Foto: Joana Rita Santos/mediotejo.net

Na região são muitos os encontros e passeios de motorizadas, ciclomotores, bicicletas antigas e até protótipos inéditos em corridas de carrinhos de rolamentos. Mas muito provavelmente nenhum se insere em temáticas tão arrojadas como esta que a aldeia de Pereira, em Santa Margarida, concelho de Constância, promove há nove edições. Falar de Motorural é falar de muita folia, convívio e aparato, onde não faltam adereços a nenhum dos veículos ou motas participantes, ou até mesmo aos capacetes. A ousadia desta iniciativa é já marca registada da aldeia da Pereira, que não mais tem que 35 habitantes, mas que não hesita no momento de organizar a festa que atrai centenas de participantes.

A noite de 31 de agosto para 1 de setembro foi de ‘réveillon’, com toda a gente a festejar a chegada de setembro e antecipar a passagem de ano de 2020. No domingo, primeiro do mês, bem cedo já se sentiam movimentações na pequena e recatada aldeia da Pereira.

Já chegavam motas cerca das 9 horas ao recinto, onde haveria o pequeno-almoço e briefing com os participantes no desfile Motorural. O recorde de participantes inscritos foi batido, com mais de 250 pessoas inscritas.

Tratores, carrinhas e jipes devidamente apetrechados com elementos festivos alusivos à passagem de ano faziam jus à temática da Festa Rural, não faltando o belo cálice onde o champanhe facilmente se substituiu por cerveja fresca.

Dos oito aos oitenta, esta festa não tem idade para ser vivida. Da organização e colaboração durante os três dias de Festa Rural, até à participação que leva os membros da associação “Os Quatro Cantos do Cisne” a encabeçar o desfile, estima-se que sejam mais de 40 pessoas envolvidas.

Nuno Alfaiate, presidente da associação, falou ao mediotejo.net durante a bucha dos resistentes, que aconteceu no Parque Ambiental de Santa Margarida. Visivelmente agradado com a afluência, contou-nos que desde cedo o evento Motorural – “o culminar da festa” – cativou participantes de várias pontos do país.

“De ano para ano tem aumentado a aderência a esta iniciativa. O ano passado tivemos cerca de 235 inscrições, este ano aumentámos em 40 pessoas. O que para nós é momento de grande felicidade e de contentamento, pois é o reconhecer do esforço do que tem sido feito todos estes anos por esta gente da aldeia da Pereira”, referiu o responsável.

A aldeia da Pereira, “um lugar pequenino” com cerca de 35 habitantes, vive estes dias intensamente e pratica a arte de bem receber, com boa bebida, boa comida típica e muita animação musical e jogos tradicionais. Ali acolhe quem quiser acampar junto do espaço da associação, onde se podem observar alguns animais, caso de um pónei que vibrava, correndo tresloucado dentro da cerca, à passagem dos veículos e ao tocar de sirenes.

Os participantes vêm da região, mas este ano chegaram participantes de Leiria, Caldas da Rainha e Lisboa. “É importante saber isto, porque é sinal que está a chegar a vários pontos do país a nossa iniciativa”, salientou Nuno Alfaiate.

Entrevista com Nuno Alfaiate, presidente da associação “Os Quatro Cantos do Cisne”, responsável pela organização da Festa Rural da aldeia de Pereira. Este ano com a temática “Réveillon de Verão” e mais de duzentos participantes no desfile Motorural, este domingo, dia 1 de setembro.

Estas festas temáticas começaram há alguns anos, com os antecessores dos atuais corpos sociais a elevarem o nome da festa já neste conceito, e como tal, assim continuou.

“Já tivemos a Festa ao Contrário, onde os homens vestiam de cor-de-rosa e com a roupa do avesso, e as mulheres vestiam de azul. Também já tivemos a Pior Festa de Sempre, onde tudo era ruim, mas de brincadeira. Já tivemos também a Festa do Piropo, porque também gostamos de agitar as mentes e aquilo que às vezes vai surgindo na nossa sociedade e que merecem alguma crítica. O ano passado surgiu que o fim-de-semana da Festa Rural calharia a 24, 25 e 26 de agosto, e um elemento da direção sugeriu que se fizesse com o tema do Natal. E foi uma ideia fantástica, sendo que a seguir ao Natal… tem que vir a Passagem de Ano e foi o que fizemos este ano”, contextualizou.

Quanto ao dress code, fica ao critério de cada um, sendo que o tema desafia à partida quem não perde uma edição. Chapéus cheios de brilhos, balões, serpentinas, chocalhos, flutes, entre outros elementos que indicavam a chegada do novo ano à moda da Pereira.

No recinto, não faltou a máquina da neve artificial, a garrafa gigante de champanhe – muito realista – recém-aberta no espaço das refeições e até a tradicional fogueira da passagem de ano na aldeia foi representada, em homenagem àquela que costuma durar desde a véspera do novo ano até ao dia de Reis. E até os dotes de decoração, carpintaria e outras artes dos locais se fizeram notar em pequenos detalhes espalhados pelo recinto.

Não faltou música popular portuguesa, porco no espeto e cerveja fresca, alimentando o convívio ao longo do dia. O calor apertava, mas estavam reunidas as condições para mais  um final feliz a arrecadar na coleção das Festas Rurais, onde até quem saiu esfolado de uma queda de motorizada ou a quem a bebida não caiu bem na noite anterior não deu parte fraca e ali curtiu o evento com tudo a que teve direito.

A tradição voltou a cumprir-se na Pereira, já a pensar no tema do ano que vem, que provavelmente vai surgir em breve. Até lá, e com votos de um bom ano, fica o registo de uma iniciativa de sucesso, que acontece numa pequena aldeia e que agita toda a freguesia que anseia por estes dias pela passagem do desfile.

 

E porque as imagens falam por si… tem mesmo de espreitar esta fotogaleria:

 

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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