equipas das Juntas de Freguesia e das Câmaras Municipais, de toda a envolvência da própria comunidade também, não é só as Câmaras que trabalham para os territórios, são também as próprias comunidades, e falávamos também das associações, que muito dão de si, quer Associações de Pais, no âmbito da escola – que é um bom exemplo. Um dos grandes projetos que temos é a aposta na escola em Vila Nova da Barquinha e na educação em Vila Nova da Barquinha. Muito do orçamento municipal também vai para essa área temática e não é por acaso que no último ano, objetivamente, crescemos perto de 100 alunos nas inscrições nas nossas escolas. Ou seja, isto completamente em contraciclo daquilo que é normal, alguma coisa se passa, ou seja não há nada. há uma velha máxima que é da Base Aérea nº3, rege não verba, factos e não palavras, os factos rezam e contam que de facto temos regeneração urbana e de sobremaneira a vila extremamente requalificada e alindada, os factos contam que de facto a escola é excelente e que as pessoas vêm à procura nomeadamente dessa oferta. E essa oferta é de facto muito sensível para os pais que querem para os seus educandos o melhor que podem dar em termos de escola e em termos de percurso de vida. 

A Zona Industrial de Vila Nova da Barquinha está a ter uma grande expansão nos últimos tempos. Foto: mediotejo.net

A Zona Industrial está também a ter uma grande expansão, com vários interessados em instalar negócio no concelho de Vila Nova da Barquinha. O que tem a dizer sobre esta temática?

A zona industrial de facto tem uma excelente localização, porque está precisamente no nó da A13, da A23 e também muito perto da ferrovia, nomeadamente o porto seco do riacho onde, nomeadamente para termos uma noção, ainda no outro dia me contavam que iam 16 comboios para Sines, de mercadorias. Significa que a região tem condições excelentes, nomeadamente em centralidade e Vila Nova da Barquinha, depois de um período menos intenso de procura, nomeadamente a zona industrial está a atingir um boom significativo. Devido à situação guerra da Ucrânia houve alguns constrangimentos, mas que vamos no final do ano ter muitos postos de trabalho, muito perto de ter 800 postos de trabalho ou mesmo ultrapassando este valor na nossa zona industrial. Isso é muito bom e é também transversal à nossa região toda, quer da região de Torres Novas, do Entroncamento, quer de Tomar e o que os empresários querem é zonas centrais (…) Vila Nova da Barquinha tem uma linha verde, ou seja, priorizar o investimento sem colocar em crise e os dados administrativos, mas tem havido um processo de aceleração processual, nomeadamente com o Gabinete de Apoio do Alojamento Local, também trabalho em conjunto com o Gabinete do Presidente da Câmara, quer também depois objetivamente com a criação, quer do nosso ninho de empresas, devido à centralidade e devido à oferta, nomeadamente temos uma Loja do Cidadão, temos todos os serviços muito perto uns dos outros e de facto, no ano passado o jornal Expresso disse que erámos primeiro concelho em termos de atendimentos, administrativos e urbanísticos da região e do país. Aliás um trabalho feito pela Ordem dos Arquitetos, porque são eles que trazem os projetos para apreciação à Câmara Municipal. Ficamos de facto muito contentes com o trabalho desenvolvido por todos, por toda a equipa da Câmara Municipal. O investidor não se compadece com prazos demorosos, não se compadece com burocracias que adiem o seu investimento, temos de estar aptos a desenvolver os seus pedidos no sentido de que haja uma resposta rápida e concreta e que eles de facto consigam instalar-se. É isso que está a acontecer felizmente e esperemos que no final do ano tenhamos o parque cheio, estamos a pensar no alargamento da zona industrial, para isso temos terrenos confinantes á zona industrial, uns são nossos, outros não são nossos, outros são privados, mas neste momentos andamos perto de 37 hectares, mais uns 40/70 hectares de um privado, andamos muito perto dos 130 hectares, estamos a falar de muito terreno e com um plano de pormenor, depois com uma alteração ao Plano Diretor Municipal podemos instalar de facto mais indústria, mais capacidade, mais economia, mais mercado e mais emprego, que é isso que é importante para o nosso concelho.

Recentes obras ao nível do saneamento, pedia-lhe uma palavra a propósito da taxa atual de cobertura de saneamento básico (97%) e de acesso a rede internet no concelho.

