O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva, é comandante do RAME desde 27 de dezembro de 2021. Créditos: mediotejo.net

Desde a sua entrada em funcionamento, a 01 de novembro de 2016, o RAME, além das ações de prevenção, patrulhamento e vigilância, teve intervenção em grandes incêndios, como os de Vila de Rei, Mação ou Pedrógão, enviou uma equipa para apoio às populações atingidas pelo furacão Idai, em Moçambique, além de ações de apoio no âmbito da tempestade Lesli que assolou a zona Oeste, de modo a assegurar proteção e energia, procedeu a trabalhos de desinfestação de espaços devido à covid-19, assegurou o apoio no transporte de água e de alimentação para animais, no âmbito do combate à seca, entre outras.

Este ano, o RAME registou “mais de 2.600 patrulhas no âmbito da prevenção e rescaldo de incêndios florestais”, os “mais de 404 mil quilómetros percorridos, que davam para dar 10 voltas ao planeta e que envolveram 5.804 pessoas”, e as “mais de 14 mil horas de vigilância e patrulhamento”. O coronel Estevão da Silva é comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), em Abrantes, desde 27 de dezembro de 2021, e o nosso jornal foi conhecer o percurso de vida do militar, o trabalho desenvolvido e os desafios que se levantam ao futuro da missão do RAME.

Regimento de Apoio Militar de Emergência entrou em funcionamento a 1 de novembro de 2016 em Abrantes. Foto: mediotejo.net

Dia 30 de novembro o RAME completa seis anos. Qual a importância do Regimento de Apoio Militar de Emergência?

Este Regimento se não fosse importante não existia. Há pelo menos dois vetores que materializam a importância deste Regimento. Começo por aquele que não é o Apoio Militar de Emergência: somos um dos três polos de formação do Exército Português para Curso de Formação Geral Comum de Praças. Temo um em Beja (no Regimento de Infantaria 1), outro em Chaves (no Regimento de Infantaria 19) e um no centro do país, em Abrantes, no RAME. Isto garante ao Exército alguma dispersão e a garantia de que as fontes de recrutamento não têm unidades muito afastadas do local de residência dos nossos soldados recrutas. E tem sido um dos grandes pilares da missão destes Regimento. Depois tem a outra vertente que é o Apoio Militar de Emergência, assim como outros regimentos têm um encargo operacional de uma determinada subunidade, por exemplo o regimento de Infantaria 10 no âmbito dos paraquedistas, tem um Batalhão Paraquedista que é o produto operacional daquele regimento. O produto deste Regimento é uma unidade de Apoio Militar de Emergência, é o produto operacional para o nosso Exército.

E como era antes, ou seja, há sete anos?

Este produto do Exército há sete anos existia na mesma forma, distribuído por todas as unidades do País. A diferença reside naquilo que é a unidade de Apoio Militar de Emergência que este regimento apronta, em particular o Grupo de Intervenção em Emergência (GIE). E isto é verdadeiramente a grande diferença; enquanto todos e quaisquer módulos de intervenção que existam no Exército dispersos nas várias unidades, só atuam para o Apoio Militar de Emergência quando a situação assim o justifica, ou seja, a missão primária desses meios não é o Apoio Militar de Emergência. Daí o conceito de duplo uso. Por exemplo, as nossas cozinhas de campanha, é um equipamento de duplo uso e aquelas que são utilizadas por determinado período a favor do Apoio Militar de Emergência, no seu dia a dia não é essa a missão, é apoiar o aprontamento de forças nacionais destacadas, é apoiar as atividades de treino das nossas tropas, mas se necessário e haja disponibilidade, também fazem o Apoio Militar de Emergência. Essas secções de alimentação residem na Escola dos Serviços na Póvoa de Varzim. No grupo de intervenção de emergências da unidade de Apoio Militar de Emergência também temos uma secção de alimentação igual, embora com capacidade menor – enquanto a outra confeciona 250 refeições, conseguimos confecionar 150 – a cozinha é exclusivamente afeta ao Apoio Militar de Emergência. Tudo o que existe nesta unidade é afetado em exclusivo ao Apoio Militar de Emergência, enquanto nas outras não. De tudo o que existe em termos nacionais, o RAME tem uma pequena amostra capaz de intervir num prazo de 12 a 24 horas, quase uma capacidade de resposta imediata.

Quase imediata?

