Hospitais do CHMT registaram nos primeiros cinco meses do ano 748 internamentos e 179 óbitos de pessoas com covid-19 . Foto arquivo: mediotejo.net

Os números são muito expressivos para os primeiros cinco meses deste ano, em termos comparativos aos anos de 2020 e 2021, primeiros dois anos de pandemia, embora com doença mais ligeira, segundo refere o CHMT, em declarações ao mediotejo.net.

“Se, por um lado, as novas variantes do vírus provocaram doença mais ligeira, por outro, o elevado número de casos e contágios na comunidade, resultou num expressivo total de 748 internamentos, que, a título de comparação, confrontam-se 1.733 internamentos COVID nos primeiros dois anos de pandemia (24 meses, de março de 2020 a março de 2022).

Já o número de internamentos em cuidados intensivos (50), um total de 6.6% nos primeiros cinco meses deste ano, é significativamente inferior, se comparado com uma percentagem acima dos 25% de necessidade de resposta de cuidados intensivos no acumulado dos dois primeiros anos de combate à pandemia.

“Estes são números assistenciais à população do Médio Tejo muito expressivos, que envolveram o empenho incansável e a dedicação dos profissionais de saúde alocados ao combate à pandemia, que não puderam baixar os braços para prestar cuidados de saúde inadiáveis à população dos concelhos do Médio Tejo”, sublinha o centro hospitalar, que agrega as unidades de Abrantes (hospital de referência covid-19), Tomar e Torres Novas.

A nível de género há uma quase paridade de casos entre sexo masculino (386 casos) e sexo feminino (361 casos), havendo a registar apenas um total de 91 casos covid-19 submetidos a internamento no CHMT abaixo dos 60 anos.

“Há a lamentar, neste período de cinco meses, 179 mortes de doentes infetados com covid-19. A mortalidade dos doentes internados no CHMT foi mais expressiva na faixa etária dos 80-89 anos. Todavia, é também nessa mesma faixa etária que foi mais expressiva a taxa de recuperação/ alta”, nota a administração do CHMT, dando conta que Abrantes, Tomar e Torres Novas são os concelhos de residência de mais de metade dos doentes covid-19 internados no CHMT.

Por outro lado, acrescenta, “há a assinalar dois picos assistenciais à COVID-19 nos cinco primeiros meses do ano: entre 7 a 21 de fevereiro a média de doentes internados foi de 50 pacientes, número que voltou a registar-se a semana passada, tendo, no entanto, este número baixado muito significativamente esta semana, para 40 doentes internados”.

Durante a semana passada, o serviço de urgência covid-19 do CHMT teve um máximo semanal de casos acumulados desde o início da pandemia: 181.

“Este número compara, por exemplo, com uma média de 50 casos por semana em janeiro, ou 84 e 78 casos semanais, respetivamente, em março e abril. No entanto, esta semana, esse número já baixou significativamente sendo possível já ter sido atingido o pico desta sexta vaga de covid-19”, conclui o CHMT que deixa ainda alguns conselhos à população.

“Estes números manifestam uma necessidade de continuidade na adoção de medidas de autoproteção contra a covid-19, nomeadamente uma utilização de máscara em espaços fechados com maiores aglomerações de pessoas, mantendo os espaços arejados”.

O CHMT sensibiliza ainda a população para a importância da manutenção de uma boa etiqueta de higienização das mãos – quer para a prevenção do contágio da covid-19 como de outras doenças, e apela a uma “utilização ponderada” dos Serviços de Urgência.

No dia 1 de junho, dia em que foi suspenso o pagamento de todas as taxas moderadoras, excluindo os serviços de urgência, nos quais se manterá o pagamento da taxa moderadora, quando o utente não seja isento ou reencaminhado através da linha SNS24, ou que o seu atendimento resulte em internamento, o CHMT deixou uma “mensagem de sensibilização para uma utilização ponderada dos Serviços de Urgência, acionando quando possível respostas ao nível dos cuidados de saúde primários ou o aconselhamento através da linha SNS24”.

“A utilização responsável das respostas de emergência médica dos serviços de urgência permite acorrer a situações verdadeiramente urgentes com melhores índices de satisfação e rapidez no atendimento”, sublinha o CHMT.

O CHMT disse ainda que “não existem quaisquer alterações aos horários de visita aos doentes submetidos a internamento” nos hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, mantendo-se a permissão de uma visita diária de 30 minutos no período entre as 15h00 e as 18h00.

O ACES Médio Tejo registou 3.693 novos casos infeção na semana de 28 de maio a 3 de junho e 10 óbitos. Foto: Unsplash

Sexta vaga representa 21% dos casos e 6% das mortes desde o início da pandemia

Os quase 990 mil casos confirmados em abril e maio representam 21% das infeções desde o início da pandemia de covid-19, mas as 1.455 mortes nesses dois meses constituem cerca de 6% do total de óbitos.

