Sónia Gonçalves, especialista em Medicina Interna da Consulta de Diabetes do Hospital CUF Santarém. Foto: CUF

Colocando Portugal no top 3 de países da Europa com maior prevalência, a diabetes afeta cerca de 1,1 milhões de portugueses, entre os 20 e os 79 anos.  A propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala a 14 de novembro, Sónia Gonçalves, especialista em Medicina Interna da Consulta de Diabetes do Hospital CUF Santarém, falou com o mediotejo.net sobre a importância do tratamento desta doença por uma equipa de médicos de várias especialidades.

A diabetes é um problema complexo?
Sim, e são várias as razões que levam a esta complexidade. Por um lado, existem diferentes tipos de diabetes, são vários os fatores de risco e são múltiplos os órgãos e sistemas que podem ser afetados pela doença. Por outro lado, a diabetes é frequentemente associada a outras condições de saúde, como hipertensão, doenças cardíacas, dislipidemia (níveis elevados de lipídios no sangue) e doenças renais, exigindo um tratamento simultâneo. Todas estas variáveis tẽm de ser compreendidas caso a caso, pois cada pessoa com diabetes é única, com necessidades específicas, respostas e desafios individuais. Para responder a esta complexidade, o tratamento e a gestão da diabetes requer uma abordagem multidisciplinar. 

Então, para o doente com diabetes, é importante ser acompanhado por vários profissionais de saúde?
É muito importante que as pessoas com diabetes sejam acompanhadas por uma equipa multidisciplinar e é por esta razão que no Hospital CUF Santarém existe a Consulta de Diabetes, com uma equipa dedicada ao tratamento da doença, que inclui médicos de Medicina Interna, Endocrinologia, Cirurgia Geral, Oftalmologia, Ortopedia, Cardiologia e Pneumologia, além de enfermeiros, nutricionista e psicóloga. O objetivo é garantir a acessibilidade das pessoas com diabetes da região de Santarém a cuidados de saúde diferenciados, capazes de garantir uma gestão e controlo eficazes da doença no seu todo, prevenir complicações e obter melhores resultados de saúde e qualidade de vida. Não podemos esquecer que lidar diariamente com a diabetes é exigente e, muitas vezes, os doentes enfrentam desafios emocionais, como a ansiedade e a depressão. A equipa multidisciplinar pode, também, ajudar a resolver estes problemas, e a proximidade que se estabelece entre os profissionais de saúde, o doente e os seus familiares cria uma oportunidade contínua de literacia sobre a doença. Com um tratamento eficaz, suporte emocional e educação adequada, as pessoas com diabetes podem ter uma melhor qualidade de vida e sentirem-se mais capacitadas para enfrentar os desafios da doença.

Se a diabetes não for tratada pode levar a complicações graves?
Não só se não for tratada, como também se não for bem gerida. A diabetes não tratada ou mal controlada pode levar a complicações graves, como doenças cardíacas, doença renal, cegueira, neuropatia (danos nos nervos), amputações, problemas nos pés e má circulação. 

Que cuidados deve ter o doente, a partir do momento em que é diagnosticado, para prevenir ou reduzir as complicações associadas à diabetes?
Quando é diagnosticado com diabetes, o doente deve, em primeiro lugar, procurar a ajuda de uma equipa médica multidisciplinar, de forma a obter orientação especializada e apoio contínuo. Depois, é fundamental que cumpra o plano de tratamento prescrito e que faça a monitorização regular da glicose, de acordo com as recomendações do médico. Deve optar por uma dieta diversificada, rica em fibras, com controlo de hidratos de carbono e gorduras, e praticar regularmente exercício físico, para melhorar a sensibilidade à insulina, controlar o peso, reduzir a pressão arterial e melhorar o bem-estar geral. A cessação tabágica é obrigatória, para evitar complicações cardiovasculares, que são comuns em pessoas com diabetes. Por último, os pés devem ser observados regularmente, em busca de feridas, bolhas, calos ou outras anormalidades, para evitar complicações do pé diabético.
O acompanhamento médico regular e a realização de exames de rotina são fundamentais para um adequado controlo da diabetes. Seguindo estes cuidados e mantendo uma comunicação aberta com a equipa médica, é possível prevenir ou reduzir as complicações associadas à doença.

Diferentes tipos de diabetes

“Os principais são a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2. Na diabetes do tipo 1, mais comum em crianças e adultos jovens, o sistema imunológico afeta as células do pâncreas que produzem insulina e os doentes não conseguem produzi-la em quantidade suficiente, necessitando de injeções diárias de insulina para sobreviver. O tipo 2 é o mais comum e está, geralmente, relacionado com um estilo de vida sedentário. Nas primeiras fases, o corpo produz insulina, mas não a consegue utilizar de forma adequada, levando ao acúmulo de glicose no sangue. Existe ainda a diabetes gestacional, que surge durante a gravidez, e outras formas menos comuns da doença” explica a médica Sónia Gonçalves.

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