Só não o é porque as Forças Armadas não estão mandatadas para intervir imediatamente após uma ocorrência de uma catástrofe. Intervimos na sequência de um pedido das autoridades, neste caso da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. A não ser que qualquer uma das autarquias que fazem parte da nossa área de Apoio, área de responsabilidade, numa emergência manifeste urgência. Por exemplo, o presidente da Câmara Municipal de Mação, pode e deve contactar-me diretamente e posso intervir imediato, mas não é do Apoio Militar de Emergência do Exército, é das minhas capacidade regimentais no apoio diário. Intervenho imediatamente e depois informo a minha cadeia de comando que fiz o empenhamento destes recursos. Esta situação designa-se de manifesta urgência. Todo o resto, tenho uma capacidade imediata pronta para que o Exército possa apoiar as autoridades civis caso assim seja solicitado. A primeira intervenção reside nesta unidade. O demais, designado pelo Sistema Integrado de Apoio Militar de Emergência será empenhado à medida das necessidades e através do RAME nomeadamente através do seu centro de operações de Apoio Militar de Emergência, que é o centro nevrálgico de todo este sistema, em que consegue agrupar e criar as necessárias sinergias entre os diversos módulos.

Já conhecia o Regimento?

Como regimento está em Abrantes desde 1955 como Regimento de Infantaria nº2. Lembro-me de ter cá vindo duas vezes. Depois foi Escola Prática de Cavalaria. Nunca vim. E vim aqui como Núcleo Permanente, naquele período de transformação entre a Escola Prática de Cavalaria e o RAME. Conhecia fisicamente, conhecia as suas capacidades mas não tão em detalhe. Sabia inclusivamente que tinham a responsabilidade de formação porque quando comandei o Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Santa Margarida, de quando em vez tinha de ceder uma equipa de instrução e isso continua a acontecer porque os quadros aqui colocados não são suficientes para a sobreposição dos vários turnos. Tinha capacidade com os oficiais e sargentos colocados na unidade e dar resposta a esta exigência, com comandantes do pelotão de formação e adjuntos, mas quando os cursos se sobrepõem – e o dia de hoje é exemplo disso, temos três cursos em formação -, portanto são três vezes aquilo que organicamente tenho de dispor e tenho disponível.

Neste momento, excluindo os recrutas, quantos militares tem o RAME?

A nível de praças tem 47, desses são seis femininos. São 26 sargentos e 17 oficiais. Para um efetivo que deveria ser quase o dobro. O Regimento tem um determinado quadro orgânico e depois tenho a unidade de Apoio Militar de Emergência, que é um outro quadro orgânico e cada um deles tem mais ou menos este efetivo. Deveria ter 12 oficiais, 22 sargentos e 49 praças. Para o Regimento, é mais ou menos o efetivo que tenho real de oficiais, sargentos e praças, mas depois deveria ter ainda mais 8 oficiais, 20 sargentos e 42 praças.

E como faz essa gestão?

Da forma que todos e quaisquer comandantes têm de fazer. Primeiro: restabelecem a missão. A missão é dar formação e aprontar a unidade de Apoio Militar de Emergência. Com estes recursos faço uma coisa ou outra e não faço uma coisa e outra. É esta a condição que quando tomei posse informei o meu escalão superior, na altura o comandante das Forças Terrestres que a simultaneidade destes dois grandes pilares da unidade não é possível, sob pena de termos algumas questões de segurança, riscos desnecessários quer em termos pessoais quer em termos de material. Quando não tenho cinco operadores que um determinado equipamento exige, se vou fazer só com três ou estou a criar condições de risco para os que estão a lidar com o material ou estou a por em causa as questões de operacionalidade do mesmo material.

E o que conseguem garantir, na prática?

O RAME está em Abrantes, mas não está sozinho. Existem mais unidades no Exército e temos algo que nos permite gerir. Se temos quatro unidades em combate, uma delas está no esforço, ou seja, uma delas recebe do seu escalão superior maior apoio, em quantidade e qualidade, porque é a representatividade da unidade como um todo, naquele momento, e por isso está no esforço. Se houver necessidade, assim como há necessidade no verão de empenhar todos aqueles meios, pessoal e material, em prol dos incêndios rurais, o Exército consegue criar um esforço em redor desta unidade. Daí que aquela dificuldade em cumprir uma e outra parte da missão fique completamente atenuada porque o meu escalão superior sabe que nesta altura tenho um empenhamento mais forte e compensa isso temporariamente. Sei que tenho estas faltas mas não sou o único que sei, o meu escalão superior, o comando das Forças Terrestres sabe, o comando do Exército sabe e estou confiante que se precisar delas, tenho-as cá.

O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva, é comandante do RAME desde 27 de dezembro de 2021. Créditos: mediotejo.net

Desde que chegou ao RAME algo o surpreendeu?

Surpreendeu-me pela positiva. Primeiro em termos de vivência e das condições que esta unidade tem, se bem que esta unidade é o chamado quartel Canifa [modelo de aquartelamento militar, que obedece a um padrão arquitetónico comum, existente em várias localidade de Portugal], embora com algumas particularidades. A alimentação surpreendeu-me pela positiva. Tradicionalmente temos algumas dificuldades em aceitar determinadas condições de alimentação na tropa. Aqui não precisei trabalhar nesta área! Para mim é vital, já para Napoleão era: o Exército marcha sobre o estômago. Temos um modelo que funciona muito bem. O serviço de alimentação é externo, fornecido pela Eurest. Cedemos as instalações – que é do mais moderno que temos -, confecionam e distribuem. Só tenho de garantir que o contrato, de parte a parte, é cumprido. Daí que tenha um controlo de qualidade instituído. Trabalham muito bem em equipa.