Nos últimos dois meses, o país entrou na sexta vaga da pandemia, registando, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), um total de 988.307 casos: 288.059 em abril e 700.248 em maio, que significam 21% das 4.717.243 infeções notificadas por Portugal à Organização Mundial da Saúde (OMS) à data de quarta-feira.

Apesar de um em cada cinco casos de infeção pelo SARS-CoV-2 ter sido registado nos últimos 60 dias, os 1.455 óbitos registados nesse período representam apenas cerca de 6% do total de 23.150 mortes comunicadas à OMS desde que, em 16 de março de 2020, se verificou a primeira vítima mortal por covid-19 em Portugal.

O aumento significativo de infeções registado nas últimas semanas deve-se, segundo os especialistas, ao fim da obrigatoriedade generalizada do uso de máscara desde 21 de abril, numa altura em que a incidência estava nos 556 casos por 100 mil habitantes, mas também ao crescimento de uma nova linhagem da variante Ómicron do SARS-CoV-2.

Detetada pela primeira vez entre o final de março e o início de abril, a BA.5, que tem revelado uma maior capacidade de transmissão, ganhando terreno à antecessora BA.2, é esta semana já responsável por cerca de 87% das infeções confirmadas no país, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Henrique Oliveira, matemático do Instituto Superior Técnico (IST) e que integra o grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia dessa instituição, adiantou à Lusa que Portugal está agora com um índice de transmissibilidade (Rt) do vírus de 0,96 e “numa situação de planalto” que se deve manter ao longo desta semana, sendo expectável uma “queda acentuada de casos a partir de meados de junho”.

O especialista em sistemas dinâmicos projetou que, apesar da prevista redução do número de infeções, os “internamentos em enfermaria e cuidados intensivos e os óbitos vão manter-se elevados até 25 de junho”, uma vez que o país deve ter cerca de 200 mil pessoas infetadas atualmente.

O matemático, que é também um dos responsáveis pelo Indicador de Avaliação da Pandemia desenvolvido em colaboração entre o IST e a Ordem dos Médicos, reforçou ainda a previsão de que, devido a isolamentos e baixas médicas por covid-19, esta sexta vaga levou à perda de “30 milhões de horas de trabalho” em Portugal, sendo este valor o “limiar mínimo” para esse indicador.

A sexta onda pandémica agravou-se em maio, com Portugal a registar um total de 700.248 contágios nesse mês, mais 143% do que os 288.059 casos confirmados em abril, um crescimento que foi ainda extensivo aos óbitos.

De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde, morreram por covid-19 em abril 592 pessoas, o que representa uma média de 19,7 óbitos diários, mas em maio foram registados 863, o que fez subir a média para 27,8 mortes por dia no último mês.

Em termos pandémicos, maio de 2022 apresentou uma situação muito mais desfavorável em relação ao mesmo mês de 2021 em termos de infeções diárias pelo SARS-CoV-2 e de mortes específicas por covid-19.

Em maio de 2021, com apenas cerca de dois milhões de pessoas com vacinação completa, registaram-se 12.600 contágios e 51 mortes por covid-19.

Ou seja, na grande maioria dos dias de maio de 2022 registou-se mais casos de infeção em cada dia do que no total do mês de maio de 2021.

Além disso, em maio de 2022 morreram 17 vezes mais pessoas do que no mesmo mês de 2021 por covid-19.

Também a pressão hospitalar foi em maio deste ano maior do que no mês homólogo, com os últimos dados oficiais disponíveis a indicarem 1.842 internados e 99 doentes em cuidados intensivos a 23 de maio de 2022, quando no mesmo dia de 2021 estavam hospitalizadas 220 pessoas, das quais 58 em medicina intensiva.

Apesar de o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus estar a baixar, a DGS e o INSA alertaram, na última sexta-feira, que a epidemia de covid-19 mantém uma incidência muito elevada, com tendência crescente, sendo expectável o aumento da procura de cuidados de saúde e da mortalidade, em especial nos grupos mais vulneráveis.

Perante esta projeção, estas entidades salientam que deve ser mantida a vigilância da situação epidemiológica, recomendando também fortemente o reforço das medidas de proteção individual e a vacinação de reforço.

Em 18 de maio entrou em vigor a contabilização das suspeitas de reinfeção, com a atualização retrospetiva dos casos acumulados.

De acordo com a DGS, os novos casos passam a incluir as primeiras infeções e as reinfeções pelo SARS-CoV-2.

c/LUSA

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *