Centro de Saúde da Sertã. Foto: mediotejo.net

Contactado pelo mediotejo.net, o presidente da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Miranda (PS), explicou que o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde da Sertã, durante o período da manhã de quinta-feira, se tratou de uma situação “perfeitamente inesperada”, que aconteceu devido à falta da médica escalada para serviço. A situação ficou regularizada horas depois e pelas 14h00 o SAP deste concelho já tinha um médico ao serviço.

“São coisas que acontecem. É evidente que nós não gostamos de ter o SAP fechado, mas nestas circunstâncias foi uma situação que não era previsível. No período da tarde de ontem, às 14h00, estava lá o médico a substituir a médica que faltou”, referiu o autarca.

O autarca sertaginense não escondeu a sua preocupação com o atual estado da saúde no concelho a que preside e que reflete o panorama nacional. “Naturalmente é um assunto que nos preocupa porque temos aqui algumas situações de médicos à beira da reforma ou mesmo reformados (…) e sabemos que há dificuldade na substituição de médicos, temos conhecimento do estado da saúde nos territórios do interior e que há falta de médicos no SNS. Naturalmente que isso nos preocupa”, acrescentou Carlos Miranda.

Dada a dimensão geográfica e populacional do concelho da Sertã, a situação torna-se preocupante, mas o edil afirma que têm sido movidos esforços no sentido de garantir o acesso aos cuidados de saúde a toda a população.

Carlos Miranda, presidente CM Sertã. Foto: mediotejo.net

ÁUDIO | CARLOS MIRANDA, PRESIDENTE CM SERTÃ:

ÁUDIO | Carlos Miranda, presidente da CMS, em declarações ao mediotejo.net

“Aquilo que nós temos feito, de facto é sensibilizar todas as entidades competentes, desde logo a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB) e ao próprio Ministério da Saúde no sentido de ser resolvida esta situação”, aponta. A ação do governo, segundo Carlos Miranda, é também necessária dado que, aos longo “dos últimos 20 ou 30 anos esta situação não tensa sido, talvez, devidamente acautelada, em particular com os médicos de família”.

Embora a situação seja comum aos concelhos do interior do país, o problema agrava-se especialmente nos meses de verão devido ao facto de que muitos médicos ficam de férias. “Vamos acompanhando com preocupação, sendo que a Câmara Municipal da Sertã não tem poder para colocar médicos no centro de Saúde, como é evidente. Aquilo que nós fazemos é acompanhar e sensibilizar todas as entidades e no fundo, fazer esse trabalho político de exigir que as nossas populações sejam devidamente servidas por médicos”, sublinha Carlos Miranda.

Contactada pelo mediotejo.net, a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco explicou que a falta do médico escalado foi comunicada “apenas no próprio dia e devido a problema familiar, situação que não estava prevista”.

O serviço em situações de urgência/emergência foi assegurado pelo Dr. António Silva tendo-se registado “algumas situações não urgentes que recorreram ao SAC de Proença-a-Nova”.

Foto: Pexels

Questionada quanto aos esforços enveredados para assegurar o acesso da população aos cuidados de saúde primários, o Conselho de Administração da ULSCB afirma manter-se “atento e, apesar das dificuldades” com que se depara devido a aposentações e falta de profissionais médicos, dada “a pouca atratividade para se instalarem definitivamente na área em causa, tem colocado como alternativa prestadores de serviços para colmatar as escalas nos Cuidados de Saúde Primários”.

“O Conselho de Administração envidará todos os esforços para manter a atividade regular a nível dos Cuidados de Saúde Primários”, conclui a mesma entidade. 

Também a concelhia do PSD da Sertã se mostrou preocupada com o sucedido, tendo feito chegar à redação do nosso jornal um comunicado onde emite duras críticas à atual situação da saúde no concelho da Sertã, com o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), situação que definem como “inadmissível”. Para o PSD este encerramento, ainda que por pequenos períodos de tempo, coloca “em causa a saúde da população” da Sertã e dos concelhos limítrofes”, lê-se na nota.

Centro de Saúde da Sertã. Foto: DR

“Este caso é tanto mais grave na medida em que toda esta região recorre às urgências na Sertã, por ser este o único serviço com atendimento permanente – SAP 24 horas”, acrescenta a mesma nota.

O ocorrido durante a manhã do dia 17 de agosto é para o PSD um “espelho deste ‘desgoverno’”, responsabilidade que atribuem à gestão da ULSCB e ao partido socialista, acrescentando que este “escolheu abandonar o interior e as suas gentes à sua própria sorte”.

De acordo com o comunicado emitido, o episódio do SAP do Centro de Saúde da Sertã veio agravar o atual estado da saúde no concelho, marcado por “uma agonia crescente” no acesso aos cuidados de saúde por parte da população, nomeadamente com a falta de médicos na extensão de saúde de Cernache do Bonjardim.

Atualmente a frequentar o Mestrado em Jornalismo na Universidade da Beira Interior. Apaixonada pelas letras e pela escrita, cedo descobri no Jornalismo a minha grande paixão.

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