Mas qual a preocupação, e expectativa, que trazia para o Regimento de Apoio Militar de Emergência?

Era conseguir juntar os equipamentos com o pessoal que tenho e conseguir cumprir a missão que me estava a ser dada. E daí a minha necessidade de restabelecer a missão. A missão é escalpelizada, temos de a analisar e que a restabelecer em determinadas tarefas. E de facto foi essa a minha primeira preocupação. Porque quem, na nossa organização, tem estas funções de comando, o farol é a missão. E isso conseguido, para já porque houve um grande impulso nesta unidade. Há seis anos a esta parte esta capacidade de Apoio Militar de Emergência pela sua característica única tem beneficiado disso. O comando do Exército, o comando das Forças Terrestres tem-se, de facto, preocupado, tem investido e tem criado condições para que esta unidade seja aquilo que tem que ser. A capacidade do Apoio Militar de Emergência está, não digo numa reta final, mas quase final em termos de equipamentos. No ano que passou recebi novos equipamentos, e foram agora alguns postos em prática, durante este exercício Fénix. Permite-me receber, alojar, alimentar, ter condições de higiene, nomeadamente banhos, latinas, lavandaria, apoio sanitário, saúde, apoio psicológico, neste grupo de intervenção de emergência, tenho capacidade em prol de 100 pessoas. Ou seja, em 24 horas consigo montar, operar, uma estrutura capaz de apoiar 100 pessoas. E foi testado num conceito da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil que é a chamada Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP). Uma das coisas feitas pela primeira vez num exercício do Exército para o qual tivemos o contributo e a colaboração estreita com a ANEPC e demais entidades; bombeiros, Guarda Nacional Republicana. Foi uma semana cheia. E esse é para já o produto possível com estes novos equipamentos. Tivemos neste exercício 22 módulos, ou seja, 22 equipas de todo o país que se reuniram aqui durante uma semana para às ordens do comandante das Forças Terrestres poderem intervir em apoio a uma autoridade civil que o solicitasse. Neste caso é da ANEPC.

Considera Apoio para 100 pessoas significativo?

O apoio é a nossa capacidade imediata, naquela primeira resposta. Toda esta capacidade pode e deve ser, e tem possibilidade de ser, aumentada através de toda uma estrutura física: qualquer regimento é um ponto onde essa capacidade de apoio pode ser materializada. Temos as nossas estruturas, agora falta saber qual é a catástrofe que nos atinge. É um terramoto? Se calhar parte do nosso território fica comprometido… aí vale-nos a capacidade de conseguir operar e montar uma estrutura deste tipo em qualquer ponto do país, hajam estradas e meios para os projetar. Ou seja, é a grande valência que o Exército tem e a grande vantagem do Exército é ter esta dispersão territorial. O centro de operações, o cérebro, é uma instalação fixa no Regimento, mas que destaca através de uma viatura. Ali está toda a sua capacidade de comando e controlo para qualquer parte do país. E depois é apoiado com o modo de transmissões, dispõe de comunicações via satélite, tenho um apoio geoespacial que me dá toda a informação cartográfica, capaz de ser georreferenciada toda a área de operações onde possa estar a intervir. Uma verdadeira capacidade de comando e controlo de tudo o que existe no nosso exército.

Nestes seis anos que atividades foram desenvolvidas?

Não sendo as mais importantes vou começar pelas mais frequentes. Incêndios florestais. Este apoio no âmbito da prevenção, vigilância e deteção ou do apoio ao combate tem sofrido altos e baixos, desde os incêndios de 2017, de Pedrogão Grande. Também, em parte, por causa do esforço nacional, apostar mais na prevenção do que no combate, o qual defendo. Houve um grande pico este ano que atravessámos, ou seja, em termos de apoio, o esforço do Exército e vou utilizar o termo de comparação que apresentei à senhora ministra da Defesa: O nosso Exército só em vigilância e deteção, leiam-se patrulhas efetivas – não estou a contabilizar a distância que percorri desde o quartel até à serra ou à área que estou a vigiar -, ou seja, vigilância efetiva, patrulhamento, percorremos o equivalente a 10 voltas ao planeta Terra, 404 mil quilómetros só em vigilância e não estivemos presentes em todo o território.

Todas essas atividades em termos de coordenação, passaram pelo Centro de Operações de Apoio Militar e Emergência. Aliás, eu permanentemente, 24h por dia 7 dias por semana, sabia exatamente onde é que cada patrulha estava e a fazer o quê, porque todas tinham georreferenciação. Todos os meios que o Exército empenha no terreno, tenho uma visualização em tempo real, e isto representa várias condições de segurança e de coordenação muito boas.

