Endesa promove agronegócio em Abrantes e quer Central do Pego a funcionar em 2025

“Estamos dentro do calendário, iniciámos há um mês todos os projetos de formação [e reconversão profissional] que estavam [previstos] dentro do leilão [do concurso para a central de produção elétrica do Pego], com grande sucesso e muita procura, e que vão continuar durante mais um ano a ano e meio, pelo que mantemos 2025 como o ano em que a central estará a funcionar”, disse Guillermo Soler na segunda-feira, à margem da iniciativa ‘Apadrinha uma Oliveira’, que decorreu junto à Oliveira do Mouchão, na freguesia de Mouriscas (Abrantes), a mais antiga oliveira da Península Ibérica, com 3.350 anos.

A iniciativa ‘Apadrinha uma Oliveira’ é uma parceria entre a Endesa e a ONG ‘Apadrina un Olivo’, e visa recuperar oliveiras abandonadas, promovendo a produção de azeite de forma tradicional e a produção de conservas a partir de produtos locais, integrando o plano socioeconómico inserido no Projeto de Transição Justa para Pego, adjudicado à Endesa em 2022.

Endesa promove agronegócio em Abrantes e quer Central do Pego a funcionar em 2025

O objetivo é “recuperar 10.000 oliveiras dos mais de 200.000 hectares de olival abandonado em Abrantes”, disse o gestor, estando prevista a criação de 27 postos de trabalho associados a um projeto inspirado num modelo de empreendedorismo rural nascido em 2014 em Oliete, Teruel (Espanha), para “gerar desenvolvimento rural sustentável em áreas pouco povoadas”.

Guillermo Soler, Diretor Geral da Endesa Portugal

ÁUDIO | GUILLERMO SOLER, DIRETOR GERAL ENDESA PORTUGAL:

O projeto “Apadrinha Uma Oliveira” prevê o lançamento de uma marca de azeite virgem extra e a instalação de um lagar próprio de azeite, a criação, “a médio prazo”, de uma fábrica de conservas para recuperar as hortas da zona e promover os produtos locais, além de uma unidade de compostagem na região de Abrantes, “incentivando a fixação da população rural”.

“Esta iniciativa única em Portugal é um exemplo claro de como queremos transformar a região de Abrantes para construir, a par de um grande desenvolvimento energético, oportunidades de futuro ligadas ao território”, disse Soler, tendo feito notar que “a promoção do agronegócio deixa valor acrescentado na comunidade local e permite a abertura de novas oportunidades para a população”.

Segundo o diretor da Endesa Portugal, “este é o primeiro passo do projeto socioeconómico que compromete a Endesa numa transição justa após a conclusão da exploração da central do Pego”.

Endesa promove agronegócio em Abrantes e quer Central do Pego a funcionar em 2025

“A conservação dos olivais favorece não só um impacto social no território, mas também um impacto ambiental, contribuindo para a mitigação de CO2. Além disso, é um conjunto de estratégias e instrumentos para envolver os proprietários e utilizadores do território na conservação e boa utilização dos valores e recursos naturais, culturais e paisagísticos”, afirmou, por sua vez, Pedro Almeida Fernandes, diretor do negócio de produção elétrica da Endesa em Portugal.

Presente na sessão, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos afirmou que este projeto “vem potenciar a criação de sinergias entre os produtos de azeite e ajudar a alavancar todos os recursos instalados no concelho”, num setor considerado “estratégico” para o município.

Manuel Jorge Valaamatos, presidente CM Abrantes

ÁUDIO | MANUEL JORGE VALAMATOS, PRESIDENTE CM ABRANTES:

O responsável de ‘Apadrinha Uma Oliveira’ é João Rijo, antigo trabalhador da central do Pego, tendo destacado uma ligação à tradição olivícola muito antiga.

“A família da minha mulher tem oliveiras e eu sei o que é apanhar azeitonas e levá-las para o lagar. Foram precisos 32 anos para que as oliveiras se tornassem os atores principais da minha vida, e nunca mais secundários. Depois de terminar a minha passagem pelo Pego com a Endesa, a ‘Apadrina un Olivo’, permite-me aprender e reencontrar-me com a terra e com o que nos rodeia, desta vez olhando de frente para a riqueza natural. Nunca é tarde para reescrever a história, a nossa história, a nossa própria história, a história que temos em comum. Por isso, gostaria de vos perguntar: que relação têm com a oliveira/com o olival? Que memórias vos evoca?”, questionou, em jeito de desafio.

Guillermo Soler, por sua vez, questionado sobre o destino a dar às torres de refrigeração da central do Pego, que produziu energia a carvão até 2021 e que continua a produzir a partir do gás, disse que as mesmas “não vão ser desmanteladas” num futuro próximo, tendo lembrado os riscos associados à sua demolição e que a central de ciclo combinado (a gás) continua ali a funcionar até 2036.

“As torres não vão ser desmanteladas no curto prazo pelo facto de termos o ciclo combinado ainda a funcionar e a demolição ser uma operação de risco”, afirmou Soler. “Vamos mantê-las e vão ser um ícone da região. De momento não vão ser desmanteladas”, reiterou.

Torres da central do Pego não vão ser desmanteladas no futuro previsível

Depois do fecho da central térmica do Pego em 2021, a Endesa, através da sua filial Endesa Generación Portugal, venceu em 2022 o concurso público de transição justa do Pego com um projeto que combina a hibridização de fontes renováveis e o armazenamento naquela que será a maior bateria da Europa, com iniciativas de desenvolvimento social e económico.

O projeto prevê um investimento de 600 milhões de euros, a reconversão profissional de 2.000 pessoas e a criação de 75 postos de trabalho diretos, sendo que o compromisso é dar preferência e integrar os trabalhadores da antiga central a carvão.

Com a vitória no concurso, a Endesa obteve um direito de ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP) de 224 MVA, num projeto que prevê a instalação de 365 MWp de energia solar, 264 MW de energia eólica, com armazenamento integrado de 168,6 MW, e um eletrolisador de 500 kW para a produção de hidrogénio verde.

VIDEO/’APADRINHA UMA OLIVEIRA’/ENDESA:

A Endesa é a maior elétrica espanhola e a segunda na distribuição de gás em Espanha.

Em Portugal, além da central do Pego, tem ainda projetos para geração de energia solar no Algarve e na barragem do Alto Rabagão (Montalegre).

A Endesa teve lucros de 2.541 milhões de euros no ano passado, um aumento de 77% em relação a 2021.

c/LUSA

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