As pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire na antiga pedreira do Galinha foram classificadas pelo Estado Português há 19 anos, em 22 de Outubro de 1996, através do Decreto Regulamentar nº 12/96.
O texto desse diploma fundamenta a sua importância do seguinte modo:
“a jazida de pegadas de dinossáurios do Cabeço dos Casanhos, vulgarmente conhecida por pedreira do Galinha, situada no limite dos concelhos de Torres Novas e de Ourém, reveste-se de invulgar valor científico, pedagógico e cultural.
Com efeito, os estudos realizados vieram demonstrar que esta jazida é uma das mais importantes do registo mundial, apresentando mais de 1500 pegadas em pelo menos 20 trilhos, dois dos quais os mais longos do mundo, 147 m e 142 m de comprimento.
À notabilidade e raridade do achado associa-se o bom estado de conservação, apesar da sua excepcional antiguidade, tratando-se da jazida mais antiga da Península Ibérica e provavelmente da Europa.
É conhecido o excepcional interesse das populações de qualquer parte do mundo por este tipo de testemunhos da história da terra e da vida.
A sua ocorrência no interior do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros justifica a sua classificação como monumento natural, preservando-se o achado e tornando-o um pólo de interesse das populações, com ênfase na sua interface ambiental.
Foi efectuado inquérito público e ouvidas as autarquias locais interessadas e os departamentos governamentais competentes.”
A classificação deste património singular como Monumento Natural foi o culminar de um processo complexo que se iniciou com a sua descoberta em 04 de Julho de 1994 pelos espeleólogos da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia e da dinâmica de investigação liderada pelo Professor Galopim de Carvalho com apoio de especialistas de renome internacional.
A fundamentação científica que suportou o seu valor galvanizou esforços para a sua classificação e valorização contando com o empenho de cidadãos, de organizações não-governamentais de ambiente, do empresário que detinha a concessão da pedreira e com o envolvimento das autarquias de Ourém e Torres Novas.
A sensibilidade e a atenção para as questões civilizacionais do EngºAntónio Guterres, entretanto empossado 1ºMinistro, em contraponto com a visão do anterior detentor do cargo Prof. Cavaco Silva, permitiram que tal como aconteceu com as gravuras rupestres de Foz Côa este património fosse salvaguardado para a Humanidade.
Entretanto o Monumento Natural foi sujeito a um Programa de Intervenção criando as condições para a divulgação científica e para a educação ambiental abrindo-se aos cidadãos qual laboratório ao ar livre afirmando-se como o nosso “Parque Jurássico”.
Passados estes anos, e perante a insensibilidade política para os valores patrimoniais que nos impõe um retrocesso civilizacional, o Monumento Natural aguarda por melhores dias.
Em jeito de desejo de aniversário deixo votos para que os fundamentos que justificaram a sua classificação sejam respeitados e que a administração pública que tutela esse espaço encontre as melhores condições para devolver dignidade a esses testemunhos jurássicos e os coloque à disposição dos cidadãos!