O pintor Massimo Esposito prossegue com a sua apresentação de artistas do Médio Tejo. Hoje entrevista Delano Valentim, 44 anos, que vive em Abrantes.
Olá Delano, conhecemo-nos já há algum tempo e também colaboramos em eventos e projetos, tu és do Brasil e tens “alma” de artista multifacetado. Gostava que respondesses a alguma perguntas. Estás a viver em Abrantes e a estudar na ESTA, qual foi o teu percurso académico?
Eu iniciei o curso de Produção Cultural no Instituto Federal do Rio de Janeiro e agora estou cursando Cinema Documental na ESTA.
Já fizeste exposições ou participastes em eventos artísticos?
Sim. Eu vou fazer trinta anos de carreira.
Qual a tua área artística? Podes falar um pouco da tua arte e do que gostas de fazer?
Literatura, música, cinema e teatro. Eu escrevo um livro por semestre. Terminei o meu maior romance este ano. Estou sempre compondo e gravando as minhas músicas. Eu fiz três filmes em Abrantes. Trabalhei como realizador, argumentista, ator e montador. O mais importante deles é o “Por quê Abrantes?” e que tem a cidade como pano de fundo. No Brasil eu ganhei um primeiro lugar na categoria romance do Prémio da Secretaria de Estado e Cultura do Rio de Janeiro com o meu livro “Todo Mundo é Jhow!”. Fiz parte de grupos de teatro, e desde tenra idade estive envolvido com a música. Sempre cantei hip-hop rock e MPB. Lá eu fiz um documentário que hoje é uma referência quando se trata de cultura negra urbana. Ele se chama “Hoje é Dia de Baile”.
O que achas que na nossa região poderia ser feito para ajudar os artistas locais?
Não sei como podemos ser ajudados. Os artistas não são unidos e as outras pessoas também não se importam com eles. Mas isso faz parte da história da Humanidade. Todo mundo pensa que artista quer se encostar. Na verdade, como a vida do artista é mais difícil do que as vidas dos outros profissionais “uteis”, os artistas precisam trabalhar muito mais.
Qual a tua mensagem artística?
A minha mensagem é transcendente, “espiritual”, filosófica. Só me preocupo com questões materiais e políticas por acidente. Trato delas. Mas a minha questão é com a “alma humana”. Só acredito nisso. Problemas da mente e do “espírito”.
Que conselho darias a teus futuros colegas?
Tomem cuidado. Tenham certeza do que vocês querem. Hoje em dia ninguém quer ler nem ouvir nada de artistas desconhecidos e que não tem dinheiro. Não mergulhe de cabeça como eu fiz. Criem a sua arte, mas tenham sempre em mente que precisam sobreviver. Então por exemplo: se for músico, trabalhe num estúdio, e dê aula. A vida é quase impossível para um artista autoral.
Qual a advertência ou sugestão que dás a quem deveria ajudar os artistas e a quem deveria ser entregue (presidente da Câmara, vereador da Cultura, presidente de associação artística, outros…)
Os artistas locais precisam ser valorizados nos eventos que acontecem aqui. Se vem alguém de fora para cantar, alguém daqui precisa se apresentar antes. Se vai passar um filme, antes tem de ser exibida uma curta da escola de Abrantes. Mas o principal é que se deve ter aparelhos públicos, como teatro, e centros culturais. E esses espaços não podem ficar na mão de pessoas ou grupos fechados.
Como podem os leitores ver as tuas obras?
Filmes, entrevistas, clipes e outros estilos musicais: https://www.youtube.com/channel/UCXJDdGNlMmxiG-wlfZp4sWw
Crónicas, poemas, contos e reflexões: http://delanovalentim.blogspot.com
Ensaios sobre cinema e outras artes: https://ipt.academia.edu/DelanoValentim
Apenas hip-hop: https://www.palcomp3.com.br/delanorap
Muito obrigado Delano. Espero vivamente que possas ter alegria em criar em Abrantes e no Médio Tejo.