Eleições legislativas. Analisando o mapa de distribuição de deputados pelos distritos do nosso território, proponho ao leitor um breve exercício: a divisão do território do continente ao meio, de Santarém para baixo e de Santarém para cima.
E o que podemos ver da nossa Capital de Distrito até ao Algarve? Vemos que o Distrito de Lisboa, sozinho, tem mais lugares que toda esta metade do território.
Lisboa tem 48 lugares. Santarém tem 9, Portalegre 2, Évora 3, Setúbal 18, Évora 3, Beja 3 e Faro 9 o que perfaz 47.
Acima de Santarém, os distritos de Porto, Aveiro e Braga têm dois terços de todo o resto dos 8 distritos. 75 contra 48 deputados.
Mas isto ainda se agrava mais quando temos de fazer conta com as “armas secretas” que muitos partidos escolhem e impõem às distritais para cabeças de lista ou para lugares elegíveis. E isso faz diminuir ainda mais a real representatividade destes distritos no Parlamento e nas decisões nacionais.
E isto é democracia? Creio que não, é antes um esquema consentido e usado há anos para manter os “carreiristas partidários” de Lisboa em lugares chave como deputados, para garantir um maior controle sobre as decisões parlamentares.
Quanto ao verdadeiro interesse em desenvolver as regiões e dar condições para impedir este êxodo, isso é uma miragem e uma falácia. Ainda iremos ver implantada a “regionalização”, que não vai ser mais do que umas estruturas regionais a sobreporem-se a tantas outras já existentes e a consumirem mais recursos financeiros ao país, e que servirão apenas para servir de albergue a mais uns quantos cargos que irão ser ocupados pelos “arregimentados” do sistema.
Bem, é dia de eleições e uma forma de que dispomos para tentar inverter estes vícios é exercer o direito ao voto. Eu vou votar. Espero que o leitor também o faça. Se não o fizer poderá deixar de ter moral para criticar as decisões que os outros tomaram, uma vez que se absteve de participar nelas, a favor ou contra.