Eduardo Margarido na primeira loja aberta ao público, em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, nos anos 1960. Créditos: Margarido's

Eduardo Margarido morreu esta sexta-feira, 22 de abril, em Abrantes. Tinha 77 anos. As cerimónias fúnebres realizam-se este sábado, dia 23 de abril. Têm início às 10 horas, na Igreja Paroquial Nossa Senhora da Conceição de Rossio ao Sul do Tejo, prosseguindo depois no Cemitério de Santa Catarina, em Abrantes.

A história da sua vida confunde-se com a da empresa de transformação de carnes que herdou dos pais, ainda muito jovem, e que fez crescer até ao nível das maiores (e melhores) do país, na sua área: a Margarido’s.

Eduardo Margarido nasceu em 1945 em Mouriscas, no Casal da Igreja, onde estavam radicados os seus pais, António Dias Margarido e Jacinta de Matos Melo Margarido. Foi nessa casa de família que os enchidos que faziam todos os anos, de forma artesanal, começaram a ganhar fama.

A família mudou-se para Chainça quando Eduardo tinha sete anos, e depois para o Rossio, onde passaram a residir. Ali criaram um matadouro próprio e abriram a sua primeira loja de venda ao público.

A primeira loja abriu há mais de 50 anos em Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, e ainda mantém clientes fiéis desde esses primeiros tempos. Créditos: Margarido’s

Nos anos 60 prestou serviço militar nos Comandos, cumprindo também duas comissões na Guerra Colonial. Pouco depois, e com a revolução de Abril de 74, o pai deixou a empresa aos filhos Eduardo e Alberto Margarido, que fizeram a sociedade Margarido & Margarido Lda., continuando a expansão da marca de enchidos e salsicharia por todo o país.

Com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, e a necessidade de fazer novas adaptações nos processos de produção, decidiram construir um novo matadouro de raiz num lote da zona industrial de Alferrarede, na década de 90. O irmão Alberto deixou a sociedade pouco depois e Eduardo manteve-se à frente da empresa, apoiado a partir dos anos 2000 pela filha mais velha, Natália, que hoje é a sócia-gerente da empresa.

É nas instalações de Alferrarede que a empresa ainda se mantém, tendo já passado por diversas remodelações e obras de ampliação. Apesar da modernização e introdução de processos industriais, foram mantidas as receitas tradicionais da família e, ao longo dos anos, os seus produtos conquistaram vários prémios de excelência e a devoção de vários gastrónomos. É dos Margarido’s – diz-se em várias cozinhas de grandes chefs –, a melhor farinheira do país.

Além de empresário de sucesso, Eduardo Margarido foi presidente do Lions Club de Abrantes e um dos seus membros mais ativos na promoção de iniciativas de solidariedade.

* Com Joana Rita Santos

Sou diretora do jornal mediotejo.net, diretora editorial da Médio Tejo Edições e da chancela de livros Perspectiva. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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