Atual ponte da Praia sobre o Tejo une Constância e Vila Nova da Barquinha com o trânsito a fazer de forma condicionada e de modo alternado. Foto: DR

A Comissão Coordenadora Concelhia da CDU de Constância defende que uma nova travessia sobre o Tejo “só faz sentido” se ficar localizada no concelho. Em comunicado, a CDU refere que caso tal não aconteça é porque se está perante “meros interesses partidários” e não na presença de “ações que respondam às necessidades efetivas das populações”.

A posição da Comissão Coordenadora da CDU de Constância é transmitida em comunicado enviado à redação do mediotejo.net. No documento, a CDU defende que “tendo em conta todo o historial, o isolamento da freguesia de Santa Margarida da Coutada, a existência do Campo Militar, a Caima, o Eco Parque do Relvão e ainda a Mitsubishi (…) uma nova travessia só faz sentido se ficar situada entre Santa Margarida e a Quinta do Carvalhal”.

“Sendo que a melhor opção é mesmo aquela que o estudo de impacte ambiental localiza entre a rotunda da A23 em Constância e a saída de Constância Sul”, acrescenta a nota.

A CDU de Constância refere que caso assim não aconteça “estamos perante meros interesses partidários, onde o Partido Socialista tem toda a responsabilidade”. Mais, é defendido que se a travessia não vier a ser concretizada num dos pontos referidos é porque não se está na presença de ações que “respondam às necessidades efetivas das nossas populações e do tecido económico da região”.

Recorde-se que o Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, apresentado pelo Governo na passada semana, prevê a construção de uma ligação rodoviária da A23 ao IC9 e IC13, incluindo uma nova ponte sobre Rio Tejo, a ligar as duas margens algures entre Constância e Abrantes. O documento, a que o mediotejo.net teve acesso, não especifica se a localização na margem sul será em Tramagal (Abrantes), como os estudos prévios realizados preconizam, ou se poderá ser em Constância, na zona de Santa Margarida, como defende o autarca daquele município, que há muito reivindica uma nova passagem sobre o rio. A localização exata de uma nova ponte, a ser construída, ainda não é consensual entre os autarcas.

Em comunicado, a CDU de Constância refere que nesta situação começa a “ficar cada vez mais claro o isolamento, perante os seus pares, do presidente de Câmara socialista de Constância”, dando como exemplo uma publicação no mediotejo.net de Fernando Freire, autarca de Vila Nova da Barquinha, na qual refere a necessidade uma futura ponte da Chamusca, “sem uma palavra sequer para o problema da ponte de Constância (e também da Barquinha)”.

A CDU refere também as declarações do presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, sobre a definição da localização da nova ponte entre Abrançalha e Tramagal.

A Comissão Coordenadora Concelhia da CDU de Constância, em comunicado, relembra ainda a história dos últimos 30 anos da ponte que liga Constância Sul à Praia do Ribatejo, lembrando a importância dessa travessia que foi adaptada ao tráfego rodoviário em 1988 “sem qualquer limitação de carga”.

Ponte Constância – Praia do Ribatejo. DR

“A importância desta travessia evidenciada ao longo dos anos, em que em tempos de grandes cheias esta era a única travessia entre Santarém e Abrantes, levaram o Governo a assumir todos os encargos, não só da ponte como dos acessos”, recorda a CDU que lembra também que poucos anos após a sua abertura foi constatada a necessidade de construção de uma nova travessia que substituísse a existente devido ao “elevado tráfego e falta de condições de circulação e segurança”.

Referindo momentos como um despacho lavrado em 1998 pelo então secretário de Estado das Obras Públicas, Maranha das Neves, no governo de António Guterres, que assumia “a necessidade de uma nova ponte nas proximidades de Constância, o que deu origem à execução de estudo para tal fim e onde se incluía uma variante da EN 118 a Constância Sul” ou como o processo de licenciamento dos CIRVER (centros de tratamento de resíduos perigosos) na Carregueira, em que “a licença ambiental foi emitida na condição do trajecto ser efectuado através da nova ponte em Constância para evitar a circulação através de núcleos urbanos”, a CDU recorda ainda uma visita a Constância em agosto de 2004 por parte do ministro das obras públicas, António Mexia, na qual era anunciado que no ano seguinte haveria “uma solução para a travessia do Tejo”, tendo sido iniciado um estudo de impacte ambiental “que praticamente ficou concluído”.

Na nota, a CDU Constância recorda ainda momentos em que a travessia no concelho de Constância foi afirmada por governantes. Foi o caso da aprovação em julho de 2006 pela Junta da Comunidade Urbana do Médio Tejo (hoje Comunidade Intermunicipal) de uma construção de “uma nova travessia que ligue a EN 118 à A23 na zona de Constância/Vila Nova da Barquinha, integrada na variante da EN 118 – Constância Sul / Gavião”.

Outro dos momentos, recorda a CDU, foi em 2017 quando a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, declarou em Constância que “as margens do rio têm que ser unidas rapidamente” e que “é uma justa reivindicação que merece ser analisada pelo governo”.

O exemplo mais recente referido no comunicado da CDU é a informação dada em 2019 elo então ministro Pedro Marques, em Assembleia da República, de que “a construção da nova ponte será feita nas proximidades do concelho de Constância”.

Ana Rita Cristóvão

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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1 Comentário

  1. Quando o IC 3, agora A13, for concluido entre Almeirim e a Atalaia (VN Barquinha) será feita a ligação com uma ponte naquela zona. É tudo uma questão de tempo. Ou então se assim não for, talvez os malabarismos politicos possam e queiram desprezar o chamado Plano RoRodociário Nacional.

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