Treino de uma das equipas de descontaminação. Foto: mediotejo.net

Para os militares do Regimento de Engenharia nº 1, em Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha, desta vez o “inimigo” não são os fogos florestais, nem os rios que transbordam as margens, fenómenos que estão habituados a combater. Das suas fileiras faz parte uma Companhia de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica, mas agora houve necessidade de mobilizar estas dezenas de militares para um outro combate: contra o coronavírus, causador da atual pandemia.

Conforme explicou ao mediotejo.net o Comandante da unidade, Coronel Mendes Martins, a nova realidade pandémica exigiu “um esforço de adaptação e reorientação para a área da defesa biológica”.

As declarações foram prestadas durante a apresentação das equipas de descontaminação que têm atuado sobretudo no norte do país. Os jornalistas tiveram oportunidade de acompanhar uma parte da ação de formação que os militares estão a receber em Tancos para enfrentar este novo desafio, bem como assistir a um simulacro de desinfeção numa camarata, como se de um lar de terceira idade se tratasse.

Ação de formação. Foto: mediotejo.net

O objetivo é “treinar para reagir neste cenário e manter o nível de proficiência dos homens e das mulheres que estão nesta unidade de descontaminação”, ou seja, “desenvolver ação de treino para estarem prontos para atuar”.

Durante o processo de formação, os militares ficam qualificados para lidar com agentes biológicos ou químicos e eventualmente alguns elementos radioativos. O objetivo é “reagir e adotar medidas para neutralizar efeitos, onde se integra a descontaminação”, explica o Comandante.

Tudo isto exige equipamentos completos de proteção individual – os chamados EPIs – que inclui máscaras, fatos, luvas, proteção ocular e cobre-botas. Nada é deixado ao acaso e todos os passos, antes durante e depois da operação, são meticulosamente pensados e executados para evitar eventuais contaminações.

Coube ao Major Milton Pais, Comandante da Unidade de Defesa Química, Biológica e Radiológica, explicar aos jornalistas em que consistia o treino: “exercitar a capacidade de descontaminar um lar que está infetado com uma carga viral elevada”.

Uma primeira equipa faz o reconhecimento do local, a seguir outra faz a remoção de objetos com possam estar contaminados e a última procede à descontaminação com sistemas de atomização que criam uma nuvem de fumo a qual neutraliza o vírus nos locais mais recônditos.

Mas antes de entrarem em ação, os militares de todas as equipas fazem um briefing onde lhes é dada toda a informação sobre a operação, o local e o método de atuação. A seguir são submetidos a exames médicos simples e preparam-se para a ação envergando os EPIs.

Comandante da Unidade de Defesa Química, Major Milton Pais, e Comandante do Regimento de Engenharia nº 1, de Tancos, Coronel Mendes Martins. Foto: mediotejo.net

Quanto ao um produto que é utilizado no processo de descontaminação, o Major Milton Pais revelou que é fabricado nos próprios laboratórios do Exército, ficando cerca de 10 vezes mais barato do que o preço do mercado, garante.

Em Tancos estão prontas para atuar duas unidades de defesa química, biológica e radiológica, cada uma com cerca de 30 elementos.

Até ao momento atuaram em lares de idosos em Resende, Vila Real e Melgaço e numa unidade de cuidados continuados em Torre de Moncorvo. No dia da apresentação à imprensa, dia 17, os militares estavam a preparar-se para mais uma solicitação e que consistirá em montar uma linha de descontaminação das ambulâncias do INEM em apoio ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

A nível nacional, o Exército está a formar 52 equipas de desinfeção, que envolvem 260 militares, para ajudar neste combate à pandemia de covid-19.

A formação está a ser feita não só em Tancos, mas também no Regimento de Engenharia nº 3 em Espinho (Aveiro) e abrange 260 pessoas, de 30 unidades, estabelecimentos e órgãos militares de todo o país.

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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1 Comentário

  1. Peço desculpa, mas em Tancos não há nem nunca houve nenhuma unidade militar, todas as unidades militares que existem e existiram no concelho de Vila Nova da Barquinha, estão ou estiveram localizadas no designado Polígono Militar de Tancos, o qual é parte integrante da freguesia de Praia do Ribatejo, concelho de Vila Nova da Barquinha.

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