Completaram-se no dia 18 de abril seis meses desde que tomaram posse os novos eleitos da Câmara e Assembleia Municipal de Ferreira do Zêzere. Pretexto para uma conversa com o autarca que protagonizou uma viragem política num concelho com gestão social democrata desde que há eleições livres e democráticas em Portugal. Aos 37 anos, Bruno Gomes (PS) foi eleito como presidente da Câmara anunciando que pretende um “virar de página” no concelho, tendo assinalado que, pela primeira vez em 48 anos, o 25 de Abril vai ter um programa de comemorações.
E a sua visão estratégica para Ferreira do Zêzere aponta para um horizonte de 12 anos como autarca à frente dos destinos do Município, depois ter estado cerca de duas décadas na oposição.
A forma como exerce o poder marca a diferença em relação ao seu antecessor, Jacinto Lopes (PSD). Numa lógica de proximidade, tem procurado envolver os trabalhadores e as entidades externas, para que as decisões sejam partilhadas e mais fundamentadas.
Acredita que com o Plano Estratégico 20-30, uma nova escola, mais empresas com emprego qualificado, mais eventos diferenciadores, uma maior aposta nas margens da albufeira e mais turismo, vai conseguir com que o seu concelho seja uma referência não só a nível regional como nacional.
Qual o balanço destes primeiros seis meses de mandato?
É um balanço extremamente positivo. É evidente que nunca me sinto totalmente satisfeito com todo trabalho que estamos a desenvolver. Eu sou aquela pessoa que mais quer fazer em prol do concelho, mas é um balanço extremamente positivo. A parte mais difícil, do conhecimento dos dossiers, do conhecimento de tudo o que é procedimento, a devida análise da realidade que o município tem… Tudo isso está feito, agora é projetarmos o futuro melhor possível, é alicerçarmos o futuro, e nisso estamos a trabalhar muito para termos aqui um caminho para o desenvolvimento do concelho. A parte mais difícil já está.
Foi um “arrumar a casa”?
Exatamente. A reorganização interna também do município, a afinação da máquina que é grande e agora ainda vamos receber mais um conjunto de pessoas relativamente à delegação de competências. Mas é ótimo. Foram meses duros não toca ao trabalho e às horas. Continuarão a ser, mas agora há um propósito maior e há aqui uma leveza no que toca ao trabalho, porque as coisas estão, de facto, a seguir o caminho que nós queremos com uma facilidade maior.

Pode-se dizer que entrou na velocidade de cruzeiro…
É, as coisas agora já são mais fáceis.
Quais são os aspetos positivos que mais destaca nestes seis meses?
Nós fizemos um grande trabalho de base, na minha opinião, que foi a reorganização do Município. É evidente que ainda não está a ter os resultados devidos, demora o seu tempo, mas hoje em dia temos uma organização do município que funciona melhor. Temos uma divisão para obras municipais e particulares, que fizemos de forma simples, e que vem amenizar muito toda a problemática do licenciamento e legalização, principalmente de habitação. Estamos agora também numa fase de alteração do RMUE – Regulamento Municipal de Urbanização e de Edificação, que vem ainda ajudar mais para que todos os problemas se possam resolver, no que toca à venda de habitação, isenções de autorização de utilização. Temos aqui um conjunto de procedimentos que têm vindo a facilitar um bocadinho todo este processo burocrático e isso traduz-se nas vidas das pessoas. Acho que isso é uma grande mudança. Ainda estamos numa fase inicial, vamos ter que concluir agora com a alteração deste regulamento municipal e também com a revisão do PDM que, por força do esforço que estamos a fazer – eu continuo a acreditar que o prazo que tenho dado às pessoas, e que é ele estar em discussão pública até o verão para, até ao final do ano, finalizarmos a revisão do PDM –, vamos ainda melhorar. Isso é unânime nas ruas, a falar com os técnicos do exterior. Isso para mim é ótimo.