Acabando a situação das Limeiras e de Matos, ficaremos muito perto dos 97% saneamento básico, eu acho que é justo para aquelas populações. É muito mais fácil de facto construir e edificar em zonas que já têm os seus saneamentos e que têm as suas infraestruturas, mas também são cidadãos e vivem no outro lado do concelho, nomeadamente também zonas de turismo lindíssimo, mas são cidadãos e não tem o respetivo saneamento e também têm alguma dificuldade nomeadamente no campo da internet, da fibra. Eu percebo que estas empresas, nomeadamente estas empresas que visam o produto, que é o produto que é o lucro e às vezes esqueço-me um bocadinho das regiões mais periféricas. O objetivo do Presidente da Câmara é tentar equilibrar este afastamento destas áreas que são fundamentais, como as zonas com mais interioridade, esperamos neste momento, há outra zona das Limeiras não foi abrangida, mas que entretanto já nos fizeram o pedido e vamos fazer o levantamento topográfico no sentido de englobarmos na parte de saneamento, estou a referir-me à zona das Laranjeiras e outros sítios que não foram contempladas no saneamento. Ou ficam muito perto, na altura em que se fez o projeto, que se fez há 15/16 anos e os tempos também evoluem e também vamos ajudar nisso. Neste momento já fiz um despacho esta semana para se fazer um levantamento topográfico dessas áreas para que também tenham saneamento. Vamos também ter a norte da Atalaia saneamento, o que permite de facto sermos um concelho único na questão da saúde pública e nas águas residuais.

E é muito importante ter esta filosofia, e na questão do rio Tejo, a jusante dos sistemas de água, se façam o tratamento dos esgotos, ou seja, algumas situações nas linhas de água que tenham efeitos minimalistas contra a questão da ecologia e também dos habitats. E é fundamental o saneamento, é uma coisa que é cara, é muito investimento, estamos a falar de um investimento de perto de 1 milhão de euros, na zona das Limeiras, perto de meio milhão de euros na zona da Atalaia, mas são territórios que merecem tal e qual como os outros. Há o princípio da distribuição e o princípio do equilíbrio do bem-estar de cada um e eu acho que é mais que justo que passado tantos anos as pessoas não serem cortadas de terem a sua ligação ao saneamento, tenham a qualidade de água e de habitação, que no fundo sejam retribuídas, este é o princípio da distribuição, com a colocação de infraestruturas fundamentais para a qualidade de vida.

Foto: mediotejo.net

Quais os maiores desafios que se vislumbram no futuro para Vila Nova da Barquinha?

Essa é uma boa temática, aliás dentro em breve irei abrir essa discussão, isso faz parte do plano estratégico, mas isso caberá já a outras pessoas que não a mim. Eu neste momento tenho o princípio de cumprir os programas eleitorais e sempre os cumpri, nunca prometendo muito, mas aquilo que eu tinha prometido e que vamos continuar a lutar é a instalação, nomeadamente da requalificação do aeródromo de Tancos, penso que é uma infraestrutura essencial para a região e não para o concelho. Temos que começar a pensar numa visão muito mais abrangente e muito mais interadministrativa, não no sentido do nosso concelho, que a gente ama e que a gente gosta, mas no sentido em que somos de facto, os contactos são muito ténues de Tomar, Torres Novas, de Abrantes, de Constância e da Barquinha, do Entroncamento é tudo muito ténue. As relações das pessoas, temos amigos em todos os concelhos, é muito importante alavancarmos o projeto do aeroporto de Tancos ou da situação que nos caracteriza com a sustentabilidade das unidades militares que ali estão e que fazem parte da vivência da nossa comunidade e também dão muita riqueza, esta é sem dúvida uma das minhas ambições que gostaria de concluir antes de acabar este mandato.

A questão de uma nova travessia na zona é também uma preocupação?

Tem sido, tem sido uma grande preocupação nossa. Aliás, são duas pontes que a gente gostaria de fazer, uma que é a praia do ribatejo, que liga a praia e Constância Sul, com problemas de infraestrutura, nomeadamente não poder passar autocarros e camionetas com peso superior a 3 toneladas e meia, por razões de segurança. Uma ponte provisória que foi suportada pelo orçamento municipal da Câmara da Barquinha e de Constância, somos os dois que estamos a suportar, no fundo o funcionamento de duas estradas nacionais, caso se calhar único em Portugal, mas o nosso objetivo é de facto continuarmos também com a Câmara de Constância e com a Câmara de Abrantes tentarmos utilizar uma ponte para aquela área, até pelo interesse pelas empresas situadas na zona do Tramagal, que faz todo o sentido que assim seja, nomeadamente da Mitsubishi, dos vinhos, dos curtumes e da questão da cortiça, as empresas da zona do Tramagal são fundamentais para a nossa região.