Além disso, tivemos o apoio com as máquinas, com o módulos de engenharia, máquinas de rastos, apoio na confeção e distribuição de alimentação aos operacionais, nomeadamente nos fogos de Murça e de Ansião. Recorrentemente, esta capacidade tem sido utilizada todos os anos.

E além dos incêndios rurais?

Dividimos o ano em duas épocas, as dos incêndios e das cheias. E agora, presentemente estamos nas cheias. Cada época destas merece do comando do Exército uma ordem de ativação e um conjunto de meios possíveis de serem empregues naquela situação. As cheias têm determinados equipamentos e meios, os incêndios outros. Alguns são comuns, o apoio sanitário é comum a ambos, o apoio psicológico também. E duas vezes por ano emitíamos uma ordem de ativação para todas as unidades do Exército, para manterem em prontidão determinado número e tipo de meios disponíveis para este efeito. Tudo isto pressupõe, antes de cada uma das épocas, planeamento. Toda a gente sabe aquilo que tem de fazer e pode disponibilizar. Nós, nessa parte final desse planeamento, fazemos um menu para toda essa época podermos empregar, caso seja necessário.

Toda esta informação é comunicada ao comando das Forças Armadas, o primeiro interlocutor com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Para as Forças Armadas passa pelo comando conjunto das operações militares. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil não vem diretamente ao Exército, solicita ao comando das Forças Armadas que por sua vez, sabendo o que cada um dos ramos – Marinha, Exército e Força Aérea – dispõe para aquela época, atribui esta ou aquela missão a esse mesmo ramo. No caso do Exército, através do RAME são disseminados esses módulos ou esse equipamento e, basicamente, é dito para se empenhar e projetar em determinado ponto. Aquela atividade que nos deu muito trabalho – não só a nós mas a todo o país – foi a pandemia.

Tem havido uma evolução/acréscimo de missões nos últimos anos, tendo em conta a pandemia?

Sim. Houve um acréscimo de missões, de módulos, de capacidades, de elementos, que não eram habituais. Toda a nossa capacidade de descontaminação, de apoio sanitário, na montagem dos centros de vacinação, etc. Toda aquela dinâmica que víamos todos os dias na televisão, o Exército foi chamado a contribuir, assim como a Marinha, como a Força Aérea. Esse, de facto, foi o apoio mais exigente, não tanto pela quantidade – só pela quantidade já era exigente – mas pela novidade. Foi para toda uma sociedade que nunca se tinha confrontado com uma situação semelhante. Fez com que estivéssemos sempre alerta e aprendemos bastante. Aprendemos muito com esta experiência.

O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva, é comandante do RAME desde 27 de dezembro de 2021. Créditos: mediotejo.net

Tenho números, talvez possa confirmar, a nível de prevenção e rescaldo a incêndios florestais, foram 2600 patrulhas?

Sim, só este ano. São valores totais do Exército. A Marinha também contribui para a vigilância e deteção e para o rescaldo, principalmente na área de Setúbal, onde têm maior área. Mas sei que estiveram inclusivamente na região de Santarém também, este ano. Tive patrulhas e pelotões dos fuzileiros nesta área em apoio em rescaldo e na vigilância e deteção. Essa atividade não me é solicitada a coordenação mas consigo monitorizá-la. A mim compete-me apenas coordenar os meios do Exército empenhados a favor de um pedido que o comando das Forças Armadas me dirigiu.

E como será o Dia da Unidade?

No Dia da Unidade, como qualquer Dia de Unidade, é tempo de fazer um balanço. Normalmente a entidade que preside faz um balanço geral, porque é que me dá a missão e me comete as tarefas. O balanço é feito por mim, terei a oportunidade de fazer um discurso e dizer quais foram as atividades, aquilo que nos ocupou durante todo este ano. Este dia vai ter três pontos, três áreas para mim muito valiosas. É também o momento em que temos todo o gosto de reconhecer aqueles que, de alguma forma, melhor se distinguiram. Normalmente isso é transformado em medalhas, condecorações. Aliás, vou ser agraciado, mas não é agora, com uma medalha de Comportamento Exemplar. Não me portei mal ao fim destes 30 anos, portanto, vou ser beneficiado. Uma cerimónia em que temos todo o gosto, em público, de reconhecer aqueles que connosco trabalham. A segunda é o reconhecimento dos antigos combatentes. Os antigos combatentes tiveram e cumpriram as suas missões na altura da Guerra do Ultramar e foi determinado que hoje temos que reconhecer esses feitos e essa prestação de serviço. Fazemo-lo em cerimónias, com a maior dignidade que conseguimos e portanto, vai ser um ponto alto. No meu caso em particular vai ser mais alto ainda porque o meu pai vai lá estar na parada para receber uma medalha dos dois anos que esteve em Angola, de 1962 a 1964. E depois porque, estes antigos militares foram aqueles que um dia juraram defender a pátria e cumpriram com o juramento, durante esse tempo que estiveram em serviço e outros cumpriram e deram, de facto, aquilo que de mais valioso tinham, que era a própria vida.

