Os “Leather Days” passaram por Alcanena quase sem serem notados, mas trouxeram atrás de si industriais de peso e um certame emblemático que quer comprovar ser esta a capital nacional da Pele. Num concelho com 60 empresas de curtumes e uma população de 14 mil habitantes, o volume de negócios deste setor já atinge os 280 milhões de euros. “Uma indústria que emprega 2600 pessoas, em freguesias com 5 mil pessoas, dá para perceber a sua dimensão” a nível municipal, referiu ao mediotejo.net o vereador do urbanismo da Câmara de Alcanena, Hugo Santarém.

A “capital da pele” tem sido o slogan em que a Câmara de Alcanena tem apostado para definir hugo santaréma sua identidade enquanto concelho com forte tradição de curtumes e uma história ligada ao setor. Com a indústria a crescer e a procurar novos mercados, surgem eventos como o “Leather Days” ou as Expo Pele, onde várias marcas mostram as aplicações que dão ao produto curtido em Alcanena, como o volante em pele do Porsche Macan. Um dos vários produtos de luxo que procuram na região a sua matéria-prima, assim como várias marcas da alta-costura.

Hugo Santarém reconhece que a indústria das peles em Alcanena ainda está muito associada a questões ambientais e de poluição. Ao abrirem-se as portas das fábricas no “Leather Days” procurou-se combater essa imagem. “A indústria de curtumes do século XXI é incomparavelmente diferente daquela indústria de curtumes que no fundo representa uma ideia nas pessoas “, reconheceu. Mas “as fábricas hoje são sítios, apesar de mal-cheirosos é verdade, mas são fábricas limpas, são fábricas onde existe tecnologia, onde existe know-how, onde é agradável trabalhar”. “ Os curtumes em Alcanena estão na vanguarda dos curtumes mundiais”, salientou, trabalhando “neste momento na vanguarda dos curtumes europeus”.

Apesar de existirem muitosmercados de curtição de pele, o mercado europeu continua a procurar a alta qualidade no luxo.“Há esta tendência de uma parte da indústria, sobretudo a de patamares de excelência, de procurar a Europa”, deixando os mercados de terceiro mundo onde possa posteriormente vir a estar associada a exploração laboral. Este foi aliás um dos temas falados num seminário do “Leather Days”, onde se debateram várias questões do setor. “Temos aqui um produto de excelência e uma indústria de excelência a nível mundial”, sublinhou Hugo Santarém sobre o concelho.

“Por isso em Alcanena estamos a fazer esta obra que vale muitos milhões, precisamente para garantirmos a total sustentabilidade a nível ambiental dos curtumes”, adiantou, referindo-se ao investimento de 10 milhões de euros na remodelação da rede de coletores de saneamento e reabilitação da célula de lamas não estabilizadas. O objetivo é tornar Alcanena “sustentável”.

Até porque a indústria de curtumes “está numa fase de alguma expansão, de criação de emprego, de captação de novos mercados “. O reconhecimento é cada vez mais internacional. “Está numa fase positiva”, termina.

Alcanena tem 13 800 habitantes e 60 empresas de curtumes. 2 600 empregos derivam diretamente das peles. Esta indústria possui atualmente 280 milhões de euros de volume de negócios e 40% de cota exportadora.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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