“Estes seis meses foram de trabalho extremo, até a nível físico. Costumo dizer que para as eleições estava na minha melhor forma física e tenho de continuar numa boa forma física, porque o desgaste é muito. Se queremos realmente marcar a diferença, não é com sete ou oito horas de trabalho por dia, é com 10, 11, 12 horas, porque é muito difícil que as coisas andem. Mas saio todos os dias do Município cada vez mais contente.”
É notória também a aposta na comunicação…
A parte da comunicação é extremamente importante hoje em dia na vida de todas as entidades e falo claramente nas públicas. Temos agora um gabinete de comunicação que está próximo daquilo que queremos. Estamos a comunicar bem. Temos uma imagem que, quanto a mim, é muitíssimo melhor. Existe também um trabalho que foi feito também conjuntamente com todos os nossos trabalhadores. Eu prezo muito isso. Já tivemos nestes seis meses dois plenários com os trabalhadores. Vamos ter outro brevemente. E queremos muito alargar tudo o que é responsabilizar decisões, para que elas sejam o melhor possíveis e sejam também o mais consensuais possíveis. Temos chamado trabalhadores inclusive para discutirmos o Plano Estratégico Ferreira do Zêzere 20-30. Temos sempre muito cuidado para que as decisões sejam alargadas, e sejam ainda melhor fundamentados. É algo de que eu gosto muito. Estamos aqui numa mesa redonda e eu reúno com os técnicos e a minha equipa nesta mesa redonda, porque as decisões são partilhadas.
A importância da proximidade.
É. Depois é a questão da proximidade. Eu tinha noção que queria ter uma dedicação grande e passados seis meses ainda tenho uma noção maior de que essa dedicação vai ser muitíssimo grande. Queremos proximidade, queremos responder às pessoas, isso exige uma dedicação. Ainda esta noite recebi um telefonema às 00h15. As pessoas estão muito habituadas a que possamos responder. Tem de haver limites, como é óbvio, mas eu acho que isto também é uma mais-valia. As pessoas sabem que têm um Presidente de Câmara e um Executivo que as ouve a todo o momento e que terão sempre uma resposta, seja qual for o problema. Às vezes não podemos dizer que sim a tudo, mas uma resposta terão sempre. Eu acho que isto é uma grande mais-valia para um concelho com a dimensão de Ferreira do Zêzere, que tem cerca de 8 mil pessoas. Esta proximidade é ótima. Eu estou sempre onde posso estar e não consigo, de facto, já distinguir fim de semana dos dias de semana. São dias consecutivos de trabalho, um trabalho exaustivo, mas foi o compromisso que assumi e tudo farei para continuar.
Ainda esta noite recebi um telefonema às 00h15. As pessoas estão muito habituadas a que possamos responder. Tem de haver limites, como é óbvio, mas eu acho que isto também é uma mais-valia. As pessoas sabem que têm um Presidente de Câmara e um Executivo que as ouve a todo o momento e que terão sempre uma resposta, seja qual for o problema.
Naturalmente que nem tudo foi fácil nestes seis meses. Quer apontar alguns aspetos mais complicados da sua gestão?
Sim, há sempre situações menos boas. Temos uma problemática difícil, que é a questão dos maus cheiros. Estamos a trabalhar para que seja resolvida. Tivemos há pouco tempo uma assembleia temática relativamente a esse assunto. Ficou claro que, no toca a licenciamento das várias entidades, está tudo a funcionar devidamente, segundo o que eles dizem, mas o que é certo é que continuamos com esta problemática e estamos aqui num trabalho de tentar conciliar vontades entre a população, a Câmara Municipal e as empresas, para que isto se resolva. Não se consegue resolver em seis meses aquilo que não foi resolvido últimos 20 ou 30 anos, mas a minha expectativa é que vamos conseguir resolver e estamos empenhados para que tal aconteça. Este talvez tenha sido o aspeto menos positivo. Tudo o resto acho que são questões que fazem parte de quem está aqui pela primeira vez. Eu também digo muita vez aos nossos trabalhadores que preciso muito da ajuda deles, porque sem eles não faríamos nada e estamos aqui num processo de aprendizagem, de adaptação, para cada vez sermos melhores. Eu sinto-me muito mais capacitado daquilo que estava há seis meses e, de facto, sinto agora uma capacidade maior para desempenhar este lugar. Mas faz parte. Nunca ninguém está devidamente preparado para um lugar que ocupa pela primeira vez.