A terceira, e última parte, mas não menos importante da cerimónia que é o Juramento de Bandeira. Ou seja, temos aqui um encontro de duas gerações, aqueles que juraram e cumpriram e aqueles que estão prestes a jurar para cumprir aquilo que outros fizeram anteriormente. Portanto, são três momentos deste dia, desta cerimónia, que pretendo no meu discurso sublinhar.

E quais os desafios da missão?

Recrutar é uma missão permanente. Qualquer indivíduo, seja homem ou mulher, que vista uma farda e que esteja num serviço efetivo é uma missão permanente, até quando esteja vestido à civil, quando vai no fim de semana a casa e fala com um amigo, um conhecido, um primo, essa é a nossa missão permanente. É assim que vejo e todos fazemos parte do sistema de recrutamento. Neste caso em particular, como unidade temos um alcance limitado. Ou seja, estou limitado no espaço, na minha área de influência, de poder contribui para este recrutamento. Disponibilizo-me para as escolas cá virem ou para poder apoiar numa ou outra atividade das escolas, mas o foco é sempre garantir a maior quantidade de informação, para que esses jovens possam escolher em consciência.

Então e como é que se torna a carreira aliciante?

Falando a verdade. As coisas são aliciantes pela verdade que incorporam.

E qual é essa verdade?

Essa verdade é aquilo que às vezes não nos é permitido porque estamos formatados por uma mensagem padrão. Ou seja, é a experiência de todos e qualquer um de nós, durante a recruta. Semanalmente, disponibilizo um, dois oficiais, um sargento, duas ou três praças, para os recrutas terem oportunidade de perguntar coisas, de se informarem.

Mas esses já estão no Exército. Como é que cativa os que estão lá fora?

É exatamente dessa forma. Não consigo ir de porta a porta… mas é como se fosse um vírus, no bom sentido, de contagiar. O efetivo pequeno que tenho contacto, contagiá-los de forma a que possam replicar essas coisas lá fora. Essa é, de facto, na minha ótica a melhor via e mais eficaz que temos. Depois, em termos institucionais, tenho de partilhar esta tarefa com todas as unidades, estabelecimentos e órgãos do Exército. A capacidade de projetar nos meios de comunicação social é mais limitada do que outras unidades, nomeadamente as Brigadas, nomeadamente o comando do Exército, o Estado Maior do Exército, mas cada um, ao seu nível, penso que a modalidade tem de ser a mesma. É contagiar as pessoas com vivências, experiências e não dizer que são só coisas boas. Também há dificuldades, também há desafios, mas que são esses desafios e essas dificuldades que fazem a diferença.

Nomeadamente em cenário de guerra que pode acontecer como está a acontecer agora na Europa…

Mas no RAME cada vez que tenho a oportunidade de tratar de uma mensagem que outros regimentos não têm, tenho de aproveitar a grande diferença que esta unidade é para também apresentar um bocadinho daquilo que poderá ser a carreira militar desse jovem que está prestes a vir, que está na incerteza.

O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva, é comandante do RAME desde 27 de dezembro de 2021. Créditos: mediotejo.net

Mas os militares podem escolher ficar no RAME?

Digo-lhes no primeiro dia: não permitam que alguém escolha por vós. A mensagem que passo é a mensagem que todos os dias digo aos meus filhos, não permitam que alguém decida por vocês. Portanto, têm que trabalhar, ter a melhor nota, porque isto é uma questão de classificação, o primeiro classificado escolhe para onde é que vai. Sendo certo que alguém tem de ficar em último, sempre foi assim! Mas esta motivação acrescida permite que um todo acabe com maior qualidade do que se tiverem naquela postura passiva à espera que aconteça. Ou seja, tenta-se recompensar, agora se me perguntar: “isso é possível em todos?”. Claro que não! Até porque existem os interesses da organização e existem os interesses pessoais. Quando é possível conciliar uns e outros, perfeito, agora diga-me assim: “dos 100 militares que entraram, todos querem ir para Lisboa”. Não vai ser possível! Tenho de por pessoal no Porto, em Chaves, em Beja, em Tavira… Portanto, há uma necessidade de haver um escalonamento e os primeiros escolhem. É para sempre? Não, depois têm um período em que estão ao dispor daquilo que são as necessidades da organização e ao fim de dois ou três anos, normalmente, são colocados na desejada. Os oficiais têm a Guarnição Militar de Preferência, a GMP e eles têm a Área Geral de Prestação de Serviços, a AGPSP. Ou seja, é uma preferência da área onde eles pretendem prestar serviço. Nos dois/três anos iniciais pode não ser satisfeito, mas depois ao fim de dois/três anos normalmente isso acontece. Mas é um sistema de rotação, tal como acontece com outras profissões.

