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O executivo municipal da Câmara de Constância aprovou na reunião pública do dia 30 de julho lançar o segundo procedimento para apresentação de pedidos de instalação e exploração de centrais de biomassa no concelho de Constância. Tal surge com contrapartidas atenuadas após um primeiro concurso que ficou deserto de propostas. A autarquia admite que, sendo instalada uma central de biomassa no concelho, deverá sê-lo, por exemplo, na zona industrial de Montalvo.

Em declarações ao mediotejo.net, o autarca constanciense Sérgio Oliveira (PS) lembrou que este procedimento advém de legislação lançada pelo Governo português, que “permite aos municípios, por eles próprios, desencadearem a instalação de centrais de biomassa nos seus territórios e terem um conjunto de benefícios a nível de fundos comunitários para esse efeito”.

Ainda assim, há também a possibilidade de os municípios não serem diretamente responsáveis pelo processo, podendo lançar concursos no sentido de transferir esse direito do município para entidades privadas. “É isso que o Município de Constância está a fazer, transferindo o direito atribuído à autarquia para uma entidade privada que queira concorrer e instalar uma central de biomassa no concelho”, explicou.

O primeiro procedimento, lançado em junho, ficou deserto, tendo assumido o autarca Sérgio Oliveira que era “muito exigente” devido às contrapartidas da Câmara Municipal para cedência do direito de instalação da central.

“Inicialmente estava previsto um prazo obrigacional para a entidade privada de 25 anos, que desceu para 15 anos, porque as entidades que concorrem a este tipo de procedimentos recebem benefícios do Estado por um período de apenas 15 anos”, afirmou Sérgio Oliveira.

Por outro lado, o edil considera que “este é um nicho que não tem atualmente uma rentabilidade muito grande, e a renda mínima estabelecida era de 1,5% sobre o valor da faturação da entidade. Isto nas contas de uma entidade que se quisesse instalar em Constância, iria pesar de forma considerável. O que fizemos foi retirar esta contrapartida de obrigação e colocar como critério de adjudicação, mantendo para além da renda mensal, a obrigação de apresentação do montante para a construção de um equipamento cultural, recreativo ou desportivo no concelho”.

Com este atenuar a autarquia está expetante em conseguir alguém que venha a concorrer, e Sérgio Oliveira assumiu que a empresa Caima demonstrou interesse por escrito em concorrer.

“Aquilo que fizemos, com o segundo procedimento, foi atenuar essas condições de forma a ver se alguém concorre para que esteja em condições de ser adjudicada esta transferência do direito”, concluiu.

O presidente da CM Constância indicou que, a ser instalada uma central de biomassa, teria mais enquadramento na zona industrial de Montalvo.

Por seu turno, durante a sessão de executivo camarário, a vereadora Júlia Amorim (CDU), disse ter estudado o processo, que lhe suscitou “muitas dúvidas em termos estratégicos no concelho”.

A vereadora da oposição receia que “a instalação e exploração de mais uma central, sem saber em que local será instalada, possa reduzir a margem de negociação ou reivindicação das acessibilidades entre as duas margens do rio Tejo e as acessibilidades à Caima”.

Demonstrou ainda “preocupação quanto à viabilidade económica” dos projetos, uma vez que “algumas das centrais de biomassa do país se encontram hoje com dificuldade em conseguir matéria florestal devido aos incêndios que devastaram o país desde 2017”.

Também o impacto ambiental deixa receio à vereadora da CDU, tendo optado pela abstenção na votação do ponto, que foi aprovado por maioria.

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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