É diferente estar na oposição e estar no poder?
Exatamente. Nós na oposição temos algum conhecimento mas no poder… quer dizer, há um conjunto muitíssimo alargado de responsabilidades, desde uma simples válvula para um pneu até à assinatura de um auto de consignação de uma obra de 1 milhão de euros. Estamos a falar de realidades díspares e temos de estar dentro de tudo. Não posso ter aqui uma licenciatura só para engenharia civil, teria de ter outra para ciências sociais e teria de ter outra para engenharia mecânica.

Daí a importância de ter uma boa equipa, um bom staff?
Sim. Nesse aspeto eu estou muito contente, no sentido em que os nossos técnicos no Município têm uma elevada capacidade e nós também os temos responsabilizado. É uma coisa que eu tenho gostado muito de ver é que responsabilizámos um conjunto de pessoas e demos-lhes alguma liberdade para que elas pudessem usar essa capacitação e isso é ótimo. É um trabalho que quero muito fazer continuamente. E depois também tenho um conjunto de pessoas ao meu lado, além do Executivo, além do nosso Vice-Presidente e da Vereadora, que são pessoas de elevada capacidade, e continuo muitíssimo orgulhoso de as ter convidado e de as ter comigo, mas temos também aqui um gabinete de apoio, com a nossa chefe de divisão e o adjunto que vieram ajudar-nos muito, e dão-nos uma capacidade de trabalho grande. Depois esta reorganização interna que o Município fez, em que temos agora quatro chefes de divisão em regime de substituição, também acho que tem sido agradável perceber o que é que tem sido feito e isso capacitou mais o Município. Acredito que os resultados vão aparecer e num futuro próximo ainda serão mais visíveis.
Aposta no Turismo “de excelência e diferenciador”. Depois deste “arrumar da casa” há novos desafios. Que perspetivas é que tem para estes quatros anos? Quais são os seus principais objetivos?
Desde o início procurámos com o Plano Estratégico de Desenvolvimento alicerçar a estratégia para Ferreira do Zêzere. Estamos a fazer esse trabalho conjuntamente com associações, empresas, com os trabalhadores do Município. O objetivo é termos aqui rapidamente, até junho, um documento que nos indique qual é o caminho. Sabemos perfeitamente que é o turismo, que tem de ser um turismo de excelência e diferenciador. Agora temos de perceber com o quê. Como é lógico há um conjunto de desafios a superar para o que nós queremos fazer e basicamente eles estão identificados. Falamos aqui de infraestruturas junto ao rio, de qualidade, praias fluviais de qualidade, temos Dornes, onde teremos de ter um conjunto de investimentos muito grande – e vamos já ter tão depressa que consigamos, há que arranjar empresas para o fazer –, mas temos lá algo que já vinha também do anterior Executivo, como as casas de banho públicas. Estamos a falar de um investimento que congrega também ali um pequeno jardim, estamos a falar da qualificação da Torre de Dornes e de um projeto multimédia que será inovador em Portugal, com um holograma que será muito bonito. Vamos ter também a colocação de luminárias, vamos trocá-las, e vamos também fazer com que todos os cabos passem por baixo de terra, um projeto que vem de trás mas que nós só este ano, espero bem, iremos conseguir fazer esse investimento. E depois, fora isso, à partida através de um concurso de ideias, vamos pensar numa requalificação de toda a área envolvente de Dornes.
Dornes é uma aposta?
