Uma draga e respetivas tubagens ligadas de margem a margem do rio Tejo, barreira detetada na zona da Chamusca, impediu os recenseadores do censo ibérico de águias pesqueiras invernantes de prosseguir a jornada para montante, situação criticada pela organização e que levou mesmo à apresentação de uma queixa junto das autoridades.
“E assim termina uma viagem pelo Tejo acima. Num rio sem fiscalização, um rio de que todos falam em épocas pré eleitorais mas de que ninguém quer saber… Um “dono disto tudo” qualquer à revelia de todas as leis decide fechar o rio impedindo a navegabilidade. A “Lena Agregados grupo Nov indústria” decidiu porque lhe apeteceu. O país submete-se. Agora vamos ver se as autoridades assobiam para o lado”, escreveu José Freitas, um dos recenseadores que seguia num barco Tejo acima, na sua página pessoal nas redes sociais. O mediotejo.net contactou a empresa solicitando esclarecimentos sobre esta barreira que corta a circulação no rio de uma ponta à outra mas até ao momento não recebeu resposta às informações solicitadas.
“Foi feita uma denúncia ao AIGAMAOT e já recebi informação de que essa denúncia foi passada pelo IGAMAOT (Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território ) para a APA, que é quem tutela a gestão de recursos hídricos, neste momento está nas mão da APA. Mas também tenho conhecimento que o SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente – GNR) levantou o auto e depois irá ele próprio para a APA que é quem estabelece as xxx min2.43 mas sempre levantou um auto à empresa, disse ao mediotejo.net José Freitas, membro de um grupo de voluntários ligado à vida animal que realizou nos dias 22 e 23 de janeiro a quinta edição do censo ibérico de águias-pesqueiras invernantes.
ÁUDIO | JOSÉ FREITAS, RECENSEADOR DE ÁGUIAS-PESQUEIRAS NO TEJO
Este censo tem como objetivo quantificar a população invernante de Águia-pesqueira na Península Ibérica, dando seguimento aos censos já realizados no passado, sendo que, no Vale do Tejo, a contagem (possível) fez-se no percurso entre o Castelo de Almourol (Barquinha) e Vila Franca de Xira, com a colaboração de cerca de meia centena de voluntários e o apoio de duas embarcações dos Bombeiros Sapadores e Voluntários de Santarém.

“Da Chamusca ao Almourol são mais ou menos 15 kms, nós fizemos um trajeto de 30, portanto, no fundo, fizemos dois terços do percurso de rio que era suposto fazer. Claro que o trabalho não é aquilo que queríamos e os resultados não são os mesmos, uma vez que deixámos 15 kms de rio por contar e muitas águias não foram contadas”, disse Freitas, tendo feito notar que não era suposto esta barreira estar no rio Tejo.
“De maneira nenhuma, nem para nós – nós voluntários que estamos a participar nos censos – nem para os bombeiros que iam connosco, que também não tinham qualquer informação de que estava ali uma barreira, que não devia estar. E tivemos que voltar para trás”, criticou.
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