Está previsto o RAME desenvolver outras atividades?

Agora a maior preocupação é com os novos equipamentos, termos pessoal habilitado para os operar. Não são sistemas de armas complexos, mas são meios, equipamentos com algumas características civis, não tão robustos como alguns equipamentos militares e que, para já, exigem maior cuidado e, por esse facto, precisam ser tratados por quem sabe mexer neles. As empresas e os fornecedores destes materiais têm sessões de formação calendarizadas, sessões de formação essas que depois vão ser incluídas nos cursos, neste caso na escola prática dos serviços, porque são equipamentos de reabastecimento em serviços – as latrinas, as arcas frigoríficas móveis, todo um conjunto de meios que materializam aqui o apoio às 100 pessoas. Quer queiramos, quer não, são equipamentos novos tem de ter tudo formação, este é o maior desfio para já.

Porquê?

Por causa da rotatividade das nossas praças e dos nossos quadros. Ou seja, tenho de garantir um sistema muito flexível e nunca perder a mão, é como o cirurgião de vez em quando tem de fazer cortes para não perder a mão e temos de ter tudo muito bem planificado para não perdermos esta capacidade de saber fazer. Esta é a grande preocupação.

Como vê esta missão para o qual foi incumbido?

Vejo-a como outra qualquer que é para cumprir. A forma como encaro esta missão é para cumprir. Como é que a vou fazer? Se calhar, metade dela, consigo-a fazer com base nas doutrinas que aprendi nos cursos, a outra metade vou ter que cumprir falando e interagindo muito com quem trabalha comigo e são muitas vezes soluções de oportunidade, porque os meios não se adequam às doutrinas, às modalidades, mas temos de o fazer em conjunto.

A curto prazo, o que apresenta como mais urgente?

É finalizar, em termos de equipamentos, a capacidade de Apoio Militar de Emergência do Exército e uma componente que já foi testada neste exercício último, o Fénix, que é a nossa sustentação, ou seja, estou a apoiar 100 pessoas – as tais 100 pessoas desalojadas, deslocadas -, mas tenho uma máquina militar a fazer isto e esta máquina militar tem de ser sustentada, no apoio militar de emergência. Foi testado um modelo de sustentação deste apoio, porque, de facto, estou a apoiar 100 pessoas civis e quem me apoia a mim? É que tenho a missão de ir fazer o Apoio Militar de Emergência, mas tenho que ser sustentável, ser autossustentável, e sou durante 72 horas. Tenho comida, tenho ração de combate, para 72 horas, mas a partir daí tem de ser regenerado. E depois há todo um sistema logístico, neste caso do Exército, assente ou não nas Brigadas, que está a ser equacionado e desenhado para este efeito. Foi testado com algum sucesso neste último exercício, com os elementos de apoio avançado, aquilo que foi basicamente testado e que, para já, cumpre o que era preciso cumprir. Isto é a consolidação. A curto prazo, é o mote do nosso Exército para este ano: consolidar e progredir. É consolidar, de facto, todos os ensinamentos que este ano trouxeram, um ano pós covid, fizemos coisas que já não fazíamos há dois anos, portanto, isto está apenas o trazer à memória aquilo que se praticava, consolidar esses ensinamentos e progredir de forma mais assertiva, mais sólida, para um novo patamar. O novo patamar, no Apoio Militar de Emergência é a congregação de toda uma série de equipamentos que fazem parte desta capacidade ou têm de integrar esta capacidade. Nomeadamente viaturas e meios rádio. Hoje operamos com as viaturas táticas que temos disponíveis, mas temos que ser reforçados porque há equipamentos que exigem essas novas viaturas, nomeadamente cozinhas contentorizadas. Temos de ter viaturas para esse efeito. Sou diretor de projeto do Apoio Militar de Emergência, existem outros oficiais, nomeadamente um responsável pelo projeto das viaturas táticas ligeiras e por aí fora. E portanto, quando preciso de viaturas ou de meios rádio vou-me socorrer desses mesmos diretores de projetos e incluir no projeto deles as necessidades do meu. Ou seja, e cada um trabalha uma área específica para a qual está mais vocacionado e não preciso de tratar de uma panóplia de subcapacidades para uma subcapacidade última do Apoio Militar de Emergência, em que não sou especialista. Assim, cada um na sua componente e interligado de acordo com as necessidades do seu respetivo projeto é a forma como o Exército tem estado a trabalhar e que tem garantido algum sucesso.

O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva, é comandante do RAME desde 27 de dezembro de 2021. Créditos: mediotejo.net

Considera importante a aproximação do Exército à sociedade civil? Recordo os juramentos de bandeira fora da unidade.

