Em 2017, a autarquia procedeu à substituição do emissário de esgotos na vila de Constância, numa intervenção de cerca de 50 mil euros. Perante a continuidade da existência de problemas, pretende agora aplicar uma "solução definitiva" através da perfuração do leito do rio. Foto de arquivo: mediotejo.net

A empreitada para solucionar os problemas do emissário que leva os esgotos da vila de Constância para a ETARI do Caima, e que tem gerado escorrências para o Tejo, vai arrancar no dia 1 de agosto, disse o presidente da Câmara ao mediotejo.net. A obra, que tem um prazo de execução de 40 dias, vai passar pela perfuração do leito do rio e representa um investimento na ordem dos 185 mil euros. Em comunicado, a CDU lembrou que a inauguração da praia fluvial no Zêzere vai decorrer no domingo, dia 10, tendo defendido que “a atitude mais responsável seria aguardar pela conclusão da obra da conduta de esgotos de ligação à Caima”.

“Sim, é um problema que subsiste, recordar que o atual emissário levou uma grande reparação, foi mesmo substituição da estacaria e do tubo no mandato de 2013 a 2017, um investimento municipal à volta dos 50 mil euros. Entretanto, comigo e com a atual maioria, já foi reparado pelo menos duas ou três vezes, porque qualquer subida ou descida repentina do caudal do rio Tejo é um risco para a solução que ali está e, portanto, foi estudada, foi levantada uma solução definitiva que passa pela perfuração do leito do rio para a passagem do tubo e o contrato de empreitada está assinado e temos a garantia da empresa, por escrito, que a obra terá início no próximo dia 1 de agosto”, afirmou Sérgio Oliveira (PS), presidente da autarquia.

ÁUDIO | SÉRGIO OLIVEIRA, PRESIDENTE CM CONSTÂNCIA:

“Estamos a falar de um investimento de 184 mil euros e com um prazo de execução entre 40 dias, portanto o que gostaria de dizer é que, efetivamente, a solução que lá está agora não é a ideal, não é a mais correta, reconhecemos isso, mas que é uma situação temporária e que daqui por dois meses contamos que esteja completamente resolvida e sanada”, disse o autarca.

A adjudicação da obra foi aprovada por unanimidade na reunião de Câmara Municipal de Constância realizada no pretérito dia 30 de março, e representará um investimento de 184 mil euros. Recorde-se que em janeiro a autarquia constanciense aceitou um donativo no valor de 84 mil euros por parte da Celulose do Caima para o apoio no financiamento da referida empreitada (que vai também ser financiada pela autarquia e pela administração central, no âmbito do Fundo de Emergência Municipal).

CDU alerta para a proximidade da descarga dos esgotos da vila da nova praia fluvial

Perante esta situação e a anunciada inauguração da praia fluvial de Constância, no próximo dia 10 de julho, a CDU – Coligação Democrática Unitária , em comunicado, alerta que a situação que se verifica com os esgotos da vila pode originar uma possível contaminação das águas balneares.

Embora reconheça que a construção da praia fluvial do Zêzere, em Constância, “não deixa de ser uma boa notícia”, e admitindo que “o município terá as análises das águas em conformidade com a legislação”, alerta para a situação do baixo caudal do Zêzere “(o que tem acontecido permanentemente durante este verão) e sendo o leito do Tejo alto a sua corrente obriga ao refluxo para o Zêzere arrastando os esgotos da vila, contaminando assim, as águas balneares”.

Por isso, para a CDU, a decisão tomada pelo executivo municipal [de inaugurar a praia fluvial no dia 10 de julho] “não deixa de causar perplexidade, tendo em conta o estado das obras na rua que lhe dá acesso e particularmente os esgotos a correr a céu aberto na confluência dos rios”, lê-se no mesmo comunicado.

A CDU questiona até se “não seria uma atitude mais responsável aguardar pela conclusão da obra da conduta de esgotos de ligação à Caima de forma a não colocar em causa a saúde dos utilizadores da praia fluvial?”.

Descarga dos esgotos da vila de Constância são encaminhados por um emissário no leito do Tejo. Créditos: CDU

Lamenta ainda que “a atual maioria camarária não tenha lutado pelo cumprimento dos compromissos assumidos e assinados por um governo também socialista”. E recorda que “longe vão os tempos das promessas do Eng.º Sócrates sobre o açude e praia fluvial no Zêzere onde o Estado português gastou perto de 200.000 contos (1 milhão de euros) numa obra orçamentada em 530.000 contos (2.650.000 euros) e que por vontade expressa deste senhor não foi avante”.

Esgotos da vila tratados na ETARI do Caima através de um emissão subterrâneo

Há cerca de duas décadas que os esgotos domésticos da vila de Constância são tratados na ETARI (Estação de Tratamento de Aguas Residuais Industriais) do Caima, na margem sul do Tejo, com os afluentes a serem levados da margem norte através de um emissário (tubo) assente no leito do rio.

“A solução implementada na altura foi através de estacaria, que se manteve durante algum tempo, mas nos últimos anos tem vindo a dar problemas”, explicou na ocasião ao mediotejo.net o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira. Tais problemas levaram em 2017 à substituição da tubagem, justificada pelo “elevado estado de fadiga” da conduta que não oferecia as condições ambientais e de segurança necessárias para o seu normal funcionamento.

Feita a intervenção, o problema não ficou solucionado e, em 2020, um munícipe expôs em sessão de Assembleia Municipal um novo episódio de rutura na respetiva tubagem, em que se viam esgotos a correr “a céu aberto”. Na altura, o presidente da autarquia admitia já estar a ser estudada uma “solução definitiva” para o emissário, avançando com a hipótese de perfuração do leito do rio.

“É uma solução estrutural e que, à partida, no futuro não trará problemas como tem trazido agora”, admite o socialista Sérgio Oliveira. As previsões apontadas são as de que a obra esteja concluída até setembro e os problemas definitivamente resolvidos.

*C/ Paula Mourato e Ana Rita Cristovão

Leia também: Constância | Câmara vai perfurar leito do Tejo para solucionar problema do emissário de esgotos da vila

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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