Sim, é uma aposta que queremos que seja uma muito forte, é uma aposta com as fichas todas. Porque todos nós sabemos o potencial de Dornes. Precisamos mesmo muito de ordenar devidamente a península e criar instrumentos para que esse ordenamento seja feito com pés e cabeça, e depois atuar em toda a envolvente, desde parques de estacionamento, passeios… quer dizer, há um conjunto de coisas que temos de fazer a nível de acessibilidades, mesmo no acesso à torre. Temos muito para fazer, mas vamos fazer por duas fases: a parte inicial, requalificação da torre, casas de banho e colocação de tudo o que são fios por baixo de terra, e luminárias, e depois pensar então nesta neste projeto, que vai ter também uma praia fluvial na margem ao lado. Queremos que seja um projeto diferenciador, extremamente bem enquadrado. Eu acredito que qualquer empresa de projetos de qualidade vai querer apresentar a sua ideia para que consigamos alavancar o potencial de Dornes, o que será muito importante.
“Dornes será uma aposta muito forte, uma aposta com as fichas todas. Porque todos nós sabemos o potencial de Dornes e queremos para ali um projeto de excelência.”
E a nível de habitação social?
Também é uma área muito importante. Queremos arrancar neste mandato, estamos a trabalhar, temos de construir 20 fogos, aprovámos na última reunião de Câmara a Estratégia de Habitação Local.
Uma nova escola na vila. E quanto à escola EB 2,3/S Pedro Ferreiro? São conhecidos os problemas estruturais de que enferma…
Esse é outro grande projeto que temos. Nós queremos um edifício novo. Aceitamos a delegação de competências na área da educação, mas um dos pressupostos era ou a requalificação desta escola ou uma nova. Nós entendemos que essa escola não tem condições para ser requalificada e queremos uma escola nova. Estamos a trabalhar com a DGEST nesse sentido. Acho que isso é muito importante, temos de ter uma educação de qualidade e só o conseguimos com um edifício novo. Estamos agora a discutir quem é que faz o projeto, se somos nós se é a DGEST. É um processo moroso mas pretendemos ainda neste mandato arrancar com as obras.

Na vila prosseguem as obras de requalificação…
Sim, uma das obras já está em fase final. Assinámos autos de consignação relativamente à Rua da Fonte Ferreira, São Miguel e Eduardo Mota. Estamos a falar de 2 milhões e meio de euros, sensivelmente, que vem dar mais brio ao centro da vila. Peço sempre alguma paciência às pessoas, as obras não são fáceis, vivemos tempos difíceis no que toca à falta de materiais, de inertes, vemos um aumento exponencial de tudo o que são materiais, mas temos de continuar a realizar obra.
Tem falado na dinamização do concelho com eventos…
É verdade, temos que tornar Ferreira do Zêzere uma referência no que toca a um conjunto de atividades culturais e desportivas. Temos tido ao longo deste ano já alguns eventos de preferência na área do desporto motorizado, temos aqui também um conjunto de associações que têm mais algumas atividades na área desportiva, falo por exemplo do Trail do Zêzere, que é um evento muito bom. Vamos ter também aqui um Encontro Nacional de SSVs e UTVs dia 31 de abril. Vamos ter dia 22 de maio e o Granfondo com cerca de 800 a mil ciclistas. Ou seja, estamos aqui a estruturar a nossa oferta cultural e desportiva para que possamos ter durante todo o ano muitas pessoas a virem para Ferreira do Zêzere. Vamos ter dia 24 de abril a inauguração do Parque de Merendas, algo que as pessoas também sempre entenderam que podia estar requalificado, está a ter a devida requalificação. Vamos comemorar pela primeira vez o 25 de Abril. Vamos condecorar no dia do concelho um conjunto de individualidades. Esperamos que o regulamento municipal de atribuição de medalhas de mérito consiga ser aprovado até lá. Vamos ter as marchas populares, que é outro grande evento e que congrega o concelho todo. Queremos também dar mais visibilidade à Gruta da Avecasta e desenvolver projetos em torno da figura de Alfredo Keil.