Por outro lado, a conclusão de uma peça fundamental que é a conclusão da A13. A A13 ficou cortada na Atalaia e faz todo o sentido ligá-la até Almeirim, no sentido de agilizarmos ás próprias empresas um fluxo rodoviário para em termos comerciais. Acho que é importante resolvermos de uma vez por todas o problema por causa dos resíduos, dos resíduos da parque do Relvão, contra as normas do direito europeu, continua a circular pelas vilas da Chamusca e das restantes vilas Alpiarça e Almeirim resíduos altamente contaminados que circulam no meio das populações, contra o direito europeu e contra aquilo que tinha sido prometido na altura, aquando da construção do eco parque do Relvão que recolhe todos os resíduos de toda a qualidade, incluindo os hospitalares nacionais e que de facto, não foi contemplada com a questão da ponte da Chamusca. E importa de uma vez por todas colocá-la na agenda, aliás também neste momento ainda há três semanas recebi o movimento de cidadãos que está a lutar para que essa ponte seja construída, no sentido de do facto de desviar essencialmente os resíduos contaminados ou resíduos perigosos das zonas urbanas e das zonas povoadas e no sentido de eles chegarem a bom porto para serem devidamente tratadas no eco parque do Relvão e assim de facto melhorar a sua qualidade de vida enquanto cidadãos.

A Ponte de Praia do Ribatejo liga esta freguesia a Constância Sul. Atualmente não permite a passagem de pesados e a circulação de viaturas é feita num só sentido, alternadamente. Créditos: DR

Vila Nova da Barquinha acaba por ser um concelho pequeno, à semelhança de outros concelhos como Constância, por exemplo, diferente de realidades como a de concelhos como Tomar, Torres Novas ou Abrantes. Como é ser autarca num concelho destes?

Ser autarca num sítio destes é uma grande vantagem, para já ir logo na hora averiguar o que se passa e ver os factos que são palpáveis e influenciar a decisão, essa é uma grande vantagem. Depois é as pessoas terem proximidade com o Presidente da Câmara, todas as preocupações que as pessoas tenham, quer sejam da competência da Câmara Municipal, quer não sejam e 50% não são da Câmara Municipal, são da administração local, mas o autarca é o rosto desta organização, que é a organização política do país. As pessoas não têm essa noção, o problema da saúde, as pessoas vêm ter com o Presidente da Câmara, mas o Presidente tem de ir a outro a lado, para tentar resolver, a questão ambiental é outro problema e por aí adiante. De facto tem essa grande vantagem que é a questão de proximidade e a questão de reivindicação, a situação a que a gente pode eventualmente acudir e resolver aquilo que nos vem chegando no seu dia a dia, no fundo do nosso mundo, que é a nossa missão, que é uma missão que a gente enquanto somos Presidente da Câmara temos de ter. Depois tem outra grande vantagem que é a própria vivência com as próprias coletividades, de a gente se envolver com elas, saber os problemas que elas têm. Eu acho que é isso que me motiva, não é a questão salarial, a questão salarial não é determinante, muito pelo contrário, nomeadamente no meu caso que estou aposentado pelas Forças Armadas é a questão de tentar resolver os problemas às pessoas.

É uma questão de cuidar do próximo, de proximidade, de podermos de facto resolver situações e muitas eu resolvo, é isso que nos motiva, é isso que nos cria enquanto homens, enquanto cidadãos, enquanto pessoas que responde à solicitações das pessoas e que está aqui para resolver a situação das pessoas. Muita gente poderá não compreender e eu sinto-me feliz por tratar dos assuntos das pessoas, não levo nenhum valor por isso, aliás estou proibido de levar dinheiro. É ver esta alegria de ver as coisas crescerem, de a gente ver aqueles elogios que às vezes nos fazem, outras vezes críticas que também fazem às vezes são justas, só que às vezes as pessoas não têm noção de quando por vezes digo que o nosso concelho é o que recebe menos ajuda do Estado e respondem-me que não sabiam, mas também convém saber. Temos uma massa urbana entre a Atalaia e Vila Nova da Barquinha que é contínua, que em termos de gestão é mais fácil de fazer. Este ano levámos um grande rombo no orçamento por causa das receitas de 2020 diminuíram significativamente por parte orçamental do Estado, nomeadamente o IRC das empresas, que depois tem reflexo nas transferências do fundo de equilíbrio financeiro das autarquias locais, muito mais também as juntas de freguesia têm dificuldade. Se não for este equilíbrio, este apoiar entre as várias equipas da junta de freguesia e da Câmara Municipal, teríamos tempos complicados, mas conseguimos responder nomeadamente isso foi público, foi notório, vivemos tempos complicados, eu vivi tempos complicados na altura da pandemia. O problemas que tivemos da pandemia foi tantos planos que tivemos, nomeadamente a resposta das instituições a tantas coisas, da Câmara Municipal, das próprias equipas de ação social fez um trabalho fabuloso e de resposta. Da ingratidão das pessoas, porque nem todas as pessoas são gratas, também há muita ingratidão, que não compreendem que as coisas também são finitas, quantas dificuldades temos na vida, gostaríamos era de corresponder, mas não se podem fazer milagres, ele não chega, temos que gerir os fracos recursos que nos chegam e desde que a nossa consciência esteja livre, não a “assassinarmos”, isso é que é fundamental.

