Os docentes da licenciatura em Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) vão manter-se em greve até segunda-feira, alegando ausência de acordo nas negociações realizadas ao longo desta semana com os órgãos dirigentes da instituição.

Num comunicado enviado à Lusa, o Sindicato do Ensino Superior (SNESup) afirma que as propostas de acordo apresentadas nas reuniões com a presidência e a vice-presidência do IPT, o diretor da Escola Superior de Tecnologia (onde se integra a licenciatura em Fotografia) e o chefe do gabinete jurídico “não garantem a qualidade de ensino que é reconhecida e que os alunos continuam a esperar” dos docentes deste curso.

Contactado pela Lusa, o presidente do IPT, Eugénio Pina de Almeida, declarou ter ficado “surpreendido” com esta tomada de posição dos docentes por ter sido alcançado “acordo em todos os pontos” apresentados e ter sido estabelecido um “memorando para ser assinado”.

A greve dos docentes iniciou-se na terça-feira.

O comunicado do SNESup refere, nomeadamente, a precariedade de dois docentes que colaboravam em quatro unidades curriculares da licenciatura em Fotografia, duas das quais (as correspondentes ao primeiro semestre) não estão a ser lecionadas desde o início do ano.

“Ficou manifesto na reunião que a precariedade dos docentes é vista pelos órgãos superiores da instituição como normal, não lhes merecendo considerações de maior ordem. Ao invés de se apostar no crescimento e valorização científica do corpo docente, a instituição aposta na contração do conhecimento especializado designando professores sem experiência e competência para determinadas unidades curriculares, não contabilizando o seu currículo e conhecimento científico”, refere o comunicado.

Pina de Almeida afirmou não ter qualquer poder nesta matéria, já que a precariedade advém de opções políticas que o ultrapassam, e concordou que não é a situação desejável.

Por outro lado, os docentes consideram que existe um “desinvestimento” na licenciatura que “fez com que tenham deixado de estar reunidas as condições mínimas de trabalho”.

Sublinhando que os pedidos para que seja assegurada a manutenção e recuperação dos equipamentos e consumíveis necessários para o mínimo funcionamento da licenciatura “são do conhecimento dos órgãos diretivos da instituição e estão contemplados no orçamento geral do IPT”, o sindicato lamenta, contudo, a ausência de qualquer medida para resolver as situações identificadas num “inventário detalhado” entregue pelos docentes de equipamento por reparar ou desaparecido.

O presidente do IPT disse à Lusa que vai solicitar à direção da EST que sejam ouvidos todos os docentes da licenciatura para um levantamento exaustivo de todas as situações e averiguação das anomalias referidas, a apresentar no prazo de 15 dias, para que os órgãos competentes da escola possam tomar decisões.

O comunicado aponta “uma série de problemas” motivadoras da situação atual do curso (que regista o maior número de entrada de alunos no contingente geral do IPT), como a falência do mestrado que garantia a continuidade da formação dos alunos ou a “desagregação” da licenciatura “com o contínuo afastamento de professores altamente especializados, sem consulta prévia do corpo docente”.

Os professores lamentam, em particular, “a humilhação de figuras altamente reconhecidas no universo da cultura fotográfica do país, com prejuízo para os próprios, para os alunos e para a instituição aos olhos da comunidade fotográfica e público em geral”.

Os docentes queriam que fosse aprovada a contratação de Luís Pavão como professor adjunto convidado a 80% para lecionar a componente teórica das disciplinas de Emulsões e Processos de Impressão com Ouro, Platina e Pigmento, correspondentes a uma média semanal de sete horas.

Em relação a esta situação em concreto, Eugénio Pina de Almeida afirmou que o facto de Luís Pavão ser funcionário da Câmara de Lisboa não permite a acumulação em mais de 50%.

Por outro lado, manifestou a sua disponibilidade para prosseguir o diálogo com os docentes, sublinhando que a sua preocupação se prende com os alunos que estão sem aulas e com a imagem que está a ser dada do curso.

 

Agência de Notícias de Portugal

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