Voltando ao Castelo de Bode, tem-se falado em criar mais praias fluviais…
A Bairrada / Bairradinha já está reconhecida como zona balnear, estamos na fase de discussão do projeto, vamos fazer pequenos melhoramentos agora para a que possamos ter este verão a praia com alguma dignidade. Mas vamos ter lá um projeto relevante que queremos também financiar junto das entidades devidas. Essa discussão também será feita com a população. As imagens que tinham sido apresentadas pelo anterior Executivo, por aquilo que percebemos, não foi unânime por parte das pessoas que vivem naquela zona, mas o que é certo é que temos de ordenar a zona, temos de criar condições para que as pessoas – residentes e turistas – possam coabitar e haver aqui um meio termo. Temos já reuniões marcadas com o gabinete de arquitetura que fez esse projeto para o podermos melhorar e conciliar com a vontade dos Ferreirenses e também dos residentes e dos turistas. Tem de ser feito este trabalho de conciliação.
E quanto a Dornes…
Nós fizemos o pedido para que neste plano de ordenamento do Castelo do Bode que está em revisão Dornes pudesse ser incluído e tivemos um conjunto de reuniões sobre o projeto que queremos para Dornes e também para a praia fluvial. As pessoas já a utilizam, agora é só ordenar e criar as devidas condições. Temos convidado um conjunto de entidades, tivemos cá a atual presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Isabel Damasceno, mostrámos-lhe todos os projetos que temos para Ferreira do Zêzere, ela visitou Dornes. Tivemos cá o Presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, e os técnicos. Quer dizer, temos enquadrado as diversas entidades para aquilo que queremos fazer e perceber qual a melhor estratégia, quais os caminhos que temos de fazer, para rapidamente termos projetos de execução e podermos executar ainda este mandato.
Tudo isto representa o tal “virar de página” de que tem falado desde que venceu as eleições?
É muito isso. Estes seis meses foram de trabalho extremo, até a nível físico. Eu costumo dizer que para as eleições estava na minha melhor forma física e tenho de continuar numa boa forma física, porque o desgaste é muito. E se queremos realmente marcar a diferença, não é com sete ou oito horas de trabalho por dia, é com 10, 11, 12 horas, porque é muito difícil que as coisas andem e tem que se estar sempre em cima, fazer o ponto de situação, ligar para as entidades. Mas eu acho que o caminho está a ser bem feito. Agora este ano estamos a trabalhar nos projetos de discussão para depois avançarmos com as candidaturas devidas e procurar fazer. Agora, não vamos ter a capacidade também para fazer tudo de uma vez porque estamos limitados por força do nosso orçamento. Somos uma câmara pequena mas eu acho que os alicerces estão a seguir um caminho que eu estou a gostar muito. Saio todos os dias do Município cada vez mais contente.

“Um concelho mais ordenado, mais bonito”. No meio de tudo isto, como é que lida com a oposição?
A oposição tem de fazer o seu papel. Eu fui da oposição 20 anos, nos últimos quatro anos na Câmara. Não vou dizer o que é que é mais acertado. Às vezes tendo um pouco de experiência, da idade, da sensibilidade que temos perante o caminho que queremos fazer para chegar aos objetivos. Aquilo que eu tenho a dizer é que já fui um opositor muito mais aguerrido e ao longo do tempo fui um opositor mais conciliador com um conjunto de intervenções mais macro. Eu acho que as pessoas reconheceram que essa era uma oposição construtiva, porque nem tudo está mal. Eu, no anterior Executivo, achava por bem estar ao lado do Município com todas as propostas que eram positivas. Entendo que as pessoas gostam desta conciliação e o resultado está à vista. Agora, eu não deixo de ser um Presidente de Câmara o mais transparente possível, tudo aquilo que a oposição quiser saber relativamente a documentos, a valores, estamos aqui. O caminho que vamos seguir é um caminho conciliador, mas nós temos uma estratégia. Acho que é importante haver uma oposição porque também nos vai deixando alerta. A atividade da oposição é uma questão de postura, eu tenho a minha, isso fica à consideração da comunidade Ferreirense.