Costuma “queixar-se” que o seu concelho é o que recebe menos por parte do Estado em relação aos restantes municípios da CIMT. Considera-se injustiçado?

São as coisas que são. A gente tem um orçamento, temos o dinheiro que temos de distribuir, temos de gerir com sabedoria, com equilíbrio, sem loucuras, pagando as dívidas, honrando os nossos compromissos e honrando os nossos programas eleitorais. Se a atitude for esta estamos sempre descansados, não é uma questão de justiça ou injustiça, é aquilo que é.

Das duas umas, por exemplo dizem que o senhor tem de aceitar a saúde e eu digo que para a saúde preciso de 250 mil euros e eles dão-me 147 mil euros, no final do próximo ano de 2023 se houver um rombo, vamos fazer um sector orçamental para cada área funcional, há um orçamento para a saúde, há um orçamento para a educação, há um orçamento para as competências da segurança social e por aí adiante. No final do ano vamos ver, deu um prejuízo tal, porque se a gente já está limitado a um orçamento em termos financeiros, se nos transferem competências e depois não nos dão, eu não quero ganhar dinheiro com a aquisição de competências, não é isso que está em causa, eu quero é que a aquisição de competências pague aquilo que eu gasto, porque eu sei, nomeadamente os recursos que tenho, que sei gerir melhor. O Estado Português, que somos todos nós, o Orçamento de Estado também vem de todos nós, o orçamento é de todos, o grande problema é a gestão do Estado Português, as autarquias têm 3%, ou seja, são elas que de facto estão próximas, são elas que acodem, são elas que resolvem, um bom exemplo é a questão da pandemia. Os nossos médicos, os enfermeiros que tiveram um trabalho, os nossos assistentes operacionais, por isso de facto os vamos reconhecer através do mérito, mas também quem está aqui na ação social, quer os nossos bombeiros voluntários, conseguiram responder a estas pessoas todas. Tivemos de ir levar comer a casa, levar máscaras, tivemos de levar pessoas, arrendar casas, emprestar dinheiro, tivemos de fazer mil e um engenhos para que conseguíssemos triunfar perante uma pandemia que nos assolou a todos e que de facto teve uma resposta fabulosa por parte dos agentes locais, unidade de saúde de Almourol e unidade de saúde familiar.

Foto: mediotejo.net

O Trilho Panorâmico do Tejo abriu este ano ao público. “No rasto dos templários” está em conclusão. O concelho pretende apostar neste tipo de atividade? É um meio para potenciar o turismo em Vila Nova da Barquinha?

O turismo de facto é significativo para Vila Nova da Barquinha e para o território nacional, este ano os resultados é de que vai haver um boom e Vila Nova da Barquinha, antes de 2018 apontava sempre visitas ao Almourol, cerca de 70 mil visitantes por ano e também tínhamos aqui na nossa zona, no nosso parque e em toda a envolvência um grande número de visitas. Queremos voltar a ter, agora com novas ofertas, agora há uma maior consciência por parte das pessoas do convívio com a natureza, com o convívio com a água, com o lazer e com o bem-estar e isso é notório, nomeadamente face à situação pandémica. Vê-se mais gente a caminhar, a andar, a usufruir da natureza, isso é fundamental para o nosso concelho. Abrindo os trilhos desde Constância a Vila Nova da Barquinha, tem tido muita afluência de pessoas, o trilho é extremamente simpático, não tem grande grau de dificuldade, foi um processo complexo, mas já passou e conseguimos de facto colocar à disposição das populações estes novos equipamentos que servem para dinamizar o turismo, vão criar riqueza para os territórios e essencialmente que as pessoas vão permanecer mais na nossa terra. Se elas se estabelecerem mais na nossa terra, ganha a restauração, ganha os hotéis, ganham todos os equipamentos laterais que vivem e que praticam os seus atos de comércio e de facto praticando atos de comércio todos ganhamos, porque fica riqueza nas nossas terras e isso é fundamental.

