A informação é um dos bens mais preciosos que temos. Parece uma banalidade mas, se pensarmos bem, é uma ideia profunda, que envolve toda a nossa existência. Sobretudo, porque a forma como nos enquadramos no mundo e a forma como tomamos decisões dependem da informação de que dispomos. Viver deliberadamente sem informação é uma opção. Mas é uma opção que conduz ao isolamento e, no limite, à mediocridade.

Eu quero saber o que se passa à minha volta. Eu quero conhecer as pessoas que fazem mexer a região, o país e o mundo. Eu quero estar informada sobre as decisões que estão a ser tomadas. Eu quero ter consciência das implicações que podem ter essas decisões. Eu quero perceber como se relacionam os diferentes poderes. Eu quero ter instrumentos de leitura e de descodificação da realidade. E quem dá resposta, numa primeira instância, a estas minhas “exigências”? O jornalismo sério e rigoroso, mas também atento e perspicaz, inovador e criativo.

Não é fácil manter uma comunidade informada, resistindo a tentativas de intoxicação. É difícil lançar e manter projetos jornalísticos sem interferências políticas e/ou económicas. Mas é possível trilhar caminhos, com princípios que norteiam as mulheres e os homens que um dia quiseram ser jornalistas respondendo ao apelo do serviço público, que se traduz precisamente na capacidade de manter as comunidades informadas. Obviamente que este é um exercício de serviço público que terá que ter na sua base uma empresa que permita independência financeira. Que não haja ilusões quanto a isso.

Cada vez mais os órgãos de comunicação social encontram estratégias para viabilizar financeiramente conteúdos jornalísticos de qualidade. Estamos num tempo em que, talvez com demasiada frequência, se entrecruzam a informação, o entretenimento e a publicidade. Mas que ninguém sonhe que é possível ter informação credível que não seja paga. Ou se pagam os conteúdos diretamente ou eles têm que ser suportados de outra forma. Porque a informação tem custos. Fazer “copy-paste”, agregar conteúdos e ‘picar’ dicas aqui e ali não é fazer informação. É outra coisa qualquer, barata, e sem credibilidade.

Por tudo isto, louvo a iniciativa deste novo órgão de comunicação social da região, que se apresenta de forma gratuita a todos, num verdadeiro espírito de serviço público. E se a questão do acesso é importante (embora sublinhe que os conteúdos de qualidade, online, tenderão a ser pagos se não houver outra forma de os viabilizar), as abordagens também o são. Dois exemplos claros desta vontade de responder às “exigências” dos cidadãos: cobertura em direto das reuniões das Assembleias Municipais e “O meu compromisso” (cabeças de lista por Santarém explicam, em discurso direto, o que pretendem fazer pela região). Mas o mediotejo.net vai mais longe… e ainda bem!

 

Professora e diretora da licenciatura em Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), do Instituto Politécnico de Tomar, doutorou-se no Centre for Mass Communications Research, da Universidade de Leicester, no Reino Unido. Foi jornalista do jornal Público e da Rádio Press. Gosta sobretudo de viajar, cá dentro e lá fora, para ver o mundo e as suas gentes com diferentes enquadramentos.
Escreve no mediotejo.net à quinta-feira.

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