Lar de São João - sede da Santa Casa da Misericórdia de Constância. Foto: SCM Constância

Os 81 trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Constância ficaram hoje com os salários em dia, depois de um atraso que se verificava desde julho no pagamento do subsídio de férias. A instituição esgotou a sua capacidade de apoio, tendo contactado a Segurança Social no sentido de ser ativado o fundo de socorro, o que agora se efetivou, confirmou ao mediotejo.net o provedor da instituição.

“Foi ativado o fundo de emergência da Segurança Social e o mesmo, no valor de 75 mil euros, chegou à Santa Casa o que permitiu que hoje fosse efetuado, com o pagamentos dos salários, o subsídio de férias (que estava em atraso), assim como regularizar a situação com alguns fornecedores”, disse António Paulo Teixeira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Constância, dando conta de um sentimento de “alívio” por poder “honrar os compromissos”, numa situação de atraso salarial que nunca se havia verificado.

Os motivos do desequilíbrio financeiro que originaram a situação “pontual” de atraso nos pagamentos estão identificados, num problema que António Teixeira afirma ser “transversal” às instituições de solidariedade social, e que deriva do aumento das despesas com a pandemia de covid-19, dos aumentos do salário mínimo nacional e da inflação, sem o correspondente aumento de comparticipação estatal, tendo a instituição “esgotado a sua capacidade de apoio”, ou seja, ficou sem liquidez financeira. “É necessário rever os acordos de cooperação e temos de avançar para uma centralização de serviços, de modo a rentabilizar os recursos”, defendeu, com a expectativa que a situação não se repita.

Santa Casa da Misericórdia de Constância homenageou os seus funcionários pelo “esforço e dedicação” durante a pandemia. Foto arquivo: mediotejo.net

ÁUDIO | ANTÓNIO TEIXEIRA, PROVEDOR SANTA CASA DE CONSTÂNCIA:

“O Estado tem a sua quota parte de responsabilidade e vamos continuar a apelar no sentido da necessidade do reforço dos apoios financeiros que atualmente é dado aos utentes”, disse o Provedor da Santa Casa, tendo feito notar que a instituição também mantém a intenção de investir na construção de um novo lar, a construir de raiz, em Constância, estando a aguardar pela abertura de avisos de candidatura a apoios.

António Teixeira explicou em julho ao nosso jornal que a dificuldade financeira se devia ao facto dos apoios da Segurança Social tardarem em chegar, havendo portanto “ausência de receitas”, necessárias para cobrir as despesas. “O Estado arranjou mecanismos de compensação, fundos de emergência social, apoios extraordinários que estão a demorar. Alertámos no início do ano que iríamos ficar sem liquidez de tesouraria… estamos em julho”, notou António Teixeira.

O responsável fez hoje questão de deixar um sentimento de “satisfação” pelo regularizar dos pagamentos para com os funcionários, e uma palavra de agradecimento, pela compreensão. A situação foi noticiada pelo mediotejo.net a 21 de julho e ficou resolvida esta quarta-feira, cerca de um mês depois.

A Santa Casa, com 81 funcionários, oferece várias respostas sociais tendo 40 utentes no lar de Santa Margarida da Coutada, 20 no lar de Constância, cinco no Centro de Dia e 32 no Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), oferecendo ainda os serviços de cantina social, creche, e de ajudas técnicas.

O presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira (PS), por sua vez, disse hoje que o município esteve sempre “atento” ao processo e “a acompanhar” um caso que “preocupava” pela questão social envolvida. Em declarações ao mediotejo.net, o autarca disse que transmitiu hoje, em reunião de executivo, que o apoio da Segurança Social chegou e que o pagamento foi feito, situação que “foi um alívio para todos”.

O presidente da autarquia disse ainda ao mediotejo.net que a escritura do contrato de compra e venda entre a Câmara Municipal e a Santa Casa da Misericórdia, relativamente ao edifício onde nascerá a Loja do Cidadão, vai ser assinado na sexta-feira, envolvendo uma verba de 250 mil euros para a Santa Casa.

“A escritura definitiva do imóvel vai ser assinada na sexta-feira, com a autarquia 2a recuperar um edifício devoluto” para instalar a Loja do Cidadão e a Santa Casa “a receber um balão de oxigénio” (financeiro), com a Câmara a pagar “27 mil euros no dia da escritura e a assegurar o pagamento do remanescente em prestações mensais de 8.250 euros”, até perfazer o valor total de 250 mil euros, disse o autarca.

Sérgio Oliveira, presidente CM Constância. Foto: Ricardo Escada

António Teixeira reiterou que, com o atraso do pagamento dos mecanismos de compensação estatais, “a capacidade de apoio esgota-se”, particularmente quando há despesas a dobrar, sendo o caso, quer aquando do pagamento dos subsídios de férias, quer de Natal.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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