“Não se consegue resolver em seis meses aquilo que não foi resolvido nos últimos 20 ou 30 anos, mas a minha expectativa é que vamos conseguir resolver e estamos empenhados para que tal aconteça.”
Como é que idealiza este concelho no final do seu mandato?
Eu idealizo-o com uma força maior a nível regional no que toca à nossa oferta turística e cultural. Isso sim. Espero também que tenha outra força, no que toca à parte empresarial. Nós vamos fazer também um trabalho muito forte para conseguir fixar pessoas. Para já, andamos aqui a arrumar a casa, ainda estamos a trabalhar a nossa imagem enquanto Município. Depois, assim que tivermos esta estratégia alicerçada, temos de trabalhar na fixação de pessoas. Não é algo que consigamos fazer já este ano, mas está pensado e queremos muito ter essa força de poder fixar mais empresas. Nós temos aqui um conjunto de empresas com muita importância, mas temos de ir buscar empresas com emprego qualificado, temos de conseguir trazer pessoas das zonas metropolitanas, porque temos uma qualidade de vida muitíssimo grande. Aquilo que eu quero também é que no final destes quatro anos, qualquer pessoa neste nosso país ou no estrangeiro perceba que temos aqui um concelho muitíssimo equilibrado, com qualidade de vida, com uma boa oferta cultural e de serviços e que lhes possibilite ter rendimento e ter um emprego estável, devidamente remunerado. Eu acredito que sim. Como eu digo, ainda estamos nesta fase de conhecimento e de percebermos qual é a estratégia. Não queremos fazer as coisas em cima do joelho, temos de nos focar e também não quero dispersar muito. Assim que nós tenhamos a nossa estratégia, é focarmos nas questões essenciais. Queremos ter um concelho mais ordenado, mais bonito, isso também é uma parte muito importante. Eu acredito que com a estratégia que temos, com mais empresas, com uma escola nova, com mais facilidade no que toca ao licenciamento e legalização de habitação, por força disso promove-se uma maior fixação de pessoas, com mais infraestruturas no rio, com mais turismo, com mais turistas durante todo o ano, isso vai traduzir-se em mais restauração e mais hotelaria. Eu acredito que o caminho vai ser vai ser bem feito, mas vou esperar pelo Plano Estratégico, no segundo semestre do ano já o vamos ter aqui…
O seu horizonte é ser Presidente durante 12 anos, ou seja, três mandatos?
Eu neste momento vejo-me como Presidente de Câmara a 12 anos. Ser Presidente de Câmara é muito bom e também tem algumas coisas más, pessoalmente pela dedicação, não vale a pena pensarmos que podemos fazer outras coisas. Eu todos os dias me custa ter deixado a minha vida profissional (acordeonista e professor de acordeão). É muito difícil deixar tudo aquilo que nos dá gosto mas já percebi que não há aqui espaço para fazer outra coisa. Ou não se trabalha a 200% no Município ou então tem que haver uma dedicação total. Neste momento sinto-me com força, claro que sim, para fazer 12 anos. Agora, os políticos, na minha opinião, têm de estar nas diversas organizações como municípios de mente aberta. Isto não é para fazer vida, estamos a prazo, fazemos quatro, oito ou 12 anos e no momento em que quisermos sair, saímos. Eu não estou preso aqui, sou alguém que facilmente me faço à vida. Quero muito fazer 12 anos, porque vou ter a possibilidade de planear uma estratégia e gostaria de conseguir concretizá-la. Agora o futuro só Deus dirá. Neste momento quero muito trabalhar durante estes quatro anos e depois logo vemos se tenho condições ou não, eu acredito que terei. Mas a política não é tudo. Temos uma família também, que é muito importante, é o bem maior. Mas o exercício da presidência do Município coloca um bocadinho de lado a família. Tem de haver equilíbrio. Tenho muito a agradecer à minha família, porque tem-me apoiado muitos nestes seis meses.