Ao nível das freguesias, são quatro (Vila Nova da Barquinha, Atalaia, Tancos e Praia do Ribatejo), pedia-lhe um pequeno retrato de cada uma delas e os principais desafios que estas enfrentam, tendo em conta as suas características e especificidades.

Temos a freguesia de Praia do Ribatejo, que sofreu com o fecho da base aérea nº3, sofreu em termos de habitação e em termos de permanência humana no seu território. Felizmente os últimos dados são encorajadores, ou seja, de facto existe muita gente a voltar e a querer se instalar nessa região. A Praia do Ribatejo, com os trilhos panorâmicos do Tejo de facto vêm ter mais visibilidade por gente que não conhecia, podemos ter coisas muito bonitas no interior, mas se as pessoas não conhecem não amam. Eu acho que tem grandes potencialidades a Praia do Ribatejo crescer, se a questão da transferência da Proteção Civil vier a acontecer no final deste ano para a Praia do Ribatejo, se a questão do aeroporto de Tancos conseguirmos alavancar este investimento e em breve vou pedir uma reunião com a nova ministra da Defesa para que isto aconteça, de facto a Praia do Ribatejo tem grandes potencialidades até pela sua maneira de estar, não só pela praia, mas por toda a envolvência, todo o território tem de facto apetência para crescer e já que é saudável, é um concelho rural que pode progredir. Toda a zona de Tancos também é lindíssima, têm havido ali alguma estagnação em Tancos, ou seja, a parte de baixo não tem sido regenerada em conformidade, penso que com as alterações que fizemos há de facto toda a perspetiva de também crescer e essencialmente manter também que é muito importante, a parte histórica seja conservada, mantendo os seus traços rurais, as suas ruas, de ter ali uma ótima vila para a parte turística, pois é dali que partem muitos dos barcos para o castelo de Almourol e também para o Arrepiado.

Depois Vila Nova da Barquinha e Atalaia pelas suas características intrínsecas, nomeadamente a Atalaia está com uma grande dinâmica de edificação, tem todas as condições de alavancar também com o investimento e qualidade de vida dos cidadãos que queiram aqui se instalar e são freguesias que têm toda a potencialidade no futuro de irem mais além. Criadas também as infraestruturas, ou seja, na Atalaia temos o parque desportivo, temos um centro comunitário, temos jardins, temos tudo, temos é de fazer conservação e manutenção, porque criamos infraestruturas, através dos fundos comunitários foi possível alavancar investimentos em várias áreas, nomeadamente infraestruturas e equipamentos, mas também há o reverso da medalha, há que fazer a conservação e a manutenção, os recursos são escassos por isso há que ter atenção aos dinheiros públicos, é isso que nos cabe enquanto autarcas e cidadãos.

Na freguesia de Praia do Ribatejo são comuns as críticas de que o concelho acaba em Tancos e que esta localidade é esquecida. Ao fim ao cabo, é a mais afastada do centro do concelho (as outras três estão mais ou menos juntas e a Praia é separada pelos quartéis militares). O que lhe apraz dizer sobre esta situação? É uma freguesia com caraterísticas especiais?

A ETAR foi construída nessa altura, o saneamento está a ser construído, é evidente que a gente queria fazer mais e queria. Como disse vai para lá a questão da proteção civil, não gostaria de dar muitos exemplos, mas estou de consciência leve. Gosto muito da Praia, trabalhei na Praia durante muitos anos, nomeadamente na Fundação Dr. Francisco Cruz onde fui dirigente, e gosto muito da gente da Praia, são gente muito honrada e trabalhadora. Não vejo isso assim, os resultados eleitorais demonstram o contrário, ou seja, às vezes diz-se diz-se mas as coisas depois não são bem assim, não é? As pessoas até depois aferem e sabem reconhecer o trabalho das pessoas. O que a gente tem de fazer é o justo equilíbrio das nossas prioridades em termos da Câmara Municipal e das opções que são feitas. O que posso dizer é que estou no último mandato e saio de consciência tranquila naquilo que podia fazer e naquilo que fiz.

Uma mensagem para as gentes de Vila Nova da Barquinha e para os amigos do concelho que se podem vir a encontrar e reencontrar nesta Feira do Tejo, um encontro de gentes, identidade, amizade e afetos…

Venham à festa, convivem, partilhem, alegrem-se, o COVID ainda está aí, mas com menos força e uma lição que a gente tira desta doença ou desta pandemia é que de facto é importante os afetos, as amizades, o sermos solidários uns com os outros e isso é importante também que a gente transmite na vida. A vida também é preocupação, a vida é luta, mas a vida também de facto é alegria e convívio, por isso convido todos a virem à festa, a partilharem, a viverem-na, a senti-la e a serem felizes.

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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