Isso é muito importante, mas para mim a sociedade é única. Tem civis, tem militares, tem elementos das forças de segurança, tem médicos, advogados, políticos, tem gestores, tem empresários… A sociedade é uma. Fazemos parte da sociedade, estamos inseridos na sociedade e temos que privar com a sociedade. É esta a minha perspetiva e, presentemente, comandantes e até o comando do Exército, a nossa proximidade com a população não é uma obrigação, é um gosto podermos fazer isto com a população. É mas difícil abrir um quartel à população nestas alturas, eventualmente, por causa de exigências de segurança. Se calhar é mais difícil querermos essa proximidade, mas em vez de trazer a população para dentro do quartel, podemos fazer fora. E fazemo-lo nos dias da Defesa Nacional, este quartel está aberto para a visita à coleção visitável. Temos desenvolvido atividades com o Rotary Club de Abrantes, temos um curso de liderança e temos todo o gosto em receber bem. Mas temos de ir lá fora também. É uma sociedade aberta e não temos receio de ir para o meio da sociedade. Estarmos no meio da sociedade nos lugares onde as pessoas habitam, convivem, passam os seus melhores momentos, também queremos lá estar.

É uma estratégia de recrutamento ou não?

Em termos globais talvez seja. Só pode ser, faz sentido que seja. Como é que conheço uma pessoa se não privar com ela? Fio-me em “ouvi dizer que… consta que…”, não pode ser! Temos de ver de perto. E há toda a possibilidade de o fazer em segurança, com um sorriso nos lábios. E fazemos parte, integrando o local que nos rodeia. Não sou de Abrantes, mas tenho à vontade para ir para o meio de Abrantes com uma força, sinto-me bem lá, não tenho medo. E acho que a reciprocidade já deu provas disso.

Sente que a população gosta das forças armadas?

Sim. Não tenho razão de queixa. Seja aqui em Abrantes ou noutro local. Estivemos em Santarém no dia do Exército, em Braga no ano passado, no 10 de junho em Lisboa, não tenho memória de alguma vez me sentir mal, ameaçado muito menos.

Enquanto militar enfrentou algum cenário complicado?

Não, nunca estive num teatro de operações de intensidade maior, nem de operações de apoio à paz. Toda a minha geração começou as primeiras missões no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina. Eram meus camaradas de curso, tenentes na altura, comandantes de pelotão que integraram as primeiras missões e na época foram os Paraquedistas. Depois é que se estendeu à Brigada Mecanizada e outras brigadas. Portanto, nessa altura, estava no Batalhão de Infantaria Mecanizada, mas depois fui para a Academia Militar. De facto, não tive essa oportunidade. Na altura que tive oportunidade, foi durante 8 meses, onde estive no Batalhão de Infantaria Mecanizada outra vez, estava apontado para ir fazer o curso aos Estados Unidos, e fui. Mais tarde como comandante do batalhão de uma missão destacada, acabou o teatro de Kosovo. Ou seja, nesse aspeto se tive sorte, e se tenho tido sorte noutras experiências, nesta vamos chamar sorte ou acaso, azar não é de certeza absoluta. Não tive essa oportunidade.

Tem dois filhos. Falta-lhe plantar uma árvore ou escrever um livro?

Plantei uma árvore. Moro num primeiro andar, com um terraço, e plantei lá uma árvore. Plantei eu e a minha mulher, uma oliveira. Dá três kg de azeitonas por ano. São as azeitonas que comemos na ceia do Natal. Portanto, é a árvore que tenho plantada, de facto é a única. Escrever livros… eu leio um pouco, não sou um leitor assíduo, mas acho que a minha apetência é mais para o fazer coisas, tanto que queria ir para Arquitetura. Gosto muito da minha bricolage, principalmente com madeira, mas não tenho tido tempo.

O que é que lhe falta fazer?

Para já, falta-me acabar este comando da melhor forma que o conseguir, este é o meu foco. Eventualmente para mais um ano, se não houver nenhum atropelo ou se não for preciso noutro local. Tradicionalmente mantemo-nos um ou dois anos na função. Portanto, esse vai ser o meu primeiro objetivo: deixar um pouco melhor, se bem que é difícil, os meus antecessores fizeram um trabalho excelente. Mas como a capacidade ainda está em crescimento, de certeza que vou conseguir dar um pouco mais de mim a esta causa que é o Apoio Militar de Emergência e deixar este Regimento um bocadinho mais capaz no que diz respeito à capacidade em si, com a mesma relevância e a mesma importância que sempre teve. Depois estou na reta final de uma carreira que para já considero muito boa. Tenho a idade que tenho e a partir desta altura, que funções é que poderei desempenhar e as possibilidades de ir ainda a oficial general? Já tenho algum peso. Se calhar tenho um ou dois anos e essa opção começa a ficar mais apertada, não é impossível. Vou fazer aquilo que sempre fiz: focar-me na minha missão e fazê-la o melhor que sei, o melhor que posso. A avaliação que daí resulta alguém vai ter que a fazer, não sou eu. Alguém vai ter essa responsabilidade, esse trabalho de me avaliar e esse, de facto, é única coisa que me deixa descansado. Só tenho que fazer aquilo que me compete.

