"Arneiro da Parada", Montalvo, 2017 Foto: Paulo Jorge de Sousa

O coronel Luís Albuquerque, diretor do Museu Militar, deu recentemente uma entrevista ao mediotejo.net. Diz ele que na região do Médio Tejo há um potencial enorme que ainda está por desenvolver do ponto de vista turístico.

E vai mais longe, fala do Castelo de Almourol, dos Templários, de Vila Nova da Barquinha e Tancos, neste caso das “Manobras de Tancos”, ou melhor, do local que foi o palco da “instrução” dos 20 000 portugueses que formaram o primeiro contingente português para a Primeira Guerra Mundial.

E que há ordens para destruir a Enfermaria do Regimento de Engenharia 1, um edifício que fez parte das tais “Manobras de Tancos”. Refere ainda na entrevista que podia ser feito ali um Centro Interpretativo da participação de Portugal na Primeira Guerra, e que já propôs essa ideia mas foi considerada um investimento oneroso.

E escrevo sobre isto porquê? Porque já escrevi em tempos* sobre o sub-aproveitamento turístico do território ali ao lado, em Montalvo, onde decorreu a “Grande Parada” e que ainda hoje é chamado pelos residentes pelo “Arneiro da Parada” e que foi a grande mostra militar resultante dos três meses de treino em Tancos. A Câmara Municipal de Constância, no âmbito do Centenário da data, promoveu algumas iniciativas com as escolas, mas nada ficou, quem lá passa não encontra nada sequer a assinalar o local.

Tudo isto ainda me deixa mais apreensivo porque os autarcas da região estão todos alinhados na defesa de um Aeroporto para Tancos. E fico sem perceber. Será que seremos suficientemente convincentes na luta desse aeroporto em Tancos, dizendo que é uma mais valia para o desenvolvimento turístico, quando ali ao lado temos um potencial único que se está a escapar por entre os dedos?

Não seria melhor trabalhar a sério o turismo na região ao mesmo tempo em que se reivindica o aeroporto? E se a enfermaria vai mesmo abaixo, não será um contrassenso para as bases de sustentação de um turismo promissor que ajude a fundamentar esta obra?

*Paulo Jorge de Sousa é o autor do livro “O Arneiro – 100 anos depois da I Guerra”.

Nasceu no Sardoal em 1964, e é licenciado em Fotografia. Fez o Curso de Fotojornalismo com Luíz Carvalho do jornal “Expresso” (Observatório de Imprensa). É formador de fotografia com Certificado de Aptidão Profissional (registado no IEFP). Faz fotografia de cena desde 1987, através do GETAS - Centro Cultural, do qual também foi dirigente e fotografou praticamente todos os espetáculos. Trabalha na Câmara Municipal de Sardoal desde 1986 e é, atualmente, Técnico Superior, editor fotográfico e fotógrafo do boletim de informação e cultura da autarquia “O Sardoal” e de toda a parte fotográfica do Município. É o fotógrafo oficial do Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal. Em 2009, foi distinguido pela rádio Antena Livre de Abrantes com o galardão “Cultura”, pelo seu percurso fotográfico. Conta com mais de meia centena de distinções nacionais e internacionais. Já participou em dezenas de exposições individuais e coletivas.

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