Perfil

O coronel de Infantaria, Joaquim José Estevão da Silva nasceu em Torres Vedras, com raízes no concelho de Peniche, da praia da Consolação (pai) e praia de São Bernardino (mãe). Assume-se pescador de terra – não de barco – afirmando ter ido ao mar de barco “três vezes: a primeira, e única e última”, embora goste “muito do mar” cujo “ar cura as feridas e deixa a alma renovada”. Tem 54 anos de idade, nasceu em agosto de 1968, e 35 anos de serviço no Exército. É casado desde 1995 e tem dois filhos, um rapaz com 22 anos e uma rapariga com 18, ambos a frequentar o ensino superior. Ele na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e ela estuda Medicina Veterinária na Universidade de Évora.

Na sua família mais próxima, é o único militar de carreira embora tenha, atualmente, um primo mais novo sargento-ajudante. A sua carreira militar começou no dia do grande incêndio do Chiado (em Lisboa), em agosto de 1988, quando em simultâneo apresentou candidatura no ensino superior a Arquitetura, tendo até entrado na Faculdade de Belas Artes do Porto, contudo não iniciou, devido à sua classificação nas provas de aptidão militar, nas quais conseguiu o terceiro lugar. Nesse ano, optou por ingressar na Academia Militar onde se formou em Ciências Militares, na especialidade de Infantaria, embora a perspetiva inicial tendesse para a Engenharia, no entanto a Infantaria “era mais tropa”, sublinha.

Para além dos cursos curriculares de carreira, está habilitado com o Infantry Captains Career Course, do Exército dos Estados Unidos da América, e o Curso de Estado-Maior e Curso de Estado-Maior Conjunto, do Instituto de Estudos Superiores Militares. Possui o Grau de Mestre em Ciências Militares atribuído pela Academia Militar. No início de carreira, serviu no Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Santa Margarida (Constância), onde desempenhou as funções de comandante de Pelotão de Atiradores, comandante do Pelotão de Reconhecimento e comandante da Companhia de Comando e Serviços.

Na Academia Militar, como subalterno, foi instrutor do Grupo Disciplinar de Preparação e Treino Militar, oficial de Tiro e adjunto do comandante das 3ª e 4ª Companhias de Alunos. Na Escola Prática de Infantaria desempenhou as funções de comandante da 1ª Companhia de Atiradores e de diretor e instrutor de diversos Tirocínios e Cursos de Formação e de Promoção. Foi ainda Delegado Nacional do NATO WG – FIBUA-MOUT.

No Estado-Maior do Exército desempenhou as funções de coordenador de área da Repartição de Instrução, da Divisão de Recursos, e foi delegado nacional do WG- Mike / Engagement da Finabel. Na Academia Militar, de janeiro de 2012 a março de 2015, desempenhou as funções de professor e regente das Unidades Curriculares de Tática de Infantaria e diretor dos cursos de Infantaria da Academia Militar. Comandou o 1. º Batalhão de Infantaria Mecanizado, da Brigada Mecanizada de março de 2015 a setembro de 2017, fechando aquilo que considera “um ciclo bonito” embora lamente, agora que está em fim de carreira, não ter tido a oportunidade de comandar um batalhão numa força nacional destacada, uma vez que na época o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado estava a cumprir uma missão no Kosovo e “foi a penúltima força a fazê-lo.

A última foi um Batalhão da Brigada de Intervenção” e a última vez que Portugal teve uma força nacional destacada de escalão Batalhão no teatro de operações do Kosovo. Depois durante um ano comandou uma unidade de articulação de unidades de Infantaria e Cavalaria, ou seja “um Agrupamento, uma unidade, que não sendo de base, é pouco habitual, e articulada para determinada missão”, explica. Em 2017 e por um período de três anos desempenhou o cargo – Staff Officer – Training Needs Analysis – no NATO Supreme Allied Command Transformation Headquarters, em Norfolk, nos Estados Unidos da América, tendo oportunidade de levar a família. De 05 de janeiro a 27 de dezembro de 2021 desempenhou a função de Chefe da Secção J5 – Planos, do Comando Conjunto para as Operações Militares, do EMGFA, em Oeiras.

Nessas funções teve oportunidade de rever todos os planos existentes das Forças Armadas para o Apoio Militar de Emergência. Tem averbado onze louvores dos quais sete concedidos por Oficiais Generais. Foi agraciado com duas Medalhas de Serviços Distintos, a Medalha de Mérito Militar de 2.ª Classe, a Medalha de D. Afonso Henriques – Mérito do Exército de 3ª Classe, e a medalha de Prata de Comportamento Exemplar. É comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), em Abrantes, desde 27 de dezembro de 2021.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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